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O que é capitalismo de Estado?

Sérgio Lazzarini analisa os efeitos da simbiose entre o público e o privado

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Instituto Millenium

Publicado em 18 de julho de 2017 às, 13h28.

Última atualização em 19 de julho de 2017 às, 13h33.

As relações entre o que é público e o que é privado no Brasil guiaram a conversa do Instituto Millenium com o especialista Sérgio Lazzarini, autor de “Capitalismo de laços” (Elsevier, 2011) e coautor de “Reinventando o capitalismo de Estado” (Portfolio-Penguin, 2014).

Ph.D. em Administração, Lazzarini explicou como o patrimonialismo se estabelece em uma sociedade na qual o capitalismo de Estado exerce forte influência, seja através do que ele chama de círculo virtuoso, como a interferência do poder público em “falhas do mercado”, ou nos círculos viciosos, quando o Estado se apropria de meios de produção e financia grandes empresas que poderiam captar recursos do setor privado.

“O Estado é muito presente em varias atividades da economia no mundo inteiro”, diz. Para ele, mecanismos como o financiamento de pesquisas científicas, a exemplo dos Estados Unidos, e o agronegócio brasileiro são exemplos de ações do Estado que podem ser positivas para o desenvolvimento de um país, mas destaca que os males desta simbiose entre o setor privado e o público podem ser ainda mais perigosos, revelando dois efeitos muito conhecidos no Brasil: a corrupção e a má alocação de recursos. Para combater esse efeitos, porém, não há “bala de prata”, acredita. Além da continuidade das investigações do Ministério Público, fator determinante para o fim do sentimento de impunidade, Lazzarini defende um conjunto de mudanças que vai da reforma política até a redução do poder do Estado em interferir nas empresas públicas. Entenda:

Dica de leitura de Sérgio Lazzarini:

Economia e Organização da Agricultura Brasileira"Economia e Organizacao da Agricultura Brasileira" (Elsevier, 2017), de Fabio Chaddad.
A proposta do livro é apresentar insights sobre a agricultura brasileira e seus impressionantes ganhos em produtividade e competitividade internacional. No Brasil, como em diversos outros países, os economistas e os formuladores de políticas públicas acreditam que a agricultura é um setor tradicional, de baixo desenvolvimento tecnológico, que atravancam o crescimento de outros setores e do país. Este livro mostra que a visão antiagricultura é distorcida e mal informada, e com o aumento populacional, crescimento de receitas e da urbanização e mudanças nos hábitos alimentares – especialmente em países em desenvolvimento, como China e Índia -, espera-se que a demanda por alimentos dobre nos próximos quarenta anos. O Brasil tem recursos naturais, tecnologia e sistemas de gestão prontos para se beneficiar desse esperado crescimento no consumo e no comércio de alimentos. A partir de exemplos reais, a obra mostra como outros países de clima tropical e com solos parecidos com os do Brasil – especialmente países da África Subsaariana, podem se beneficiar da tecnologia agrícola, da produção e dos sistemas de gestão desenvolvidos no Brasil.