Roberto Motta lança novo livro "Jogando para ganhar"
"Para melhorar a democracia, cidadão brasileiro precisa entender como funciona a política eleitoral no país", acredita o autor. Ouça a entrevista!
Publicado em 26 de junho de 2018 às, 09h05.
O especialista do Instituto Millenium Roberto Motta reúne reflexões, conceitos e histórias sobre o desenvolvimento político-eleitoral do Brasil em sua mais nova obra “Jogando para ganhar – Teoria e prática da guerra política”. O livro, sucessor de “Ou ficar a pátria livre”(Amora do Leblon, 2016), será lançado no dia 15 de julho pela editora LVM e já ocupa o primeiro lugar nas categorias “Política prática” e “Políticas públicas” da Amazon, onde está disponível a pré-venda.
Em conversa com o Imil, Motta explica a motivação por trás do projeto e conta que a obra coloca em evidência dois grandes autores pouco conhecidos pelos brasileiros, David Horowitz e Saul Alinsky, numa combinação com a própria experiência política do autor, um dos fundadores do Partido Novo. O tema da segurança pública também ganha destaque no livro, onde Motta oferece um conjunto de reflexões sobre a real causa do boom de violência nas cidades brasileiras: a impunidade. Ouça a entrevista no player abaixo!
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“Eu participei da criação do Partido Novo, passei pelo Livres e outras organizações políticas e durante todo esse período eu estudei muito. O David Horowitz é um autor intelectual de direita nos EUA e o Saul Alinsky de esquerda, ambos têm ideias poderosas que, de certa forma, moldaram o que acontece hoje na política americana e influenciaram alguns fenômenos que observamos no Brasil. A política eleitoral é quase uma guerra e precisamos entender como isso funciona para que possamos chegar o mais perto possível do nosso ideal de democracia”.
No livro, o autor aponta as causas e consequências dos problemas políticos que acompanham o Brasil há anos e afirma que nossa principal dificuldade está em encontrar um modelo político e econômico capaz de conduzir o país a atingir o seu potencial. Em um capítulo dedicado à democracia, observa que o sistema democrático não é o ideal, porém, é o menos imperfeito que encontramos até o momento, e precisamos urgentemente tomar boas decisões para retomarmos o crescimento correspondente a um país rico em recursos humanos e naturais:
“Cada pessoa no Brasil tem direito a um voto; e o voto de um alguém bem informado, que entende as questões nacionais, tem o mesmo valor que o voto de uma pessoa que não tem a mínima ideia do que está acontecendo. O outro lado do Brasil é de um Estado onipresente que consome quase 50% de tudo o que é produzido. Então, esses são os nossos desafios, identificar como é que mudamos essa forma de fazer política, a estrutura do Estado e como transformar as eleições e o voto em ferramentas efetivas de progresso e melhoria de vida”.
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Motta traça também um panorama sobre a segurança pública brasileira e apresenta novos conceitos sobre a questão. Segundo ele, como reação ao regime militar e a Constituição da República Federativa de 1988, o criminoso tornou-se o principal sujeito da legislação, garantindo diversos benefícios. Por outro lado, nossa estrutura carcerária não acompanhou o crescimento da população e o número de crimes, gerando uma superlotação nos presídios. Diante disso, o autor garante que o crime é fruto da impunidade em nosso país.
“Chegamos a uma alteração tão profunda do nosso sistema de Justiça cujo resultado é a promoção da impunidade. Ela premia e incentiva tanto o criminoso violento quanto o de colarinho branco. Só nas capitais brasileiras registram-se aproximadamente dois milhões de assaltos por ano e apenas 2% são solucionados. Soma-se isso a um sistema prisional subdimensionado onde não são feitos investimentos. Temos um sistema policial que não consegue efetivamente investigar os crimes nem impedir que novos ocorram. Mesmo nas épocas em que o Brasil ficou mais rico, o crime aumentou. Então, não existe nenhuma relação entre crime e pobreza, crime e desigualdade e muito menos entre crime e educação. No livro, mostro como essas relações não existem através de fatos e teorias. A chave para destravarmos esse problema é a questão da impunidade”, destaca.