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Forum Liberdade de Imprensa – 2

O primeiro painel “A indústria jornalística e sua herança democrática: desafios emergentes” teve como convidados Ricardo Gandour do Grupo Estado, Heródoto Barbeiro, do Roda Viva e José Augusto de Oliveira Camargo (Guto Camargo) da FENAJ. O painel, moderado por Igor Ribeiro, editor da revista Imprensa, buscou “discutir como a grande mídia construiu a liberdade de imprensa depois da abertura política e por que é importante a existência de uma mídia […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2009 às 14h00.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h44.

O primeiro painel “A indústria jornalística e sua herança democrática: desafios emergentes” teve como convidados Ricardo Gandour do Grupo Estado, Heródoto Barbeiro, do Roda Viva e José Augusto de Oliveira Camargo (Guto Camargo) da FENAJ. O painel, moderado por Igor Ribeiro, editor da revista Imprensa, buscou “discutir como a grande mídia construiu a liberdade de imprensa depois da abertura política e por que é importante a existência de uma mídia forte para o fortalecimento da democracia”.

Ricardo Gandour focou seus comentários na questão da sustentabilidade e o uso predatório de recursos nos três setores. Na imprensa, segundo ele, a preocupação com a sustentabilidade se reflete numa convergência de interesses entre veículos e leitores.

Sobre o fim da Lei de Imprensa, Gandour manifestou-se a favor da existência de alguma regulamentação mínima. Ele espera que, com o fim da lei, não reste um vácuo regulatório na área. O jornalista disse que apenas zelar pela liberdade de imprensa não é suficiente, mas sim zelar para que a sociedade reconheça a importância de uma imprensa livre, “com novas mídias, mas com antigos princípios”.

Heródoto Barbeiro colocou a questão “quem pode ser jornalista” e fez uso de sua formação em História ao explanar o papel da mídia desde a Revolução Francesa, passando pela época da ditadura e chegando aos dias atuais e a internet. Para ele, o aumento do número de fontes de informação ao longo da história permitiu ao público formar e também emitir opinião – principalmente hoje, através das novas mídias. Heródoto Barbeiro chama de jornalismo a “ prática diária da inteligência somada ao exercício do caráter”.

Guto Camargo mencionou o papel da mídia na construção da liberdade de imprensa como parceira de instituições que lutaram contra a ditadura. Voltou à proposta de discussão de Heródoto Barbeiro sobre “o que é jornalismo”, e falou sobre a questão acadêmica e a visão sindical para o exercício do jornalismo. Esta volta a uma tentativa de definição de jornalismo desencadeou um breve debate entre Heródoto e Guto sobre a regulamentação da profissão.

A conferência “Um blog não é uma ilha: a liberdade na ponta dos dedos” foi o ponto alto do evento, com a participação de Yoani Sanchez via vídeo e telefone. A blogueira cubana falou sobre a restrição da liberdade de imprensa em Cuba e sua experiência com o blog “Generación Y”.


The video cannot be shown at the moment. Please try again later.

Ainda que tardia: as ferramentas digitais de colaboração e a liberdade de expressão” foi o nome do terceiro painel que contou com a participação de Lia Rangel da IPTV Cultura, e dos blogueiros Rosana Hermann e Tiago Doria. O objetivo do painel foi mostrar a contribuição das novas mídias para a liberdade de expressão, além de seus pontos positivos e negativos.

Lia Rangel, responsável pelo painel participativo do programa Roda Viva, comentou sobre a “Produção Participativa” e a importância dos canais de diálogo para uma interação entre jornalismo e público. Sobre o tema principal do evento, manifestou preocupação com o projeto de lei do Senador Azeredo, que prevê a identificação obrigatória dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails, conversas em salas de bate-papo, criação de blogs, entre outros. Para Lia, o projeto é uma possível ameaça à liberdade de expressão.

Sobre possíveis ferramentas de controle da internet, Rosana Hermann disse que o desconhecimento técnico pode ser uma barreira na defesa dos usuários de internet quando lidam com juízes e advogados que não dominam as novas mídias, seus termos técnicos e funcionalidades: ao não compreenderem a fundo o que estão julgando, desconhecem sobre o que estão decidindo.

Rosana falou também sobre os limites da liberdade na internet quando se lida com ofensas: “É preciso discutir o que é liberdade eo que fazer com ela. Infelizmente, o que se vê na internet como liberdade é o direito de ofender publicamente o outro”. Ela alertou para o que chama de “espírito de porco inerente ao ser humano” que conspira contra a credibilidade de sites participativos e colaborativos.

Tiago Doria também falou sobre o lado negativo das novas mídias que, apesar de contribuírem para a liberdade de expressão, também são usadas para tolher a liberdade, como na ocasião em que foram utilizadas para a contrainformação na Moldávia.

(continua..)

O primeiro painel “A indústria jornalística e sua herança democrática: desafios emergentes” teve como convidados Ricardo Gandour do Grupo Estado, Heródoto Barbeiro, do Roda Viva e José Augusto de Oliveira Camargo (Guto Camargo) da FENAJ. O painel, moderado por Igor Ribeiro, editor da revista Imprensa, buscou “discutir como a grande mídia construiu a liberdade de imprensa depois da abertura política e por que é importante a existência de uma mídia forte para o fortalecimento da democracia”.

Ricardo Gandour focou seus comentários na questão da sustentabilidade e o uso predatório de recursos nos três setores. Na imprensa, segundo ele, a preocupação com a sustentabilidade se reflete numa convergência de interesses entre veículos e leitores.

Sobre o fim da Lei de Imprensa, Gandour manifestou-se a favor da existência de alguma regulamentação mínima. Ele espera que, com o fim da lei, não reste um vácuo regulatório na área. O jornalista disse que apenas zelar pela liberdade de imprensa não é suficiente, mas sim zelar para que a sociedade reconheça a importância de uma imprensa livre, “com novas mídias, mas com antigos princípios”.

Heródoto Barbeiro colocou a questão “quem pode ser jornalista” e fez uso de sua formação em História ao explanar o papel da mídia desde a Revolução Francesa, passando pela época da ditadura e chegando aos dias atuais e a internet. Para ele, o aumento do número de fontes de informação ao longo da história permitiu ao público formar e também emitir opinião – principalmente hoje, através das novas mídias. Heródoto Barbeiro chama de jornalismo a “ prática diária da inteligência somada ao exercício do caráter”.

Guto Camargo mencionou o papel da mídia na construção da liberdade de imprensa como parceira de instituições que lutaram contra a ditadura. Voltou à proposta de discussão de Heródoto Barbeiro sobre “o que é jornalismo”, e falou sobre a questão acadêmica e a visão sindical para o exercício do jornalismo. Esta volta a uma tentativa de definição de jornalismo desencadeou um breve debate entre Heródoto e Guto sobre a regulamentação da profissão.

A conferência “Um blog não é uma ilha: a liberdade na ponta dos dedos” foi o ponto alto do evento, com a participação de Yoani Sanchez via vídeo e telefone. A blogueira cubana falou sobre a restrição da liberdade de imprensa em Cuba e sua experiência com o blog “Generación Y”.


The video cannot be shown at the moment. Please try again later.

Ainda que tardia: as ferramentas digitais de colaboração e a liberdade de expressão” foi o nome do terceiro painel que contou com a participação de Lia Rangel da IPTV Cultura, e dos blogueiros Rosana Hermann e Tiago Doria. O objetivo do painel foi mostrar a contribuição das novas mídias para a liberdade de expressão, além de seus pontos positivos e negativos.

Lia Rangel, responsável pelo painel participativo do programa Roda Viva, comentou sobre a “Produção Participativa” e a importância dos canais de diálogo para uma interação entre jornalismo e público. Sobre o tema principal do evento, manifestou preocupação com o projeto de lei do Senador Azeredo, que prevê a identificação obrigatória dos usuários da internet antes de iniciarem qualquer operação que envolva interatividade, como envio de e-mails, conversas em salas de bate-papo, criação de blogs, entre outros. Para Lia, o projeto é uma possível ameaça à liberdade de expressão.

Sobre possíveis ferramentas de controle da internet, Rosana Hermann disse que o desconhecimento técnico pode ser uma barreira na defesa dos usuários de internet quando lidam com juízes e advogados que não dominam as novas mídias, seus termos técnicos e funcionalidades: ao não compreenderem a fundo o que estão julgando, desconhecem sobre o que estão decidindo.

Rosana falou também sobre os limites da liberdade na internet quando se lida com ofensas: “É preciso discutir o que é liberdade eo que fazer com ela. Infelizmente, o que se vê na internet como liberdade é o direito de ofender publicamente o outro”. Ela alertou para o que chama de “espírito de porco inerente ao ser humano” que conspira contra a credibilidade de sites participativos e colaborativos.

Tiago Doria também falou sobre o lado negativo das novas mídias que, apesar de contribuírem para a liberdade de expressão, também são usadas para tolher a liberdade, como na ocasião em que foram utilizadas para a contrainformação na Moldávia.

(continua..)

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