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Sociedade civil se organiza para transformar a política

Conversamos com lideranças de novos movimentos do cenário político nacional. Ouça!

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Instituto Millenium

Publicado em 26 de outubro de 2017 às, 14h22.

Última atualização em 27 de outubro de 2017 às, 14h24.

Seja nas redes sociais, no trabalho ou na mesa do bar, a política tem ganhado cada vez mais destaque no dia a dia do brasileiro. Se por um lado o ambiente polarizado aquece a intolerância online, favorecido pela descrença nos políticos diante de tantos casos de corrupção, por outro contribui para um maior engajamento de cidadãos que fazem questão de acompanhar de perto o que acontece em Brasília. Frutos deste interesse, diversos movimentos encabeçados por jovens e pessoas comuns da sociedade civil têm surgindo nos últimos anos. O Instituto Millenium, entre divergências e convergências com a agenda dos movimentos, conversou com algumas dessas iniciativas que buscam transformar o jeito de fazer política no país. Ouça!

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“Um reflexo da sociedade que quer transformar indignação em ação política”

Criado em 2017, o Acredito tem mais de 26 mil seguidores nas redes sociais. A iniciativa partiu de cinco jovens de diferentes regiões do Brasil. Hoje, o movimento está presente em 11 estados e conta com mais de mil voluntários. O grupo realiza reuniões temáticas mensais, que discutem com a população assuntos como a reforma política e da previdência. A intenção é promover mais dez encontros até as próximas eleições. O Acredito também busca maior engajamento dos cidadãos, além de uma renovação através do apoio criterioso a 30 pessoas para o pleito de 2018.

Coordenador nacional do movimento, José Frederico Lyra Netto explica que o Acredito se debruça em dois pilares: oportunidade iguais e quebra de privilégios, além de “uma política que coloque o cidadão no centro da decisão, que seja baseada em ideias e não em troca de favores, campanhas mais baratas e com doação de pessoa física com teto. Queremos também partidos com práticas mais democráticas, pois muitas siglas funcionam com modelos hierárquicos, com dificuldade de oxigenação. O congresso precisa ser contemporâneo e estar conectado com a sociedade”, comenta.

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“As coisas estão desmoronando no Brasil. Temos que todos juntos correr para fazer algo concreto”

O Agora! foi criado há cerca de um ano por um grupo de amigos que perceberam que pessoas éticas e capacitadas estavam fora da política. O movimento conta com cem membros com o objetivo de montar uma agenda pública para melhorar de forma concreta a vida dos brasileiros. As propostas do Agora!, que devem estar prontas em meados de 2018, estão sendo construídas através da escuta e da participação da sociedade. Atualmente, a iniciativa trabalha em torno de 9 prioridades, que levam em conta um país mais “simples, humano e sustentável”.

“Os movimentos de hoje nascem em uma terceira onda. Os primeiros apareceram em 2013, nas manifestações. Depois vieram os grupos que atuaram no impeachment, e agora temos uma nova leva. A sociedade está se levantando da cadeira e falando ‘eu também preciso fazer parte’. Entendemos que é um dever de cada cidadão a participação e o engajamento político. Acreditamos que com a Lava-Jato e todas essas investigações o que se descortinou na frente dos brasileiros é alguma coisa que as pessoas já intuíam, mas que agora está na cara de todo mundo. Isso está fazendo com que mais e mais gente se envolva e queira fazer algo para colocar o Brasil nos trilhos”, analisa Leonardo Machado, coordenador do Agora.

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“Para mudar a política, é preciso reformar os partidos”

O Transparência Partidária traz a questão das agremiações políticas para o centro das discussões. O movimento quer mudanças nos mecanismos de governança, de renovação interna e na promoção de transparência das legendas, especialmente na prestação de contas. Segundo levantamento do Transparência Partidária, 75% dos dirigentes dos partidos são os mesmos a pelo menos dez anos.

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“Cada vez mais, nos convencemos de que a reforma política deveria começar por uma reformulação dos partidos, uma vez que eles fazem a mediação entre a sociedade e o exercício do poder. Para ocupar um cargo público eletivo, é preciso estar filiado a algum partido, por isso eles detêm o monopólio da representação política no país e precisam ser mais transparentes e democráticos. Os partidos hoje são muito desacreditados pela população, mas nós entendemos que isso se deve à concentração dos poderes internos na mão de poucas pessoas, por muito tempo”, avalia Marcelo Issa, coordenador do movimento.

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“Não existe espaço para candidatos mais ou menos”

Movimentos criados há alguns anos continuam ativos na busca por soluções para o Brasil. É o caso do Vem Pra Rua, que nasceu em 2014, no ápice da crise política. Junto com outras iniciativas, o Vem Pra Rua conseguiu reunir mais de 2 milhões de pessoas em 4 grandes manifestações pelo Brasil e lançou projetos como o “Mapa das 10 medidas contra a corrupção”, que mostra a posição de cada deputado diante do PL 4.850, e o “Mapa do Impeachment”, que aponta como votaram os parlamentares da Câmara e do Senado no processo de afastamento da ex-presidente Dilma Roussef.

A próxima investida do Vem Pra Rua é a lista “Tchau Queridos”, quer será lançada ainda este ano, com os nomes dos candidatos “que não devem ser votados nas eleições de 2018”. Critérios como o histórico parlamentar e os processos criminais serão utilizados no ranking.

“Os movimentos ajudam a formar uma consciência de participação na sociedade. Eles trazem alternativas, ferramentas, espaços, grupos, oportunidades e ideias para que os cidadãos possam fazer parte da mudança. Quem não sabe como fazer, mas tem vontade, deve procurar algum desses movimentos para ajudar a mudar o país”, convida Rodrigo Chequer, líder do Vem Pra Rua.

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