Velloso:“Não podemos desistir de fazer uma reforma mais completa”
Para economista, país perde oportunidade de assumir uma trajetória menos arriscada
Publicado em 20 de fevereiro de 2018 às, 13h01.
Última atualização em 20 de fevereiro de 2018 às, 13h01.
Após meses de debates e discussões, o governo surpreendeu a todos nesta segunda-feira (19), ao anunciar oficialmente a desistência de colocar para votação o projeto de reforma do modelo previdenciário brasileiro. De acordo com as regras constitucionais do país, nenhuma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) pode ser aprovada durante um decreto de intervenção federal em algum estado, como acontece na área de segurança pública do Rio de Janeiro. De acordo com Raul Velloso, a decisão de abandonar a pauta é equivocada, já que ainda existiam chances de buscar uma aprovação junto ao Congresso Nacional. Ouça a análise!
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Para o especialista do Instituto Millenium, o anúncio “aumenta desnecessariamente a percepção de risco que os investidores em títulos públicos fazem sobre a qualidade dos nossos papéis, já que, com um pouco de esforço, seria possível aprovar essa reforma”. Velloso acrescenta ainda que o governo descartou a adoção de um projeto apresentado por ele, que complementaria o texto principal e ajudaria a atrair mais votos favoráveis. “A proposta era, basicamente, criar um fundo de pensão para o regime dos servidores, retirando esse problema do orçamento público, nos moldes do que já é feito nas grandes estatais”, salienta. A medida está prevista no artigo 40 da Constituição e é citada também no artigo 249, que apresenta instrumentos para ajudar a viabilizar a criação desses fundos sem recursos públicos.
O governo anunciou também uma lista com 15 projetos para a área econômica. Entre eles, estão a aprovação da Eletrobras, a autonomia do Banco Central e simplificação tributária. O economista reforça que as medidas são necessárias e importantes, mas não podem sozinhas retirar o Brasil da crítica situação fiscal em que se encontra:
“Certamente, a privatização da Eletrobras deveria estar no topo dessa nova lista. No entanto, a prioridade é a Previdência, ela não deve ser abandonada. Nós não podemos desistir de fazer uma reforma mais completa”, destaca Velloso.