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Lâmpada recarregável

Espera-nos um verão inseguro, onde se anunciam cortes de eletricidade, alta de preços e até se prognostica uma dispersão migratória. Com certeza, muitos cubanos ante o dilema de solucionar suas dificuldades cotidianas ou tentar mudar algo, preferem se concentrar na sobrevivência pessoal. Organizam a escapada no âmbito das fronteiras nacionais, esquivando-se das leis ou – o que dá no mesmo – delinquindo. Não são só aqueles que entram pela janela […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 27 de junho de 2009 às 20h39.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h31.

Espera-nos um verão inseguro, onde se anunciam cortes de eletricidade, alta de preços e até se prognostica uma dispersão migratória. Com certeza, muitos cubanos ante o dilema de solucionar suas dificuldades cotidianas ou tentar mudar algo, preferem se concentrar na sobrevivência pessoal. Organizam a escapada no âmbito das fronteiras nacionais, esquivando-se das leis ou – o que dá no mesmo – delinquindo. Não são só aqueles que entram pela janela do armazem à noite, os que roubam uma mochila de um turista inocente, mas também o lojista que frauda as faturas ou o guardião que viola o selo do recipiente que deveria proteger. Há uma forma de infringir as leis, socialmente aceita, que consiste em roubar do Estado. Dentro dela se move o garçom que aumenta os preços ou introduz no restaurante insumos adquiridos por sua conta para vendê-los como se fossem “da casa” e o comerciante que muda a lista de consumidores do mercado racionado para dispor das mercadorias que sobram.

A linha da ilegalidade passa também pelo encarregado da recepção de um hotel que – em conluio com o administrador – vende um quarto que nunca registra, o taxista que faz uma viagem sem ativar o taxímetro ou o torneiro que fabrica uma peça “por fora” do seu plano de produção. O alfandegário deixa passar objetos proibidos, o policial não aplica uma multa, a funcionária de um escritório municipal do instituto de moradia acelera um trâmite, o professor eleva uma qualificação e o inspetor torna-se cego frente as infrações que deve reportar.

Com os ganhos resultantes dessas “feitorias” reforçam as paredes da bolha que os protege dos discursos, porém que também os dissuade de protestar publicamente. O fruto de tantas ilegalidades termina sobre os balcões das lojas em divisas estrangeiras e materializa-se nessa lâmpada recarregável que este verão iluminará algumas casas. Entretanto, lá fora, que lhes importa que reine o apagão.

(Publicado emGeração Y)

Espera-nos um verão inseguro, onde se anunciam cortes de eletricidade, alta de preços e até se prognostica uma dispersão migratória. Com certeza, muitos cubanos ante o dilema de solucionar suas dificuldades cotidianas ou tentar mudar algo, preferem se concentrar na sobrevivência pessoal. Organizam a escapada no âmbito das fronteiras nacionais, esquivando-se das leis ou – o que dá no mesmo – delinquindo. Não são só aqueles que entram pela janela do armazem à noite, os que roubam uma mochila de um turista inocente, mas também o lojista que frauda as faturas ou o guardião que viola o selo do recipiente que deveria proteger. Há uma forma de infringir as leis, socialmente aceita, que consiste em roubar do Estado. Dentro dela se move o garçom que aumenta os preços ou introduz no restaurante insumos adquiridos por sua conta para vendê-los como se fossem “da casa” e o comerciante que muda a lista de consumidores do mercado racionado para dispor das mercadorias que sobram.

A linha da ilegalidade passa também pelo encarregado da recepção de um hotel que – em conluio com o administrador – vende um quarto que nunca registra, o taxista que faz uma viagem sem ativar o taxímetro ou o torneiro que fabrica uma peça “por fora” do seu plano de produção. O alfandegário deixa passar objetos proibidos, o policial não aplica uma multa, a funcionária de um escritório municipal do instituto de moradia acelera um trâmite, o professor eleva uma qualificação e o inspetor torna-se cego frente as infrações que deve reportar.

Com os ganhos resultantes dessas “feitorias” reforçam as paredes da bolha que os protege dos discursos, porém que também os dissuade de protestar publicamente. O fruto de tantas ilegalidades termina sobre os balcões das lojas em divisas estrangeiras e materializa-se nessa lâmpada recarregável que este verão iluminará algumas casas. Entretanto, lá fora, que lhes importa que reine o apagão.

(Publicado emGeração Y)

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