Seguro para suas Ações: A Call é uma Opção!!!
Há alguns dias descrevemos no blog as características de um produto recentemente lançado por uma corretora local, apelidado de “eXPerimenta”. Seu objetivo era o de prover proteção para a queda no preço de determinada ação, por meio da disponibilização de um seguro gratuito para quem participasse do programa. Essa estrutura é chamada de “seguro portfolio” e compreende a compra simultânea de uma ação à vista e de uma opção de […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2011 às 11h31.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 10h24.
Há alguns dias descrevemos no blog as características de um produto recentemente lançado por uma corretora local, apelidado de “eXPerimenta”. Seu objetivo era o de prover proteção para a queda no preço de determinada ação, por meio da disponibilização de um seguro gratuito para quem participasse do programa.
Essa estrutura é chamada de “seguro portfolio” e compreende a compra simultânea de uma ação à vista e de uma opção de venda (put) sobre a mesma ação. Resumo da ópera: o investidor fica protegido contra quedas de preço da ação até a data de vencimento da opção – que, no caso, foi determinada para 18/04/11.
Dessa forma, o produto sintetiza uma operação que todo investidor sonha: comprar uma ação e se beneficiar da alta de seu preço e, ao mesmo tempo, não perder dinheiro em caso de queda do preço da ação. Normalmente esse tipo de operação envolve custo – o valor do prêmio da opção comprada. Todavia, no caso do eXPerimenta, esse custo foi bancado pela própria corretora – o que tornou o produto “irresistível” aos olhos do investidor.
Apesar dessa enorme vantagem, havia algumas limitações: o investidor não poderia ter operado em bolsa anteriormente, o valor investido nas ações não podia exceder determinado valor, o seguro cobria apenas algumas ações (Petrobras, Vale, Ambev e Itaú), o prazo de validade do seguro era curto (18/04/11) e, por fim, o encerramento do programa em 04/03/11, não possibilitava perda de tempo.
Há uma antiga piada que termina assim: “quem aproveitou, aproveitou; quem não aproveitou não aproveita nunca mais!”. Verdade? Em parte, porque a corretora pode renovar a promoção a qualquer momento – o que seria ótimo para quem não a aproveitou de início.
Além disso, existe uma estratégia com resultado idêntico disponível para qualquer investidor em ações; porém ao custo do pagamento de um prêmio de seguro. Exatamente. A diferença entre as duas alternativas, conforme já ressaltado, é de que a corretora que lançou o eXPerimenta bancava o custo do prêmio do seguro para o investidor. E nessa alternativa agora descrita, o investidor deverá bancar por si mesmo o custo do seguro.
Infelizmente, as ações que podem ser objeto dessa estratégia também são limitadas a umas poucas – pelo menos por ora: Petrobras, Vale, BM&FBovespa e OGX Petróleo. Por outro lado, a estratégia não tem seu valor de investimento limitado, pode ser realizada por meio de qualquer corretora e deve estar disponível para o investidor na maior parte do tempo. Ah! Quase esqueci; não envolve o desencaixe do valor total do investimento que seria necessário para a compra da ação à vista; apenas uma fração de seu valor – equivalente a 2 ou 3% dependendo da situação.
Aqueles mais familiarizados com o mercado de bolsa já mataram a charada: trata-se da compra de opções de compra (call) sobre as ações mencionadas acima. A simples aquisição de uma opção de compra sobre alguma dessas ações replica o resultado previsto, para a data de vencimento das opções, que seria obtido por meio da estrutura disponibilizada dentro do programa eXPerimenta.
A equivalência entre as duas estratégias também pode ser demonstrada teoricamente pela comparação entre o valor de um portfolio composto por uma opção de compra (call) e determinada quantia em dinheiro – equivalente ao valor presente (VP) do preço de exercício da opção – e um portfolio composto por uma ação à vista (ativo-objeto) e uma opção de venda (put); o próprio seguro portfolio. A idéia é mostrar que esses dois portfolios chegam à data de vencimento das opções valendo a mesma coisa; ou seja, é indiferente para o investidor possuir qualquer um deles.
Para chegar a tal resultado parte-se de uma fórmula (chamada de put-call parity pelos especialistas), onde se aponta que o valor de uma opção de venda (p) é igual à diferença existente entre o valor da ação (S) no momento da compra e o valor presente dos recursos necessários para exercer a opção (seja de compra ou de venda) ao preço de exercício predeterminado (Ex), subtraída do valor da uma opção de compra sobre a mesma ação (c) – conforme pode ser visto pela figura a seguir.
onde:
p = opção de venda
c = opção de compra
S = Preço do Ativo Objeto (ação) em T (na data da operação)
S* = Preço do Ativo Objeto (ação) no Vencimento da Opção
Ex = Preço de Exercício da opção de compra e da opção de venda
VP = Valor Presente remunerado à taxa de juro livre de risco (Taxa Selic, por exemplo)
VP(Ex) = Valor Presente do Preço de Exercício da opção de compra e da opção de venda
Ao observar as três colunas da direita da tabela acima – encabeçadas pelo título “Valor $” -, percebe-se ao analisar a sua última linha que os dois portfolios comparados (A e B) possuem, seja qual for o preço para a ação no vencimento (S*) – em relação ao preço de exercício da opção (Ex) -, o mesmo valor projetado. Isso mostra que para o investidor é indiferente investir em uma estratégia ou em outra, pois obterá, na data do vencimento, o mesmo resultado financeiro em qualquer uma delas.
Vale observar que o investidor que preferir operar via compra de calls, deve se lembrar de que a quantidade de opções a ser comprada é igual à quantidade de ações que pretendia comprar para a elaboração da estratégia alternativa – o seguro de portfolio. Caso compre uma quantidade diferente, a equivalência entre as duas estratégias deixará de existir; e a sua operação terá se tornado apenas uma estratégia especulativa e não uma estratégia de proteção ou de seguro contra quedas no preço da ação.
Para confirmar a equivalência existente entre as duas alternativas note na figura ao lado, que expressa uma operação de seguro portfolio, como o gráfico do resultado da estratégia replica o resultado obtido pela compra de uma call – linha pontilhada do gráfico de resultado da estratégia.
http://www.twitter.com/investcerto
Há alguns dias descrevemos no blog as características de um produto recentemente lançado por uma corretora local, apelidado de “eXPerimenta”. Seu objetivo era o de prover proteção para a queda no preço de determinada ação, por meio da disponibilização de um seguro gratuito para quem participasse do programa.
Essa estrutura é chamada de “seguro portfolio” e compreende a compra simultânea de uma ação à vista e de uma opção de venda (put) sobre a mesma ação. Resumo da ópera: o investidor fica protegido contra quedas de preço da ação até a data de vencimento da opção – que, no caso, foi determinada para 18/04/11.
Dessa forma, o produto sintetiza uma operação que todo investidor sonha: comprar uma ação e se beneficiar da alta de seu preço e, ao mesmo tempo, não perder dinheiro em caso de queda do preço da ação. Normalmente esse tipo de operação envolve custo – o valor do prêmio da opção comprada. Todavia, no caso do eXPerimenta, esse custo foi bancado pela própria corretora – o que tornou o produto “irresistível” aos olhos do investidor.
Apesar dessa enorme vantagem, havia algumas limitações: o investidor não poderia ter operado em bolsa anteriormente, o valor investido nas ações não podia exceder determinado valor, o seguro cobria apenas algumas ações (Petrobras, Vale, Ambev e Itaú), o prazo de validade do seguro era curto (18/04/11) e, por fim, o encerramento do programa em 04/03/11, não possibilitava perda de tempo.
Há uma antiga piada que termina assim: “quem aproveitou, aproveitou; quem não aproveitou não aproveita nunca mais!”. Verdade? Em parte, porque a corretora pode renovar a promoção a qualquer momento – o que seria ótimo para quem não a aproveitou de início.
Além disso, existe uma estratégia com resultado idêntico disponível para qualquer investidor em ações; porém ao custo do pagamento de um prêmio de seguro. Exatamente. A diferença entre as duas alternativas, conforme já ressaltado, é de que a corretora que lançou o eXPerimenta bancava o custo do prêmio do seguro para o investidor. E nessa alternativa agora descrita, o investidor deverá bancar por si mesmo o custo do seguro.
Infelizmente, as ações que podem ser objeto dessa estratégia também são limitadas a umas poucas – pelo menos por ora: Petrobras, Vale, BM&FBovespa e OGX Petróleo. Por outro lado, a estratégia não tem seu valor de investimento limitado, pode ser realizada por meio de qualquer corretora e deve estar disponível para o investidor na maior parte do tempo. Ah! Quase esqueci; não envolve o desencaixe do valor total do investimento que seria necessário para a compra da ação à vista; apenas uma fração de seu valor – equivalente a 2 ou 3% dependendo da situação.
Aqueles mais familiarizados com o mercado de bolsa já mataram a charada: trata-se da compra de opções de compra (call) sobre as ações mencionadas acima. A simples aquisição de uma opção de compra sobre alguma dessas ações replica o resultado previsto, para a data de vencimento das opções, que seria obtido por meio da estrutura disponibilizada dentro do programa eXPerimenta.
A equivalência entre as duas estratégias também pode ser demonstrada teoricamente pela comparação entre o valor de um portfolio composto por uma opção de compra (call) e determinada quantia em dinheiro – equivalente ao valor presente (VP) do preço de exercício da opção – e um portfolio composto por uma ação à vista (ativo-objeto) e uma opção de venda (put); o próprio seguro portfolio. A idéia é mostrar que esses dois portfolios chegam à data de vencimento das opções valendo a mesma coisa; ou seja, é indiferente para o investidor possuir qualquer um deles.
Para chegar a tal resultado parte-se de uma fórmula (chamada de put-call parity pelos especialistas), onde se aponta que o valor de uma opção de venda (p) é igual à diferença existente entre o valor da ação (S) no momento da compra e o valor presente dos recursos necessários para exercer a opção (seja de compra ou de venda) ao preço de exercício predeterminado (Ex), subtraída do valor da uma opção de compra sobre a mesma ação (c) – conforme pode ser visto pela figura a seguir.
onde:
p = opção de venda
c = opção de compra
S = Preço do Ativo Objeto (ação) em T (na data da operação)
S* = Preço do Ativo Objeto (ação) no Vencimento da Opção
Ex = Preço de Exercício da opção de compra e da opção de venda
VP = Valor Presente remunerado à taxa de juro livre de risco (Taxa Selic, por exemplo)
VP(Ex) = Valor Presente do Preço de Exercício da opção de compra e da opção de venda
Ao observar as três colunas da direita da tabela acima – encabeçadas pelo título “Valor $” -, percebe-se ao analisar a sua última linha que os dois portfolios comparados (A e B) possuem, seja qual for o preço para a ação no vencimento (S*) – em relação ao preço de exercício da opção (Ex) -, o mesmo valor projetado. Isso mostra que para o investidor é indiferente investir em uma estratégia ou em outra, pois obterá, na data do vencimento, o mesmo resultado financeiro em qualquer uma delas.
Vale observar que o investidor que preferir operar via compra de calls, deve se lembrar de que a quantidade de opções a ser comprada é igual à quantidade de ações que pretendia comprar para a elaboração da estratégia alternativa – o seguro de portfolio. Caso compre uma quantidade diferente, a equivalência entre as duas estratégias deixará de existir; e a sua operação terá se tornado apenas uma estratégia especulativa e não uma estratégia de proteção ou de seguro contra quedas no preço da ação.
Para confirmar a equivalência existente entre as duas alternativas note na figura ao lado, que expressa uma operação de seguro portfolio, como o gráfico do resultado da estratégia replica o resultado obtido pela compra de uma call – linha pontilhada do gráfico de resultado da estratégia.