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Lupatech & uma tragédia anunciada

A Lupatech SA fez uma oferta pública de venda de ações (LUPA3) no Novo Mercado da BM&FBovespa, em maio de 2006, ao preço de R$ 22,00/ação ordinária; perfazendo uma operação de cerca de R$ 430 milhões em venda de ações. Cerca de cinco anos e meio após esse lançamento, o preço das ações da Lupatech (LUPA3) fechou a R$ 3,45/ação ordinária em 24/11/2011. A brutal queda de preço (-84,3%) aconteceu […] Leia mais

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Investidor em Ação

Publicado em 25 de novembro de 2011 às, 11h21.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h43.

A Lupatech SA fez uma oferta pública de venda de ações (LUPA3) no Novo Mercado da BM&FBovespa, em maio de 2006, ao preço de R$ 22,00/ação ordinária; perfazendo uma operação de cerca de R$ 430 milhões em venda de ações.

ações da Lupatech

Cerca de cinco anos e meio após esse lançamento, o preço das ações da Lupatech (LUPA3) fechou a R$ 3,45/ação ordinária em 24/11/2011. A brutal queda de preço (-84,3%) aconteceu devido à grave situação de liquidez e alta probabilidade de insolvência atual da companhia, em face de seus compromissos financeiros de curto prazo e inexistência de recursos em caixa para saldá-los.

De acordo com as regras estabelecidas pela CVM, as empresas são obrigadas a elaborar e publicar um documento chamado de Prospecto de Distribuição Pública de Ações, onde são fornecidas informações pertinentes à colocação de ações dessas companhias e a respeito de seus negócios, quando da realização de lançamentos de ações. É através do prospecto que os investidores têm condições de conhecer melhor o “negócio” da empresa, suas principais características, perspectivas e riscos associados a ele.

Nesse aspecto, ganha destaque o que se convencionou chamar de Fatores de Risco, onde a empresa enumera quais são, em sua visão, os principais riscos associados ao sucesso de seu negócio. Conforme página 45 do Prospecto Definitivo de Distribuição Pública Primária de Ações da Lupatech, pode ser vista a declaração textual da empresa onde afirma que:

“Parte significativa das nossas vendas no Segmento Flow está atrelada a projetos da Petrobras… Não temos garantia de relacionamento de longo prazo com a Petrobras ou com seus contratados… Além disso, como regra, as aquisições de bens e serviços pela Petrobras dependem de licitação… Caso a Petrobras não implemente total ou parcialmente ou altere o seu plano de negócios, ou a Petrobras reduza seus investimentos, e, consequentemente, diminua a necessidade de válvulas, ou caso a demanda por nossos produtos, por parte da Petrobras ou suas contratadas nos Contratos de EPC diminua, ou caso não tenhamos sucesso em expandir nossa base de cliente, poderemos ser adversamente afetados” – grifo meu.

Para detalhes acerca dos principais riscos elencados pela empresa à época, acesse

http://lupatech.infoinvest.com.br/static/ptb/arquivos/lupatech_prospectodefinitivo_port.pdf

A companhia obteve sucesso em superar grande parte de seus desafios – ou fatores de risco -, com exceção do mais importante: a garantia de demanda de seus produtos pela Petrobras e, consequentemente, de geração de receita para a empresa. A Lupatech é atualmente líder no segmento de válvulas industriais para a indústria do petróleo. Entretanto, nada disso adianta se o seu principal cliente não compra os produtos e serviços ofertados por ela.

Conforme noticiado pela imprensa nos últimos dias, a crise financeira global de 2008 causou atrasos e adiamento de encomendas da Petrobras para a Lupatech. A partir daí a companhia tem enfrentado problemas cada vez mais graves, com queda abrupta de faturamento e problemas sérios de caixa – traduzindo-se em um descompasso entre suas necessidades de caixa e receitas geradas pelo negócio.

Por fim, vale o aviso de que é fundamental, antes de participar de um lançamento de ações, ou mesmo, de comprar uma determinada ação (a qualquer tempo), o investidor procurar informações sobre a situação financeira da companhia na qual tem interesse; se informar, também, a respeito dos Fatores de Risco apontados pelo prospecto de lançamento de ações mais atual da companhia e, sobretudo, conversar com analistas e consultores de investimento certificados a esse respeito.

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