Por que sou contra as cotas raciais
Texto de Rainer Erkens*: “Desde o começo deste ano as universidades federais brasileiras utilizam um sistema de cotas raciais para determinar quem recebe uma das poucas vagas nestas universidades. Já ouvimos muitos bons argumentos contra as novas cotas raciais do governo. Alguns dos argumentos mais fortes são, por exemplo, bem apresentados pelo sociólogo Demétrio Magnoli no seu novo livro “Uma gota de sangue – história do pensamento racial”. Ele compartilha […] Leia mais
Publicado em 5 de outubro de 2009 às, 23h18.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h16.
Texto de Rainer Erkens*:
“Desde o começo deste ano as universidades federais brasileiras utilizam um sistema de cotas raciais para determinar quem recebe uma das poucas vagas nestas universidades.
Já ouvimos muitos bons argumentos contra as novas cotas raciais do governo.
Alguns dos argumentos mais fortes são, por exemplo, bem apresentados pelo sociólogo Demétrio Magnoli no seu novo livro “Uma gota de sangue – história do pensamento racial”. Ele compartilha com boas razões a crítica mais usada pelos liberais brasileiros contra as cotas raciais: de que elas introduzem ou intensificam o racismo na vida pública brasileira. Desta maneira encorajam os brasileiros a não se verem como seres humanos individuais, mas como membros de um grupo racial.
Outros críticos destacam, com a ajuda de estudos de geneticistas, que no Brasil, com a sua história de miscigenação de raças e etnias, é impossível determinar quem é “negro”, “pardo”, “índio” ou “branco”, tanto que até mesmo o uso destas palavras sem aspas se torna ridículo.
Acho estes argumentos muito válidos.
Acredito, contudo, que há ainda outras boas razões para rejeitar as cotas raciais. Neste artigo quero apresentar mais três argumentos de por que para mim, como liberal, quotas raciais são inaceitáveis.
O meu primeiro argumento é de que cotas raciais são arbitrárias porque privilegiam um grupo na sociedade brasileira a custo de outros.
O meu segundo argumento é que os beneficiários das cotas raciais não são os setores mais pobres do povo brasileiro. Os beneficiários principais são jovens “negros”, “pardos” e “índios” cujos pais já pertencem à classe média e ao segmento mais rico do seu grupo. Eles não são desprivilegiados ou discriminados e por isso não precisam do apoio do estado.
Finalmente no meu terceiro argumento vou mostrar que a raiz dos problemas não são as cotas raciais, mas o fato injusto de que alguns jovens brasileiros recebem uma educação “gratuita” nas universidades públicas enquanto os seus colegas nas universidades privadas têm que pagar por sua educação.
E escrevo “gratuita” entre aspas porque na verdade não existe educação gratuita. Significa que a educação destes jovens é paga pelos contribuintes. E somente isso torna as cotas raciais atraentes. Read more