João Mauad: Por que os piores chegam ao poder
"Quando alguém que respeita os direitos naturais de todos dificilmente obterá sucesso"
institutomillenium
Publicado em 24 de setembro de 2018 às 11h38.
Última atualização em 27 de setembro de 2018 às 10h24.
* Por João Luiz Mauad
“Quando a opinião pública, equivocadamente, honra o que é desprezível e despreza o que é honroso; pune a virtude e recompensa o vício; encoraja o que é prejudicial e desencoraja o que é útil; aplaude a falsidade e sufoca a verdade sob a indiferença ou o insulto, uma nação vira as costas para o progresso, que só pode ser restaurado pelas terríveis lições da catástrofe.” Frèdèric Bastiat
No estágio atual da campanha presidencial, de acordo com as últimas pesquisas, os dois candidatos mais prováveis para chegar ao segundo turno são um ignorante, bombástico, vulgar e histriônico, adepto de soluções simples e fáceis para problemas complexos, cujo conhecimento dos princípios econômicos mais básicos inexiste, e um inexpressivo marionete nas mãos de um presidiário demagogo, populista e sem qualquer caráter.
Para quem já leu o livro de Hayek, ‘O Caminho da Servidão’, a atual campanha eleitoral para a presidência de Pindorama não pode deixar de lembrar o capítulo em que o austríaco explica ‘por que os piores chegam ao topo’. Segundo Hayek, a ascensão de indivíduos deploráveis ao topo da política é precisamente o que qualquer um com uma visão realista da história e um pouco de treino em teoria da escolha pública esperaria.
Leia mais de João Luiz Mauad:
Os perigos do coletivismo
O que devemos aprender com a Venezuela
Brasileiros enfeitiçados pelo dirigismo estatal
Considere primeiro que a política é um empreendimento competitivo. Em segundo, pense que os parâmetros institucionais são ainda rudimentares por estas bandas, vale dizer, a justiça eleitoral é fraca e corporativista demais para coibir o jogo sujo dos candidatos. Nesse ambiente, que tipo de pessoa é mais provável de ser bem sucedido?
Dadas as realidades institucionais, psicológicas, ideológicas e econômicas de Pindorama, ninguém terá êxito eleitoral se não violar uma série de princípios morais e até legais. Imagine um aspirante à presidência que insistisse em sempre dizer a verdade e falasse claramente, sem evasão ou distorção, das questões; um candidato que propusesse apenas políticas viáveis e racionais para promover o interesse geral, ao invés de planos utópicos, recheados de promessas irrealizáveis ou contrárias ao interesse coletivo. O leitor há de concordar que tal candidato é alguém sem a menor chance de vitória.
Mas por que muitas daquelas virtudes que geralmente esperaríamos das pessoas em suas vidas privadas estão tão manifestamente ausentes nos indivíduos mais bem sucedidos na política? A resposta está na natureza do próprio governo democrático. Tocqueville vaticinou, em relação à república americana, que ela duraria apenas “ até o dia em que o Congresso descobrir que pode subornar o público com o dinheiro do público.”
Objetivamente, isso já ocorre em Pindorama faz tempo. Portanto, ainda parafraseando Tocqueville, é impossível acreditar que um governo liberal, institucional, eficiente e voltado para o interesse geral possa emergir das cédulas de votação de uma nação corrompida e ávida pelos favores estatais.
O fato é que somente pessoas desonestas, escorregadias, evasivas, sedentas de poder e inescrupulosas têm o que é preciso para ter sucesso em um sistema cujas fundações são a mentira e o engodo. Ou, nas palavras do grande Thomas Sowell: “ O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfazê-las.”
Com efeito, há uma razão pela qual os líderes da campanha eleitoral de hoje são indivíduos tão desprezíveis: eles têm a vantagem comparativa necessária para alcançar o ápice do poder político num sistema corrompido pelos favores do Estado. Por outro lado, quando alguém que respeita os direitos naturais de todos, e abomina a desonestidade, a extorsão, a agressão e a violência desnecessária, pisa na arena política, dificilmente (ou só por um milagre) obterá sucesso.
* João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”. Escreve regularmente para o site do Instituto Liberal.
Veja mais no Instituto Millenium
* Por João Luiz Mauad
“Quando a opinião pública, equivocadamente, honra o que é desprezível e despreza o que é honroso; pune a virtude e recompensa o vício; encoraja o que é prejudicial e desencoraja o que é útil; aplaude a falsidade e sufoca a verdade sob a indiferença ou o insulto, uma nação vira as costas para o progresso, que só pode ser restaurado pelas terríveis lições da catástrofe.” Frèdèric Bastiat
No estágio atual da campanha presidencial, de acordo com as últimas pesquisas, os dois candidatos mais prováveis para chegar ao segundo turno são um ignorante, bombástico, vulgar e histriônico, adepto de soluções simples e fáceis para problemas complexos, cujo conhecimento dos princípios econômicos mais básicos inexiste, e um inexpressivo marionete nas mãos de um presidiário demagogo, populista e sem qualquer caráter.
Para quem já leu o livro de Hayek, ‘O Caminho da Servidão’, a atual campanha eleitoral para a presidência de Pindorama não pode deixar de lembrar o capítulo em que o austríaco explica ‘por que os piores chegam ao topo’. Segundo Hayek, a ascensão de indivíduos deploráveis ao topo da política é precisamente o que qualquer um com uma visão realista da história e um pouco de treino em teoria da escolha pública esperaria.
Leia mais de João Luiz Mauad:
Os perigos do coletivismo
O que devemos aprender com a Venezuela
Brasileiros enfeitiçados pelo dirigismo estatal
Considere primeiro que a política é um empreendimento competitivo. Em segundo, pense que os parâmetros institucionais são ainda rudimentares por estas bandas, vale dizer, a justiça eleitoral é fraca e corporativista demais para coibir o jogo sujo dos candidatos. Nesse ambiente, que tipo de pessoa é mais provável de ser bem sucedido?
Dadas as realidades institucionais, psicológicas, ideológicas e econômicas de Pindorama, ninguém terá êxito eleitoral se não violar uma série de princípios morais e até legais. Imagine um aspirante à presidência que insistisse em sempre dizer a verdade e falasse claramente, sem evasão ou distorção, das questões; um candidato que propusesse apenas políticas viáveis e racionais para promover o interesse geral, ao invés de planos utópicos, recheados de promessas irrealizáveis ou contrárias ao interesse coletivo. O leitor há de concordar que tal candidato é alguém sem a menor chance de vitória.
Mas por que muitas daquelas virtudes que geralmente esperaríamos das pessoas em suas vidas privadas estão tão manifestamente ausentes nos indivíduos mais bem sucedidos na política? A resposta está na natureza do próprio governo democrático. Tocqueville vaticinou, em relação à república americana, que ela duraria apenas “ até o dia em que o Congresso descobrir que pode subornar o público com o dinheiro do público.”
Objetivamente, isso já ocorre em Pindorama faz tempo. Portanto, ainda parafraseando Tocqueville, é impossível acreditar que um governo liberal, institucional, eficiente e voltado para o interesse geral possa emergir das cédulas de votação de uma nação corrompida e ávida pelos favores estatais.
O fato é que somente pessoas desonestas, escorregadias, evasivas, sedentas de poder e inescrupulosas têm o que é preciso para ter sucesso em um sistema cujas fundações são a mentira e o engodo. Ou, nas palavras do grande Thomas Sowell: “ O fato de que muitos políticos de sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política, é também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente os mentirosos podem satisfazê-las.”
Com efeito, há uma razão pela qual os líderes da campanha eleitoral de hoje são indivíduos tão desprezíveis: eles têm a vantagem comparativa necessária para alcançar o ápice do poder político num sistema corrompido pelos favores do Estado. Por outro lado, quando alguém que respeita os direitos naturais de todos, e abomina a desonestidade, a extorsão, a agressão e a violência desnecessária, pisa na arena política, dificilmente (ou só por um milagre) obterá sucesso.
* João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (EBAP/FGV-RJ), João Luiz Mauad é articulista dos jornais “O Globo” e “Diário do Comércio”. Escreve regularmente para o site do Instituto Liberal.