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FHC: "O liberal típico não é de direita"

Em palestra ministrada na Casa do Saber, no RJ, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o resgate do conceito original de liberalismo. A matéria abaixo foi publicada no portal “Diego Casagrande“: “O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a “verdadeira discussão” no Brasil hoje é se teremos um capitalismo “burocrático, corporativo”, em que o Estado “manda e resolve”, ou um “capitalismo de competição”, de clara orientação liberal. Apresentado como […] Leia mais

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Publicado em 12 de março de 2010 às, 21h40.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 12h10.

Em palestra ministrada na Casa do Saber, no RJ, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu o resgate do conceito original de liberalismo. A matéria abaixo foi publicada no portal “Diego Casagrande“:

“O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que a “verdadeira discussão” no Brasil hoje é se teremos um capitalismo “burocrático, corporativo”, em que o Estado “manda e resolve”, ou um “capitalismo de competição”, de clara orientação liberal.

Apresentado como “eterno professor”, FHC falou a 70 pessoas, que pagaram R$ 100 para ouvi-lo, na Casa do Saber, no Rio. Indagado por que “direita” e “liberal” eram consideradas palavras “feias”, brincou: “Liberal e de direita, eu acho feio”.

Ele defendeu o resgate do conceito original de liberalismo, de defesa das liberdades do indivíduo e da autonomia da sociedade, num país que “acha que Estado é igual à nação” e no qual o direito individual “vem depois da ideia do coletivo”.

“No marxismo, o Estado é visto como expressão da classe dominante. Aqui ele é o libertador da nação, o que inverte as coisas. Já faz tempo que se sabe que competição não significa sufocar liberdade”, disse.

Depois, lembrou que o liberalismo e o conservadorismo foram “desmoralizados” ainda no Império, por viverem “montados na escravidão”. Mas o “liberal típico não é de direita”, ressaltou: nos EUA a palavra quer dizer “progressista”.

“É preciso um pouco mais de liberalismo no bom sentido, não contraditório com a ação social do Estado”, explicou-se.

O ex-presidente introduziu o tema ao ironizar o PT por romper a defesa que fazia, na Assembleia Constituinte (1987-1988), da pluralidade sindical. Disse que o governo Lula “impôs a unicidade” e cooptou as centrais, ao legalizá-las e estabelecer “ligação direta entre cofre público e cofre sindical”.

“Dá a impressão de que essas formas corporativas se comunicam mais facilmente com o sistema decisório político do que a multiplicidade de opiniões, o debate aberto.” (fonte: Folha)”