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Para Maranhão, “o pagador de impostos” tem que saber cobrar do Estado

O Instituto Millennium entrevistou o publicitário Jorge Maranhão, fundador da Voz do Cidadão e idealizador do projeto Cidadômetro. Para Maranhão, o contribuinte, a quem ele acertadamente chama de “pagador de impostos”, deve saber mais sobre as taxas do que apenas o valor que paga diariamente para o Estado com a arrecadação. Ele deve saber no que isso implica e, desse modo, transformar o pensamento em ação. Agir e reagir para ter […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 25 de abril de 2011 às, 18h43.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 12h23.

O Instituto Millennium entrevistou o publicitário Jorge Maranhão, fundador da Voz do Cidadão e idealizador do projeto Cidadômetro.

Para Maranhão, o contribuinte, a quem ele acertadamente chama de “pagador de impostos”, deve saber mais sobre as taxas do que apenas o valor que paga diariamente para o Estado com a arrecadação. Ele deve saber no que isso implica e, desse modo, transformar o pensamento em ação. Agir e reagir para ter os melhores serviços em troca. Por isso, o Cidadômetro quer trabalhar com a transmissão de valores, ajudando a informar e a formar o cidadão.

O programa ainda depende de patrocinadores.

Instituto Millenium: O que é o Cidadômetro?
Jorge Maranhão: O Cidadômetro é um projeto antigo que começou como uma mera paródia, a título de comentário crítico em relação ao Impostômetro (serviço indispensável), que mede o volume de “pagadores de impostos” que somos – pois  não somos contribuintes, a terminologia traz um ato falho em si, nossa relação com Estado não é de contribuição, mas é de obrigação,  é um dever.

Pensado nos impostos que o cidadão paga, e se o “pagador de impostos” entende o que deva ser os serviços que o Estado oferece em relação ao que ele paga, eu sempre dizia que a Associação Comercial de São Paulo (criadora e mantenedora do Impostômetro) seria melhor entendida se a sociedade pensasse nesta relação.

Então me ocorreu que a sociedade não tem essa noção, o discurso não é claro no sistema educacional, na mídia, nem no sistema jurídico. A gente acha que paga muito imposto, mas não sabe bem qual deveria ser o retorno. É aquela velha a história… a gente paga por segurança, saúde e educação e tem de contratar os serviços privados.

Através de uma viatura própria com um megafone, vamos convidar o cidadão a participar das enquetes que vão medir o grau de cidadania, a partir de três  níveis, e revelá-las instantaneamente em um sinalizador que ficará no carro, acompanhando o resultado.

A ideia é acompanhar as pautas da imprensa para chamar a atenção do cidadão para a ocupação do espaço público. Ele vai votar, ser levado à reflexão, checar o resultado da enquete e ainda escolher um panfleto entre as 50 edições sobre cidadania.

O Cidadômetro vai medir a cidadania através de perguntas que  ao mesmo tempo vão transmitir valores ao fazer o indivíduo refletir sobre: consciência política,  público e propriedade e ação política.

Conscientizar sobre o espaço público é uma das propostas, pois na nossa concepção, ele vai desde a calçada, que é de garantia de manutenção do privado de quem está na residência, na loja ou na empresa em frente à ela. A responsabilidade é do ente privado, apesar de ser pública. Isso é recente,  veio com o surgimento da cidade – uma metáfora da Renascença é existência da calçada. A calçada é um lugar intermediário entre o público e o privado e por isso o lugar ideal para o questionamento sobre cidadania. Tem que haver uma consciência de ambos.

Falta o cidadão usuário se interessar em tomar conta do espaço garantindo que ele é publico, há um déficit por parte do cidadão.

Com a pauta do momento em mãos, selecionada a partir da cobertura da imprensa, nós vamos até o cidadão, vamos a lugares de grande fluxo para fazer cidadão parar um pouco para pensar sobre alguns temas. Vamos questionar se o espaço público (onde a entrevista estará sendo realizada) está sendo ocupado indevidamente por outro cidadão ou pelo próprio Estado, como a mídia eventualmente mostra, por exemplo, no caso (viaturas em locais proibidos).

Perguntas como “Você acha que é um cidadão solidário?” poderão ser feitas no Camelódromo (área onde grassa a informalidade e a pirataria, no Centro do Rio de Janeiro) ou no Jardim Botânico (Zona Sul), se ocupado indevidamente por interesses privados. Todos os espaços são de interesse público. Eu posso fazer uma pauta com os pais do bairro de Realengo (onde houve a tragédia na escola) para saber onde houve falha, onde é que falhou a cidadania.

O importante é levar à uma participação privada no controle do espaço público.

Leia a entrevista na íntegra no site.