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Menos uma ONG

Marco Aurélio Top Garcia, o assessor de Lula para assuntos internacionais e gestos obscenos, pôs uma pedra no assunto dos presos cubanos. Explicou que o governo brasileiro não é ONG para ficar tomando partido. Muito importante esse esclarecimento. Se Top Garcia não avisasse, ninguém ia notar. Na embaixada do Brasil em Honduras, por exemplo, onde Manuel Zelaya, o Zé, esticou sua rede e hospedou dezenas de come-dormes da sua revolução […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 15 de março de 2010 às, 18h23.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 12h09.

Marco Aurélio Top Garcia, o assessor de Lula para assuntos internacionais e gestos obscenos, pôs uma pedra no assunto dos presos cubanos. Explicou que o governo brasileiro não é ONG para ficar tomando partido.

Muito importante esse esclarecimento. Se Top Garcia não avisasse, ninguém ia notar.

Na embaixada do Brasil em Honduras, por exemplo, onde Manuel Zelaya, o Zé, esticou sua rede e hospedou dezenas de come-dormes da sua revolução de brinquedo, quem olhasse a cena juraria que o governo brasileiro era uma ONG chavista.

Quando Lula botou o dedo na cara da chanceler alemã Angela Merkel, para dizer que o tarado atômico do Irã podia fazer o que bem entendesse com seu plutônio clandestino, também deu a nítida impressão de que o governo brasileiro estava tomando partido em assunto dos outros. Ainda bem que era só impressão.

Aliás, quando Ahmadinejad ganhou sua eleição na mão grande, Lula gritou do longínquo Brasil que o pleito iraniano fora legítimo. E que o massacre da oposição nas ruas, incluindo a morte ao vivo da jovem Neda, era só “briga de flamenguistas e vascaínos”.

Que bom saber agora que o governo brasileiro não é ONG para tomar partido em quintal alheio.

Com o esclarecimento didático de Top Garcia, todos passarão a ver com outros olhos a guerra de Hugo Chávez contra a imprensa de seu país – temperada com os pitacos de Lula sobre a saudável democracia praticada na Venezuela. Seria terrível imaginar que o Brasil estivesse tomando o partido do obscurantismo no país vizinho.

Quando o presidente brasileiro fez campanha eleitoral para Evo Morales, aceitando inclusive que ele passasse a mão em investimentos da Petrobras na Bolívia, todo mundo jurou que aquilo era uma tomada de partido.

Nada disso. O Brasil não é ONG, não se mete em assunto interno dos outros, e por isso não tem nada com o sofrimento dos dissidentes esmagados pela ditadura cubana.

Que alívio.

(Publicado em Época)