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Ventura: “Uma lição de republicanismo à sociedade brasileira”

Advogado explica implicações e efeitos legais da condenação de Lula em 2ª instância

IM

Instituto Millenium

Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 09h30.

Última atualização em 26 de janeiro de 2018 às 09h33.

O Tribuna Regional Federal da 4ª Região decidiu, por unanimidade, manter a condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Os três desembargadores da corte ainda aumentaram a pena de 9 anos e 6 meses de prisão para 12 anos e 1 mês. A pedido do Instituto Millenium, o advogado especializado em Direito do Estado, Sebastião Ventura, analisou o julgamento. Para ele, os últimos acontecimentos demonstram que o Brasil está ingressando em uma nova fase de maturidade institucional. Ouça a entrevista e veja quais serão os próximos passos do processo!

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Para o especialista do Imil, a decisão tomada nesta quarta-feira é uma verdadeira “lição de republicanismo à sociedade brasileira”, já que demonstra que a lei deve ser aplicada a todos, ainda que o acusado seja um ex-presidente da República. Ventura explica que, embora o processo ainda esteja em andamento, já existem efeitos legais consolidados:

“Diante da decisão unanime, não cabem os chamados embargos infringentes, que necessitariam de ao menos um voto divergente favorável ao ex-presidente. O que se tem são meros recursos de embargos declaratórios, que servem para complementar a decisão, mas não terão o condão de modificar a convicção formada. Ele poderá partir com recursos para instanciais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou a Suprema Corte, todavia, a Lei da Ficha Limpa determina que, uma vez existindo decisão penal condenatória por ambos os colegiados, independente do trânsito em julgado, o eventual aspirante a cargo público está automaticamente inelegível, salvo alguma decisão específica autorizando sua elegibilidade”, explica o advogado, lembrando que, ano passado, durante o julgamento do caso do então presidente do Senado, Renan Calheiros, o Supremo Tribunal Federal (STF) deu a entender que um réu criminal não possui condições para assumir, mesmo que provisoriamente, a cadeira presidencial, já que a “alta dignidade da presidência da república deve estar acima de qualquer suspeita e aquele que é acusado desses delitos não reúne condições morais e éticas para assumi-lo”, acrescenta.

De acordo com Ventura, a recente atuação do judiciário vem contribuindo para um novo momento no país, onde o cidadão consegue enxergar que as instituições da República estão funcionando e aplicando as leis, independentemente de quem seja o acusado, cenário que ajuda a desmistificar a crença de impunidade que sempre existiu no Brasil. Para o advogado, o ano de 2018 será especial e pode representar um novo momento na política brasileira: “Precisamos acabar com esse clima de hostilidade no debate público. Isso apenas estimula o surgimento de extremos, onde vive o radicalismo. A boa política deve ser feita com diálogo, em tom integrador, que busca construir pontes de soluções”, diz.

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