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Lamentável

Como se não bastasse o apoio ao Irã, o presidente Lula continua a prestar um desserviço à democracia, transparência e à igualdade perante a lei com suas declarações a respeito dos escândalos que pipocam no Senado. Na página 9 do O Globo de hoje, lá está: “Lula critica imprensa e volta a defender Sarney“. De novo, o presidente usa os mesmos argumentos: de que o “denuncismo” pode levar a sociedade […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 24 de junho de 2009 às, 21h59.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h31.

Como se não bastasse o apoio ao Irã, o presidente Lula continua a prestar um desserviço à democracia, transparência e à igualdade perante a lei com suas declarações a respeito dos escândalos que pipocam no Senado. Na página 9 do O Globo de hoje, lá está: “Lula critica imprensa e volta a defender Sarney“. De novo, o presidente usa os mesmos argumentos: de que o “denuncismo” pode levar a sociedade “a desacreditar de tudo”. Segundo o Globo, o presidente “frisou que não se pode criar um processo que leve à paralisia do Legislativo por conta de algo que, segundo ele, ‘acontece há 40, 50 anos'”. Lula parece esquecer do discurso pró-moralidade e pró-ética do PT antes de chegar ao poder, não é?

“Predileção pela desgraça”?
Lula ainda declarou: “Não vamos fazer disto uma coisa nacional porque temos coisas mais importantes a discutir no Brasil. Eu acho que o povo brasileiro já viu muitos escândalos divulgados em verso e prosa que depois não dão em absolutamente nada“. Disse também que a imprensa tem “predileção pela desgraça”:

“É uma perda de valor. Não consigo entender por que a predileção pela desgraça. Tanta coisa boa que acontece no cotidiano do povo brasileiro. Mas quando a gente liga uma televisão ou vê um jornal, o que está estampada é a desgraça. É como se ela fosse a única coisa que existisse. Nós sabemos que tem problema. Agora, o fato de você mostrar a desgraça sem apontar um caminho também não resolve. Desgraça pela desgraça também não resolve o problema”.

Se a defesa do que está na Constituição brasileira (artigo 37) não pode ser considerada digna de discussão, pode-se imaginar o que passaria pelo crivo de alguma agência oficial de notícias que viesse a “filtrar” (perdoem o excesso de aspas neste texto, por favor…) o que deveria ou não ser divulgado ou discutido…

Em tempo, senhor presidente: adivinhe a quem cabe, em uma sociedade democrática, “apontar um caminho” quando as “desgraças” são reveladas? Infelizmente, a julgar pelo que suas declarações revelam, esse caminho parece ser o pior possível.

(Foto: Hakanu, Flickr)