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Sonhar ainda não paga imposto

Em artigo publicado no “O Globo” de 20 de setembro, o presidente da FIERJ, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, fala sobre a carga tributária brasileira e apresenta sugestões para que a raiz do problema possa ser atacada: “Os brasileiros pagam de impostos mais de R$ 1 trilhão por ano, um terço de toda a riqueza gerada pelo país no mesmo período. São quase cinco meses por ano trabalhando para pagar esse […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 20 de setembro de 2010 às 16h35.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h13.

Em artigo publicado no “O Globo” de 20 de setembro, o presidente da FIERJ, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, fala sobre a carga tributária brasileira e apresenta sugestões para que a raiz do problema possa ser atacada:

“Os brasileiros pagam de impostos mais de R$ 1 trilhão por ano, um terço de toda a riqueza gerada pelo país no mesmo período. São quase cinco meses por ano trabalhando para pagar esse total para a máquina pública. Um absurdo legal.

Foi para avaliar o nível de conscientização sobre a carga tributária e o volume incidente nos produtos e serviços que pesquisamos o que pensa a população a respeito. Em síntese, descobrimos que ela sabe que paga muitos impostos, mas não sabe exatamente quanto paga, acha que não recebe serviços públicos compatíveis e quer o tema discutido na campanha eleitoral.

Para se ter uma ideia do quanto se paga de impostos em nosso dia a dia, o micro-ondas que aquece o nosso leite matinal paga 59%, a torradeira que nos dá pão quente, 48%, e a manteiga que lhe dá mais gosto, 36%.

Ao sair de casa vestido com uma calça jeans, saiba que pagou 39% de impostos e outros 36% sobre os sapatos que usar. O celular no bolso pagou 40%, o MP3 com suas músicas, 49%, e a pasta de couro na mão, mais 42%. Se for motoqueiro, pagou 65% no seu preço final, ou se for motorista de um carro médio, outros 40,74%.

Almoço em restaurante significa 32% de impostos na conta, somente o sal da batata frita paga 15%, e o refrigerante, 46%. Ao optar por uma cerveja ou um vinho, pagará 54,80%; se preferir uísque, pagará 61,22%. Mas cuidado para não ter ressaca, pois um analgésico contra dor de cabeça paga 33,87% de impostos.

Nós, da indústria, contribuímos há anos com sugestões para o desenvolvimento de um sistema tributário mais transparente, justo e eficiente. A nossa carga tributária de 35% do PIB é bem superior à de países em desenvolvimento, daí a urgência da reforma tributária.

Diminuir e simplificar o sistema é fundamental para podermos competir.

Mas é preciso atacar a raiz do problema.

O sistema tributário é a fonte de financiamento das funções do Estado e está diretamente condicionado ao comportamento das despesas públicas. E, dentro da caracterização do problema, o destaque é para a composição do orçamento público federal.

O que se nota nitidamente é que a despesa corrente primária da União cresce em taxas superiores à do PIB. E isso é que leva o governo ao aumento de alíquotas ou à criação de novos tributos.

Para os empresários, a reversão da situação tem que estar associada a uma combinação de controle do gasto público e à redução da carga tributária, para que as despesas se adaptem ao nível desejável de tributação. E para se atingir esse objetivo é necessário adotar uma política clara e bem definida dos gastos correntes do governo, com o aumento dos investimentos públicos.

Na verdade, o que se espera dos novos governantes e parlamentares é menos impostos e mais dos impostos.

Daí a nossa missão de conscientização para o problema da excessiva carga tributária, desde o momento em que usamos uma escova de dentes pela manhã, que custou 34% só de impostos, até a hora de dormir sobre um lençol que custou 26,05% e um colchão sobre o qual incidiram outros 28,26% de impostos.

Sonhar com um sistema tributário mais racional do que o atual não custa nada… e não paga imposto.

Por enquanto!”

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Em artigo publicado no “O Globo” de 20 de setembro, o presidente da FIERJ, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, fala sobre a carga tributária brasileira e apresenta sugestões para que a raiz do problema possa ser atacada:

“Os brasileiros pagam de impostos mais de R$ 1 trilhão por ano, um terço de toda a riqueza gerada pelo país no mesmo período. São quase cinco meses por ano trabalhando para pagar esse total para a máquina pública. Um absurdo legal.

Foi para avaliar o nível de conscientização sobre a carga tributária e o volume incidente nos produtos e serviços que pesquisamos o que pensa a população a respeito. Em síntese, descobrimos que ela sabe que paga muitos impostos, mas não sabe exatamente quanto paga, acha que não recebe serviços públicos compatíveis e quer o tema discutido na campanha eleitoral.

Para se ter uma ideia do quanto se paga de impostos em nosso dia a dia, o micro-ondas que aquece o nosso leite matinal paga 59%, a torradeira que nos dá pão quente, 48%, e a manteiga que lhe dá mais gosto, 36%.

Ao sair de casa vestido com uma calça jeans, saiba que pagou 39% de impostos e outros 36% sobre os sapatos que usar. O celular no bolso pagou 40%, o MP3 com suas músicas, 49%, e a pasta de couro na mão, mais 42%. Se for motoqueiro, pagou 65% no seu preço final, ou se for motorista de um carro médio, outros 40,74%.

Almoço em restaurante significa 32% de impostos na conta, somente o sal da batata frita paga 15%, e o refrigerante, 46%. Ao optar por uma cerveja ou um vinho, pagará 54,80%; se preferir uísque, pagará 61,22%. Mas cuidado para não ter ressaca, pois um analgésico contra dor de cabeça paga 33,87% de impostos.

Nós, da indústria, contribuímos há anos com sugestões para o desenvolvimento de um sistema tributário mais transparente, justo e eficiente. A nossa carga tributária de 35% do PIB é bem superior à de países em desenvolvimento, daí a urgência da reforma tributária.

Diminuir e simplificar o sistema é fundamental para podermos competir.

Mas é preciso atacar a raiz do problema.

O sistema tributário é a fonte de financiamento das funções do Estado e está diretamente condicionado ao comportamento das despesas públicas. E, dentro da caracterização do problema, o destaque é para a composição do orçamento público federal.

O que se nota nitidamente é que a despesa corrente primária da União cresce em taxas superiores à do PIB. E isso é que leva o governo ao aumento de alíquotas ou à criação de novos tributos.

Para os empresários, a reversão da situação tem que estar associada a uma combinação de controle do gasto público e à redução da carga tributária, para que as despesas se adaptem ao nível desejável de tributação. E para se atingir esse objetivo é necessário adotar uma política clara e bem definida dos gastos correntes do governo, com o aumento dos investimentos públicos.

Na verdade, o que se espera dos novos governantes e parlamentares é menos impostos e mais dos impostos.

Daí a nossa missão de conscientização para o problema da excessiva carga tributária, desde o momento em que usamos uma escova de dentes pela manhã, que custou 34% só de impostos, até a hora de dormir sobre um lençol que custou 26,05% e um colchão sobre o qual incidiram outros 28,26% de impostos.

Sonhar com um sistema tributário mais racional do que o atual não custa nada… e não paga imposto.

Por enquanto!”

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