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O caso Bruno

Por Angelo da C.I.A. Perturbadora esta história do assassinato da ex-amante do Goleiro Bruno. Ela coloca em xeque todas as crenças, tudo o que norteia o nosso Código Penal e também o pensamento dominante no que diz respeito à criminalidade. Por fim, tem um elemento fundamental que extrapola uma das peculiaridades de nossa sociedade. A teoria mais aceita no Brasil, graças ao domínio intelectual da esquerda, é a de que […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2010 às 17h47.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h37.

Por Angelo da C.I.A.

Perturbadora esta história do assassinato da ex-amante do Goleiro Bruno. Ela coloca em xeque todas as crenças, tudo o que norteia o nosso Código Penal e também o pensamento dominante no que diz respeito à criminalidade. Por fim, tem um elemento fundamental que extrapola uma das peculiaridades de nossa sociedade.

A teoria mais aceita no Brasil, graças ao domínio intelectual da esquerda, é a de que a pobreza leva ao crime. Dizem que a pobreza do indivíduo, catalizada por uma suposta revolta ulterior ao enxergar a desigualdade social, gera a criminalidade, notadamente nas grandes cidades. Mesmo sendo um país onde o populismo é um monopólio dos políticos de esquerda, conseguiram fundir esta idéia claramente demofóbica e discriminatória:  Todo pobre é um bandido em potencial!

Não é à toa que quando há um crime praticado por milionários a gritaria é muito maior. Tanto melhor se o caso envolver um branquelo ou gente com sobrenome estrangeiro. O pensamento geral é “como pode uma pessoa que tem tudo fazer uma coisa dessas?”, o que no juízo das pessoas serve como agravante para o crime.

Acontece que dinheiro ou falta dele não influenciam no mais importante ao se cometer um crime, especialmente os mais graves: A moral do criminoso. O dinheiro não traz consciência, não compra corretude ou dignidade ao íntimo do ser humano. Some-se a isto um agravante terrível no caso brasileiro que é a sensação de impunidade e você tem este imenso incentivo à criminalidade. Menores de idade não roubam comida ou suprimentos mas apenas objetos de desejo burguês. Roubam por status, não por necessidade. Karl Marx cuspiria na cara de pivetes que roubam relógios e apetrechos fúteis das “outras classes” para se assemelharem a eles. São traidores! Mesmo quando roubam para manter o vício nas drogas, a mercadoria só é valiosa por toda a ilusão de “pertencimento” que ela causará em quem a comprará, provavelmente alguém que não teria dinheiro para comprar o mesmo produto numa loja oficial.

O caso de Bruno tem tudo isto. Ele tinha dinheiro, muito dinheiro, e não há como alegar um passado de suposta pobreza e dificuldade como atenuante. Nos casos de Adriano, Vágner Love e Robinho ( mais antigo, lembram, quando fez um gol e ofereceu a um traficante da Baixada Santista? ) chega a ser verossímil a desculpa de que mantém as mesmas amizades da infância, e que não há porquê se separar destes só por terem obtido sucesso. É ridículo, mas soa bem aos ouvidos da maioria. Já com Bruno, que lealdade de infância geraria um pacto que ao cabo chegou aos crimes de sequestro, tortura, espancamento e assassinato?

Como cereja do bolo há esta coisa tão típica do brasileiro querer ser amigo do ou o próprio Rei. Quem nunca usou ou ouviu falar do auxílio de alguém com “contatos” para quebrar uma multa qualquer, para regularizar algum bem, obter informações privilegiadas, acelerar processos ou quitar algum imposto? O conhecimento é determinante no Brasil somente neste sentido, conhecimento de pessoas para obtenção de facilidades. No caso de um ídolo do esporte mais milionário e popular, estando no maior clube justamente do Estado onde malandragem é vendida por muitos dali como virtude, chega a ser compreensível que ele achasse que realmente poderia sair limpo de toda a história.

O crime é cometido em primeiríssima mão por pessoas más. Por mais que soe piegas e simplório é a cristalina verdade. Talvez não por uma pessoa “em tudo má”, mas com um impulso que em determinado momento lhe fugiu ao controle. A vontade de quebrar algumas regras pode até estar no DNA da nossa espécie mas é uma soma fria da possibilidade de sucesso com a falta de freios morais de alguns que faz com que somente uma minoria seja criminosa. As Leis e especificamente o Código Penal imaginam que o Sistema Prisional vá curar as pessoas das más influências que a sociedade lhes impõe… É besteira e desperdício de dinheiro. As penas devem servir apenas como resgate do mal feito direta ou indiretamente a terceiros e também como inibidora do potencial de repetição dos mesmos males a outros, nada mais do que isto.

Indo ao extremo da caretice, vejam a sequência de atos condenáveis: Um homem casado e de família constituída, acostumado a orgias diversas, se envolve com uma amante e engravida-a; Sugere o aborto, e parece ter tentado forçá-la a fazer isto. Até aqui pequenas subversões para muita gente. Aliás, é curioso que ninguém tenha defendido a liberação do aborto usando o caso de Bruno como mote, não é mesmo? Fosse o aborto liberado o ato final desta peça macabra não teria ocorrido! Engraçado também pois um dos principais argumentos pró-aborto seria o direito da mulher decidir o que fazer “com seu corpo”, e a vítima DECIDIU, foi autônoma em seguir com a gravidez, enquanto Bruno quis decidir sobre ela. Isto tudo acabou desta forma que nos choca a cada nova descoberta, o que, é bom ressaltar, não quer dizer que estou tratando todo infiel e pró-abortista como portador de um Bruno interior.

Eu não sou especialista em criminologia, muito menos em mente de psicopatas. Talvez gostaria de ser um especialista em seres humanos, desses que fundem destino à origem e vêem criminosos como coadjuvantes da própria vida, sempre protagonizada por um “outro” culpado:  sociedade, consumismo, capitalismo ou desigualdade social… Eu só não entendo como a maldade intrínseca ao homem, algo que se percebe pela simples observação de qualquer criança, tenha escapado a toda teoria que faz nossa sociedade ser tão errada no combate ao crime e aos criminosos.

Publicado no blog  “Angelo da CIA”

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Por Angelo da C.I.A.

Perturbadora esta história do assassinato da ex-amante do Goleiro Bruno. Ela coloca em xeque todas as crenças, tudo o que norteia o nosso Código Penal e também o pensamento dominante no que diz respeito à criminalidade. Por fim, tem um elemento fundamental que extrapola uma das peculiaridades de nossa sociedade.

A teoria mais aceita no Brasil, graças ao domínio intelectual da esquerda, é a de que a pobreza leva ao crime. Dizem que a pobreza do indivíduo, catalizada por uma suposta revolta ulterior ao enxergar a desigualdade social, gera a criminalidade, notadamente nas grandes cidades. Mesmo sendo um país onde o populismo é um monopólio dos políticos de esquerda, conseguiram fundir esta idéia claramente demofóbica e discriminatória:  Todo pobre é um bandido em potencial!

Não é à toa que quando há um crime praticado por milionários a gritaria é muito maior. Tanto melhor se o caso envolver um branquelo ou gente com sobrenome estrangeiro. O pensamento geral é “como pode uma pessoa que tem tudo fazer uma coisa dessas?”, o que no juízo das pessoas serve como agravante para o crime.

Acontece que dinheiro ou falta dele não influenciam no mais importante ao se cometer um crime, especialmente os mais graves: A moral do criminoso. O dinheiro não traz consciência, não compra corretude ou dignidade ao íntimo do ser humano. Some-se a isto um agravante terrível no caso brasileiro que é a sensação de impunidade e você tem este imenso incentivo à criminalidade. Menores de idade não roubam comida ou suprimentos mas apenas objetos de desejo burguês. Roubam por status, não por necessidade. Karl Marx cuspiria na cara de pivetes que roubam relógios e apetrechos fúteis das “outras classes” para se assemelharem a eles. São traidores! Mesmo quando roubam para manter o vício nas drogas, a mercadoria só é valiosa por toda a ilusão de “pertencimento” que ela causará em quem a comprará, provavelmente alguém que não teria dinheiro para comprar o mesmo produto numa loja oficial.

O caso de Bruno tem tudo isto. Ele tinha dinheiro, muito dinheiro, e não há como alegar um passado de suposta pobreza e dificuldade como atenuante. Nos casos de Adriano, Vágner Love e Robinho ( mais antigo, lembram, quando fez um gol e ofereceu a um traficante da Baixada Santista? ) chega a ser verossímil a desculpa de que mantém as mesmas amizades da infância, e que não há porquê se separar destes só por terem obtido sucesso. É ridículo, mas soa bem aos ouvidos da maioria. Já com Bruno, que lealdade de infância geraria um pacto que ao cabo chegou aos crimes de sequestro, tortura, espancamento e assassinato?

Como cereja do bolo há esta coisa tão típica do brasileiro querer ser amigo do ou o próprio Rei. Quem nunca usou ou ouviu falar do auxílio de alguém com “contatos” para quebrar uma multa qualquer, para regularizar algum bem, obter informações privilegiadas, acelerar processos ou quitar algum imposto? O conhecimento é determinante no Brasil somente neste sentido, conhecimento de pessoas para obtenção de facilidades. No caso de um ídolo do esporte mais milionário e popular, estando no maior clube justamente do Estado onde malandragem é vendida por muitos dali como virtude, chega a ser compreensível que ele achasse que realmente poderia sair limpo de toda a história.

O crime é cometido em primeiríssima mão por pessoas más. Por mais que soe piegas e simplório é a cristalina verdade. Talvez não por uma pessoa “em tudo má”, mas com um impulso que em determinado momento lhe fugiu ao controle. A vontade de quebrar algumas regras pode até estar no DNA da nossa espécie mas é uma soma fria da possibilidade de sucesso com a falta de freios morais de alguns que faz com que somente uma minoria seja criminosa. As Leis e especificamente o Código Penal imaginam que o Sistema Prisional vá curar as pessoas das más influências que a sociedade lhes impõe… É besteira e desperdício de dinheiro. As penas devem servir apenas como resgate do mal feito direta ou indiretamente a terceiros e também como inibidora do potencial de repetição dos mesmos males a outros, nada mais do que isto.

Indo ao extremo da caretice, vejam a sequência de atos condenáveis: Um homem casado e de família constituída, acostumado a orgias diversas, se envolve com uma amante e engravida-a; Sugere o aborto, e parece ter tentado forçá-la a fazer isto. Até aqui pequenas subversões para muita gente. Aliás, é curioso que ninguém tenha defendido a liberação do aborto usando o caso de Bruno como mote, não é mesmo? Fosse o aborto liberado o ato final desta peça macabra não teria ocorrido! Engraçado também pois um dos principais argumentos pró-aborto seria o direito da mulher decidir o que fazer “com seu corpo”, e a vítima DECIDIU, foi autônoma em seguir com a gravidez, enquanto Bruno quis decidir sobre ela. Isto tudo acabou desta forma que nos choca a cada nova descoberta, o que, é bom ressaltar, não quer dizer que estou tratando todo infiel e pró-abortista como portador de um Bruno interior.

Eu não sou especialista em criminologia, muito menos em mente de psicopatas. Talvez gostaria de ser um especialista em seres humanos, desses que fundem destino à origem e vêem criminosos como coadjuvantes da própria vida, sempre protagonizada por um “outro” culpado:  sociedade, consumismo, capitalismo ou desigualdade social… Eu só não entendo como a maldade intrínseca ao homem, algo que se percebe pela simples observação de qualquer criança, tenha escapado a toda teoria que faz nossa sociedade ser tão errada no combate ao crime e aos criminosos.

Publicado no blog  “Angelo da CIA”

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