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O estatuto da raça e o caso Shirley Sherrod

Do blog de Simon Schwartzman, um contraste entre dois casos onde a igualdade perante a lei está em questão: “Ao mesmo tempo em que o Presidente Lula assinava o Estatuto da Igualdade Racial, que divide o Brasil legalmente em duas nações, brancos e pretos, os Estados Unidos se viam abalados pelo caso de Shirley Sherrod, que nossa imprensa aparentemente não está noticiando. O contraste é interessante e instrutivo. Shirley Sherrod […] Leia mais

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Da Redação

Publicado em 26 de julho de 2010 às 17h12.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h32.

Do blog de Simon Schwartzman, um contraste entre dois casos onde a igualdade perante a lei está em questão:

“Ao mesmo tempo em que o Presidente Lula assinava o Estatuto da Igualdade Racial, que divide o Brasil legalmente em duas nações, brancos e pretos, os Estados Unidos se viam abalados pelo caso de Shirley Sherrod, que nossa imprensa aparentemente não está noticiando. O contraste é interessante e instrutivo.

Shirley Sherrod era até outro dia alta funcionária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Negra, seu pai foi assassinado pela Ku Klux Kan, e ela dedicou sua vida à causa dos direitos da população negra nos Estados Unidos. Em uma palestra para a NAACP, a antiga associação de Martin Luther King que liderou o movimento de integração racial nos Estados Unidos, era conta como, vinte anos atrás, se deparou pela primeira vez com uma situação em que precisava atender a uma familia branca que estava em dificuldades. Ela, a princípio, ficou na dúvida como proceder, mas entendeu que o direito das pessoas não deve ter cor, a atendeu à família, ajudando para que eles não perdessem a propriedade rural que tinham e que estava ameaçada.

Isto bastou para que a televisão Fox tomasse uma frase do que disse fora de contexto e a acusasse de discriminar os brancos nas suas decisões no Departamento de Agricultura. Acuado, o governo americano a demitiu, e a NAACP também tomou posição contra ela. 24 horas depois, o absurdo da situação se tornou claro, a NAACP pediu desculpas, e o Departamento de Agricultura ofereceu a ela uma nova posição, que ela não sabe se vai aceitar. Os detalhes do caso podem ser vistos no New York Times de hoje.

Duas coisas chamam a atenção nesta história. A primeira é o contraste entre o Estatuto da Raça brasileiro, que pretende colocar as diferenças de raça acima dos direitos das pessoas, trabalhando por uma sociedade segregada racialmente, e a posição da liderança do movimento negro nos Estados Unidos, comprometida com o direito das pessoas, a integração e a eliminação efetiva das diferenças de raça. A segunda é como a militância a favor da integração é ainda percebida pela extrema direita americana como uma ameaça, manifestada não só pela fraude da Fox, mas sobretudo pela reação amedrontada do governo Obama, que felizmente logo voltou atrás.”

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Do blog de Simon Schwartzman, um contraste entre dois casos onde a igualdade perante a lei está em questão:

“Ao mesmo tempo em que o Presidente Lula assinava o Estatuto da Igualdade Racial, que divide o Brasil legalmente em duas nações, brancos e pretos, os Estados Unidos se viam abalados pelo caso de Shirley Sherrod, que nossa imprensa aparentemente não está noticiando. O contraste é interessante e instrutivo.

Shirley Sherrod era até outro dia alta funcionária do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Negra, seu pai foi assassinado pela Ku Klux Kan, e ela dedicou sua vida à causa dos direitos da população negra nos Estados Unidos. Em uma palestra para a NAACP, a antiga associação de Martin Luther King que liderou o movimento de integração racial nos Estados Unidos, era conta como, vinte anos atrás, se deparou pela primeira vez com uma situação em que precisava atender a uma familia branca que estava em dificuldades. Ela, a princípio, ficou na dúvida como proceder, mas entendeu que o direito das pessoas não deve ter cor, a atendeu à família, ajudando para que eles não perdessem a propriedade rural que tinham e que estava ameaçada.

Isto bastou para que a televisão Fox tomasse uma frase do que disse fora de contexto e a acusasse de discriminar os brancos nas suas decisões no Departamento de Agricultura. Acuado, o governo americano a demitiu, e a NAACP também tomou posição contra ela. 24 horas depois, o absurdo da situação se tornou claro, a NAACP pediu desculpas, e o Departamento de Agricultura ofereceu a ela uma nova posição, que ela não sabe se vai aceitar. Os detalhes do caso podem ser vistos no New York Times de hoje.

Duas coisas chamam a atenção nesta história. A primeira é o contraste entre o Estatuto da Raça brasileiro, que pretende colocar as diferenças de raça acima dos direitos das pessoas, trabalhando por uma sociedade segregada racialmente, e a posição da liderança do movimento negro nos Estados Unidos, comprometida com o direito das pessoas, a integração e a eliminação efetiva das diferenças de raça. A segunda é como a militância a favor da integração é ainda percebida pela extrema direita americana como uma ameaça, manifestada não só pela fraude da Fox, mas sobretudo pela reação amedrontada do governo Obama, que felizmente logo voltou atrás.”

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