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O cyberguerreiro esquecido do Irã

Seu nome é Hossein Ronaghi Maleki, ou como ele era mais conhecido no Facebook, Babak Khorramdin, o heroi iraniano que resistiu aos invasores árabes de seu castelo em Badh por mais de vinte anos. Hossein é um geninho da TI, um gênio que decidiu usar sua inteligência para servir ao seu povo na luta contra o controle do governo sobre censura de informação e notícias. Durante os protestos pós-fraude eleitoral […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 6 de setembro de 2010 às, 16h51.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 11h19.

liberdade Seu nome é Hossein Ronaghi Maleki, ou como ele era mais conhecido no Facebook, Babak Khorramdin, o heroi iraniano que resistiu aos invasores árabes de seu castelo em Badh por mais de vinte anos.

Hossein é um geninho da TI, um gênio que decidiu usar sua inteligência para servir ao seu povo na luta contra o controle do governo sobre censura de informação e notícias. Durante os protestos pós-fraude eleitoral do ano passado, Hossein teve um papel importante no fornecimento de anti-filtros e proxies atualizados antes dos dias esperados de protesto, que foram então rapidamente espalhados entre a cybercomunidade iraniana, para ajudar os jornalistas cidadãos a mostrar ao mundo o que acontecia dentro do Irã. Sua prisão se tornou a prioridade máxima do ministério da inteligência. O Supremo Líder, Khamanei, era o Califa moderno, obcecado em capturar o Babak de hoje, que estava agitando as bases de seu governo a partir de suas trincheiras cibernéticas.

Quando o Babak da história foi capturado, o Califa Abbassid, Al-Mu’tassam, queria enviar a mensagem mais devastadora aos seguidores de Babak, dando-lhe o castigo mais bárbaro. O Califa ordenou aos seus capangas que cortassem as pernas e braços de Babak uma por uma, para fazê-lo ter uma morte lenta.

Babak bravamente pintou seu rosto com o sangue que jorrava de seus cortes, assim impedindo que o Califa e o resto do exército Abbasid vissem seu rosto empalidecer devido à perda de sangue, para que eles não pudessem ter a impressão de que ele parecia assustado.

Desde sua captura, Hossein foi submetido às torturas mais horripilantes, e para piorar as coisas, ele sofre de doenças no coração e rins. Seu irmão Hassan também foi preso, mesmo sem ter qualquer tipo de papel em atividades políticas. Para colocar ainda mais pressão sobre Hossein, com o intuito de quebrá-lo, ele foi forçado a assistir seu irmão sendo torturado por um mês, o que levou a ter problemas no pescoço.

O regime está negando tratamento médico a Hossein. Na última vez que ele teve uma conversa telefônica com sua mãe, ele mal consegui terminar sua ligação por uma tosse severa e constante.

Hossein Ronaghi-Maleki, nosso equivalente atual a Babak Khorramdin, agora está em greve de fome, e resistindo a todas as pressões bárbaras do regime para aparecer na TV estatal e fazer uma confissão falsa. Ele pinta o rosto com sangue para negar aos brutamontes do regime a satisfação de vê-lo derrotado.

Enquanto tanta gente recebe prêmios e aclamações imerecidas, sem nunca ter contribuído para quebrar a censura à Internet no Irã, com muito hype em programas anti-filtros que não existem, o verdadeiro heroi da revolução cyber do Irã, Hossein Ronaghi-Maleki permanece esquecido e abandonado, mas continua firme e resoluto até o fim.

Publicado no blog de Potkin Azarmehr
Tradução: Anna Lim (annixvds@gmail.com)