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Luiz Felipe D’Ávila na Casa do Saber: “Há muitos falsos líderes no poder&

O cientista político e jornalista  Luiz Felipe D’Ávila deu o ponta pé inicial no ciclo de palestras “Brasil, presente e futuro”, promovido pelo Instituto Millenium e pela Casa do Saber Rio. Durante as quase duas horas de palestra, D’Ávila falou sobre “Liderança pública X corrupção”  e definiu liderança como uma dolorosa missão de mudar culturas, crenças e valores. Citou o ex-presidente FHC como líder brasileiro e alertou para a urgência […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 25 de março de 2011 às, 19h57.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 10h21.

O cientista político e jornalista  Luiz Felipe D’Ávila deu o ponta pé inicial no ciclo de palestras “Brasil, presente e futuro”, promovido pelo Instituto Millenium e pela Casa do Saber Rio. Durante as quase duas horas de palestra, D’Ávila falou sobre “Liderança pública X corrupção”  e definiu liderança como uma dolorosa missão de mudar culturas, crenças e valores. Citou o ex-presidente FHC como líder brasileiro e alertou para a urgência das reformas institucionais, que sofrem com a corrupção.

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Luiz Felipe D’Ávila – “Liderança pública X corrupção”

“O verdadeiro líder tem a difícil missão de educar a opinião pública, ao invés de doutriná-la, como muito se tem visto por aí”, disse o cientista político. “Há muitos falsos líderes no poder, sempre fazendo contraponto à democracia e às liberdades”, acrescentou.

Segundo D’Ávila, a liderança pública abriga três grandes desafios: a criação de senso de urgência, para que as pessoas se disponham a mudar seus valores; a disposição em correr risco político, já que dependem do voto popular; e a capacidade de institucionalizar as mudanças transformadoras. Como exemplos, citou Gorbachev, Nelson Mandela, Roosevelt e o ex-presidente do Brasil Fernando Henrique Cardoso. O último, por ter implantado o Plano Real com a mesma equipe que havia posto em prática o Plano Cruzado anos antes. “FHC fez questão de que as pessoas entendessem de fato a situação no país e a necessidade da criação do plano real. Foi algo praticamente didático. E mais, fez com que a população se sentisse co-responsável pela criação do Plano Real, uma técnica de liderança”.

Corrupção

“A corrupção é um sinal de que há instituições que precisam ser reformadas”, disse D’Ávila, ao defini-la como “o sintoma de um órgão doente, e não a causa.” Os principais sintomas, muito conhecidos pelos brasileiros, foram enumerados: mau funcionamento das instituições, governos autoritários, decisões arbitrárias, liberdades restritas e baixo crescimento econômico.

Foram citados também vários exemplos de corrupção pelo mundo, como na Rússia, país com alta incidência. “Sistemas corruptos acabam com a economia de um país e abrem um vácuo de desconfiança nas instituições, como se vê em países com excesso de poupança”.  Os abalos na economia não param por ai. Luiz Felipe D’Ávila comentou a necessidade de um choque de gestão. Segundo ele, a corrupção se prolifera como vírus e tem que se desvincular desse “jeitinho brasileiro”. “Acreditar que o Brasil pode crescer dependendo eternamente de um estado forte e da poupança externa é ilusão.” De acordo com o especialista, o governo brasileiro consome mais de 40% do PIB e gasta, por exemplo, 12% do PIB com previdência, valor per capita igual ao da Alemanha, cuja população é três vezes mais velha.