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Promessas surreais não combinam com ajuste fiscal

Equipe do Imil foi às ruas para saber se população aceita mais impostos para pagar promessas de campanha

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Instituto Millenium

Publicado em 30 de agosto de 2018 às, 08h44.

Em época de campanha eleitoral, vale tudo para atrair a atenção dos eleitores, inclusive exagerar nas promessas. Alguns dos principais presidenciáveis possuem em seus planos de governo propostas irreais para o atual momento do país, já que necessitariam de aumento do gasto público. A realidade é outra: o Estado brasileiro possui um orçamento extremamente comprometido, além de um déficit primário que deve ultrapassar os R$ 150 bilhões em 2018. O resultado desta conta é simples. Diante da dificuldade em realizar cortes, para bancar as novas despesas, seria preciso ampliar a arrecadação. E isso acontece através do aumento de impostos repassados para a população.

Nossa equipe foi às ruas perguntar se os brasileiros estariam dispostos a pagar mais tributos para tirar as promessas dos candidatos do papel. O ator Juliano Viana foi categórico: “Claro que não. Mais do que já pagamos? Em hipótese alguma”. A opinião é compartilhada pelo jornalista Alex Reis: “Temos que cortar os impostos, que só aumentam, e a população não tem condição alguma de acompanhar isso”. Assista ao vídeo:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=U2XZ8lDjWGI%5D

O economista Julio Hegedus Netto, especialista do Instituto Millenium, alerta para que a população esteja atenta às promessas dos candidatos à Presidência e acrescenta: um plano de governo sério deve trabalhar com um orçamento realista, sem deixar de lado o que é realmente essencial para o atual momento da economia: o ajuste fiscal e reformas estruturais.

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“As propostas devem ser realistas. Temos que buscar a readequação de despesas e o corte de gastos excessivos, o que é difícil dado que o nosso orçamento é muito engessado. Todas as despesas de educação e saúde já têm receitas comprometidas. O grau de liberdade do gestor é muito limitado, ele só pode mexer em 10% do orçamento. A principal discussão é em relação aos benefícios previdenciários, que são os que mais crescem, então a reforma da Previdência deveria estar em primeiro ponto deste debate”, completa.

Não há espaço para o aumento de impostos

Hegedus lembra que o próximo governo terá muitos desafios pela frente, no entanto, o aumento de impostos deve ser deixado fora de questão. Assista abaixo:

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“Estamos no limite em termos de carga fiscal, que cresceu muito nos últimos 20 e 30 anos. Sempre quando apareciam demandas da sociedade, os governos aumentavam imposto. Precisamos de um orçamento que caiba na dimensão do país, claro, mas que seja realista. Só podemos gastar o que for arrecadado. Além disso, temos que ter uma carga tributária compatível, 36% do PIB é muito elevado”. O especialista do Millenium também destaca que o Estado precisa repensar o seu papel na economia do país: “O Estado deve se adequar à regulação, segurança, saúde e educação. Não precisa ter 144 estatais como temos no Brasil, aliás, os programas de alguns candidatos são bem interessantes nesse sentido de privatização, já que as estatais acabam se tornando um foco de corrupção e barganha política”.