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O preço de não gostar de Chávez

O pessoal marxista e bolivarista insiste em considerar a Venezuela uma “democracia”. Confira abaixo trechos da matéria “O preço de não gostar de Chávez” publicado nesta semana na revista Época e compare o verdadeiro tipo de regime do país que o Itamaraty considera apto a integrar o Mercosul – cuja CLÁUSULA DEMOCRÁTICA DO TRATADO DE ASSUNÇÃO em Julho de 1998 condiciona os Estados-partes a possuírem regimes DEMOCRÁTICOS. “Em outubro de […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2009 às 15h27.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h43.

O pessoal marxista e bolivarista insiste em considerar a Venezuela uma “democracia”. Confira abaixo trechos da matéria “O preço de não gostar de Chávez” publicado nesta semana na revista Época e compare o verdadeiro tipo de regime do país que o Itamaraty considera apto a integrar o Mercosul – cuja CLÁUSULA DEMOCRÁTICA DO TRATADO DE ASSUNÇÃO em Julho de 1998 condiciona os Estados-partes a possuírem regimes DEMOCRÁTICOS.

“Em outubro de 2003, pouco antes do terceiro abaixo-assinado organizado por cidadãos venezuelanos para realizar um referendo contra ele, Chávez afirmou em discurso televisionado: “Quem assinar contra Chávez estará lá, registrado para a história, pois tem de colocar nome, sobrenome, assinatura, RG e impressão digital…”. A ameaça pouco velada era: assine e sofra a consequência.

Um fascinante estudo dos economistas Chang-Tai Hsieh, Edward Miguel, Daniel Ortega e Francisco Rodriguez mostra que Chávez cumpriu a promessa. Durante um período de 18 meses a partir do fim de 2002, mais de 4,7 milhões de venezuelanos assinaram até três petições exigindo um referendo para retirar Hugo Chávez da Presidência do país. Em dezembro de 2003, uma delas forçou um referendo em agosto de 2004. Chávez venceu com 59% dos votos. A lista com todos os 3,5 milhões de signatários – 27,5% do eleitorado – dessa última petição tornou-se pública e foi organizada pelo governo num programa de computador conhecido como Maisanta. O programa indica nome, aniversário, endereço e se a pessoa está inscrita em algum dos programas sociais de Chávez. (Os autores compraram um CD com o Maisanta nas ruas de Caracas por US$ 1,50.)

O banco de dados foi cruzado pelos economistas com informações de censos venezuelanos de 1997 a 2004. Assim, foi possível medir como manifestar-se contra Chávez afeta a renda e o emprego. O impacto foi significativo: um terço dos eleitores que assinaram qualquer uma das petições sofreu uma queda medida de 5% no salário e queda de 1,5% na probabilidade de conseguir emprego. Antes de 2002, a renda média dos que assinaram era 9,5% maior que a dos apoiadores de Chávez. O nível de emprego era igual. Isso mudou após o abaixo-assinado de 2003.

“Essa perseguição política é mais explícita em ditaduras, apesar de diversas democracias tentarem fazer algo parecido. É péssimo que, devido aos desejos de um governante, um trabalhador menos habilitado para fazer certo serviço seja contratado”, afirma Chang-Tai Hsieh, professor da Universidade de Chicago. “Estudar isso não é simples: temos medo de retaliação política também. É por isso que estou falando com você. Daniel Ortega, outro dos autores, trabalha na Venezuela e não quis arriscar a exposição.”

(…)

O cartaz nas ruas venezuelanas (à dir.) diz que o voto é secreto, mas a assinatura não. Acima, uma tela do banco de dados montado por chavistas com o nome daqueles que assinaram pelo referendo contra Chávez.

“A prática de excluir inimigos políticos foi comum em várias ditaduras. A Getúlio Vargas se atribuía a frase: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Era algo que acontecia também com governos autoritários alemães, russos e latinos. Outro estudo recente de dois economistas, publicado no prestigiado Quarterly Journal of Economics, mostra que as empresas que apoiaram o regime nazista desde seu início na Alemanha conseguiram lucros até 8% maiores que as que não se manifestaram politicamente.

Essa dinâmica é péssima para os perseguidos, é óbvio. Menos óbvio é que ela também tem consequências nefastas para a economia das ditaduras: ao perseguir oposicionistas, perde-se parte dos talentos, e o resultado é perda de eficiência. A realocação de vagas no mercado de trabalho da Venezuela devido à perseguição política provocou uma queda de 3,4% do PIB anual desde 2004. Se a manutenção de direitos individuais básicos não é motivo suficiente para que Chávez deixe de prejudicar a oposição legítima, pelo menos o custo econômico para o país – e para seu projeto político – deveria ser.”

A matéria na íntegra pode ser lida por assinantes de Época neste link.

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O pessoal marxista e bolivarista insiste em considerar a Venezuela uma “democracia”. Confira abaixo trechos da matéria “O preço de não gostar de Chávez” publicado nesta semana na revista Época e compare o verdadeiro tipo de regime do país que o Itamaraty considera apto a integrar o Mercosul – cuja CLÁUSULA DEMOCRÁTICA DO TRATADO DE ASSUNÇÃO em Julho de 1998 condiciona os Estados-partes a possuírem regimes DEMOCRÁTICOS.

“Em outubro de 2003, pouco antes do terceiro abaixo-assinado organizado por cidadãos venezuelanos para realizar um referendo contra ele, Chávez afirmou em discurso televisionado: “Quem assinar contra Chávez estará lá, registrado para a história, pois tem de colocar nome, sobrenome, assinatura, RG e impressão digital…”. A ameaça pouco velada era: assine e sofra a consequência.

Um fascinante estudo dos economistas Chang-Tai Hsieh, Edward Miguel, Daniel Ortega e Francisco Rodriguez mostra que Chávez cumpriu a promessa. Durante um período de 18 meses a partir do fim de 2002, mais de 4,7 milhões de venezuelanos assinaram até três petições exigindo um referendo para retirar Hugo Chávez da Presidência do país. Em dezembro de 2003, uma delas forçou um referendo em agosto de 2004. Chávez venceu com 59% dos votos. A lista com todos os 3,5 milhões de signatários – 27,5% do eleitorado – dessa última petição tornou-se pública e foi organizada pelo governo num programa de computador conhecido como Maisanta. O programa indica nome, aniversário, endereço e se a pessoa está inscrita em algum dos programas sociais de Chávez. (Os autores compraram um CD com o Maisanta nas ruas de Caracas por US$ 1,50.)

O banco de dados foi cruzado pelos economistas com informações de censos venezuelanos de 1997 a 2004. Assim, foi possível medir como manifestar-se contra Chávez afeta a renda e o emprego. O impacto foi significativo: um terço dos eleitores que assinaram qualquer uma das petições sofreu uma queda medida de 5% no salário e queda de 1,5% na probabilidade de conseguir emprego. Antes de 2002, a renda média dos que assinaram era 9,5% maior que a dos apoiadores de Chávez. O nível de emprego era igual. Isso mudou após o abaixo-assinado de 2003.

“Essa perseguição política é mais explícita em ditaduras, apesar de diversas democracias tentarem fazer algo parecido. É péssimo que, devido aos desejos de um governante, um trabalhador menos habilitado para fazer certo serviço seja contratado”, afirma Chang-Tai Hsieh, professor da Universidade de Chicago. “Estudar isso não é simples: temos medo de retaliação política também. É por isso que estou falando com você. Daniel Ortega, outro dos autores, trabalha na Venezuela e não quis arriscar a exposição.”

(…)

O cartaz nas ruas venezuelanas (à dir.) diz que o voto é secreto, mas a assinatura não. Acima, uma tela do banco de dados montado por chavistas com o nome daqueles que assinaram pelo referendo contra Chávez.

“A prática de excluir inimigos políticos foi comum em várias ditaduras. A Getúlio Vargas se atribuía a frase: “Aos amigos tudo, aos inimigos a lei”. Era algo que acontecia também com governos autoritários alemães, russos e latinos. Outro estudo recente de dois economistas, publicado no prestigiado Quarterly Journal of Economics, mostra que as empresas que apoiaram o regime nazista desde seu início na Alemanha conseguiram lucros até 8% maiores que as que não se manifestaram politicamente.

Essa dinâmica é péssima para os perseguidos, é óbvio. Menos óbvio é que ela também tem consequências nefastas para a economia das ditaduras: ao perseguir oposicionistas, perde-se parte dos talentos, e o resultado é perda de eficiência. A realocação de vagas no mercado de trabalho da Venezuela devido à perseguição política provocou uma queda de 3,4% do PIB anual desde 2004. Se a manutenção de direitos individuais básicos não é motivo suficiente para que Chávez deixe de prejudicar a oposição legítima, pelo menos o custo econômico para o país – e para seu projeto político – deveria ser.”

A matéria na íntegra pode ser lida por assinantes de Época neste link.

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