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Os três demônios que temem as reformas

Inflacionismo, isolacionismo e seletivismo: Presidente do Imil explica os pilares que se enraizaram no processo de desenvolvimento brasileiro

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Instituto Millenium

Publicado em 26 de março de 2018 às, 13h20.

Por definição, o ato de reformar representa a mudança realizada com o objetivo de melhorar uma organização existente. São essas renovações, tão criticadas por atingirem grupos de interesse da sociedade, que podem ajudar o Brasil a entrar em um novo momento de sua trajetória. Em entrevista exclusiva ao Instituto Millenium, o presidente do Conselho do Imil e ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, explicou quais são os três “demônios” que se enraizaram no Estado brasileiro ao longo de seu processo de desenvolvimento e como eles prejudicaram a nossa economia, resultando no fenômeno da hiperinflação. Assista:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=W2s1SADApQA%5D

Franco descreve o primeiro conceito como inflacionismo, assim chamada a propensão à indisciplina fiscal, diante de uma “postura relaxada” que os governos brasileiros tiveram com relação aos temas fiscais e monetários do país. Já o isolacionismo tem a ver com a ideia de soberania nacional, que fechou a economia do Brasil e restringiu seu relacionamento com outros países. O terceiro fenômeno, classificado como seletivismo, é o mais discreto, porém, encontra-se em diferentes esferas da democracia. Trata-se da habilidade do Estado em manobrar tratamentos seletivos nas políticas públicas, beneficiando grupos com privilégios econômicos e sociais:

“O seletivismo é a ideia de que o Estado pode selecionar seus amigos e vencedores. Dentro de um desconforto generalizado, ele escolhe sua clientela, que o apoia politicamente. Portanto, as três coisas acabam juntas, criando esse triangulo diabólico que resultou na hiperinflação, que não está completamente morta”, diz o economista.