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Jornalistas em fuga

Do O Globo: TEMOR DE REPRESÁLIA E FECHAMENTO DE JORNAIS LEVAM PROFISSIONAIS A DEIXAREM O IRÃ Por dois meses, Ehsan Maleki viajou pelo Irã levando uma mochila com a sua câmera, algumas roupas e o laptop, fotografando o candidato reformista Mir Hussein Moussavi durante a campanha presidencial. Ele não sabia que em pouco tempo esses se tornariam seus únicos pertences, ou que teria que engatinhar para fora do país, escondido […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2009 às 19h38.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h10.

Do O Globo:

TEMOR DE REPRESÁLIA E FECHAMENTO DE JORNAIS LEVAM PROFISSIONAIS A DEIXAREM O IRÃ

Por dois meses, Ehsan Maleki viajou pelo Irã levando uma mochila com a sua câmera, algumas roupas e o laptop, fotografando o candidato reformista Mir Hussein Moussavi durante a campanha presidencial. Ele não sabia que em pouco tempo esses se tornariam seus únicos pertences, ou que teria que engatinhar para fora do país, escondido no meio de ovelhas.

Maleki, de 29 anos, é um entre as dezenas de repórteres, fotógrafos e blogueiros que fugiram ou tentam fugir do Irã após a contestada eleição presidencial de junho. A organização Repórteres Sem Fronteiras, que monitora a liberdade de imprensa, revelou que o número de jornalistas deixando o Irã é o maior desde a Revolução Islâmica, em 1979. Por Nazila Fathi, New York Times

A onda de partida reflete o temor quanto à represália que muitos têm enfrentado por registrar a violenta repressão aos protestos pós-eleição. À medida que os conflitos aconteciam nas ruas de Teerã, o governo restringia o fluxo de informações ao mundo exterior. Jornalistas estrangeiros foram banidos e os do país, advertidos a ficarem em casa.

Alguns desafiaram as ordens, disseminando informações por entrevistas por telefone, sites ou enviando fotos a agências. Agora, pagam o preço.

Muitos em Teerã, incluindo o repórter da “Newsweek” Maziar Bahari , estão presos. Alguns são réus em julgamentos em massa. Os editores de blogs que informaram sobre as mortes de manifestantes estão escondidos.

O jornalista Mahmoud Shamsolvaezin, especialista em mídia em Teerã, estima que dois mil jornalistas iranianos perderam os empregos recentemente.

Quatrocentos deles o procuraram para pedirem carta de referência em busca de emprego no exterior: — Os jornalistas partem mais do que outros grupos porque o governo tem fechado jornais e vem intimidando-os.

Seis jornais foram fechados nos últimos seis meses. Na semana passada, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que a mídia era uma arma, “pior do que a nuclear”, nas mãos de países ocidentais.

Os jornalistas que deixam o Irã pertencem a uma variedade de organizações, não só às que simpatizam com a oposição.

Dois jornalistas da TV estatal fugiram para Itália e Reino Unido. Pelo menos dois fotógrafos que trabalhavam para a agência Fars também fugiram. Entre os jornalistas que partiram está a autora desta reportagem, que após cobrir os protestos sentiu que sua segurança em risco.

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Do O Globo:

TEMOR DE REPRESÁLIA E FECHAMENTO DE JORNAIS LEVAM PROFISSIONAIS A DEIXAREM O IRÃ

Por dois meses, Ehsan Maleki viajou pelo Irã levando uma mochila com a sua câmera, algumas roupas e o laptop, fotografando o candidato reformista Mir Hussein Moussavi durante a campanha presidencial. Ele não sabia que em pouco tempo esses se tornariam seus únicos pertences, ou que teria que engatinhar para fora do país, escondido no meio de ovelhas.

Maleki, de 29 anos, é um entre as dezenas de repórteres, fotógrafos e blogueiros que fugiram ou tentam fugir do Irã após a contestada eleição presidencial de junho. A organização Repórteres Sem Fronteiras, que monitora a liberdade de imprensa, revelou que o número de jornalistas deixando o Irã é o maior desde a Revolução Islâmica, em 1979. Por Nazila Fathi, New York Times

A onda de partida reflete o temor quanto à represália que muitos têm enfrentado por registrar a violenta repressão aos protestos pós-eleição. À medida que os conflitos aconteciam nas ruas de Teerã, o governo restringia o fluxo de informações ao mundo exterior. Jornalistas estrangeiros foram banidos e os do país, advertidos a ficarem em casa.

Alguns desafiaram as ordens, disseminando informações por entrevistas por telefone, sites ou enviando fotos a agências. Agora, pagam o preço.

Muitos em Teerã, incluindo o repórter da “Newsweek” Maziar Bahari , estão presos. Alguns são réus em julgamentos em massa. Os editores de blogs que informaram sobre as mortes de manifestantes estão escondidos.

O jornalista Mahmoud Shamsolvaezin, especialista em mídia em Teerã, estima que dois mil jornalistas iranianos perderam os empregos recentemente.

Quatrocentos deles o procuraram para pedirem carta de referência em busca de emprego no exterior: — Os jornalistas partem mais do que outros grupos porque o governo tem fechado jornais e vem intimidando-os.

Seis jornais foram fechados nos últimos seis meses. Na semana passada, o presidente Mahmoud Ahmadinejad disse que a mídia era uma arma, “pior do que a nuclear”, nas mãos de países ocidentais.

Os jornalistas que deixam o Irã pertencem a uma variedade de organizações, não só às que simpatizam com a oposição.

Dois jornalistas da TV estatal fugiram para Itália e Reino Unido. Pelo menos dois fotógrafos que trabalhavam para a agência Fars também fugiram. Entre os jornalistas que partiram está a autora desta reportagem, que após cobrir os protestos sentiu que sua segurança em risco.

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