Festa sem homenageado
Há alguns dias organizamos uma pequena celebração entre amigos, motivada pelo término da montagem dos novos elevadores. A festa estava justificada pois há mais de sete meses precisamos subir até nosso décimo-quarto andar pelas escadas. Informamos a todos por telefone que haveria farra até tarde e cada um trouxe algo para cooperar com a diversão. Foi lastimável que chegassem tão cansados e com certa expressão de haverem sido trapaceados, porque […] Leia mais
Publicado em 10 de junho de 2009 às, 09h20.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h32.
Há alguns dias organizamos uma pequena celebração entre amigos, motivada pelo término da montagem dos novos elevadores. A festa estava justificada pois há mais de sete meses precisamos subir até nosso décimo-quarto andar pelas escadas. Informamos a todos por telefone que haveria farra até tarde e cada um trouxe algo para cooperar com a diversão. Foi lastimável que chegassem tão cansados e com certa expressão de haverem sido trapaceados, porque os refulgentes elevadores russos – recém montados – anunciavam com suas luzinhas vermelhas que estavam quebrados.
Os funcionários que viajaram até a Rússia para comprar os novos aparelhos decidiram que não era necessário gastar dinheiro nas guias laterais dos elevadores, uma espécie de trilhos por onde desliza a cabine. Diagnosticaram que as velhas estruturas – instaladas há mais de vinte e cinco anos – eram compatíveis com os novos equipamentos e sobre elas começaram a montá-los. Não vou me tornar metafórica e estabelecer paralelismos entre a eletromecânica e a política, porém, isso de aplicar novas transformações sobre caminhos comprovadamente gastos me soa conhecido.
O resultado final foi que a pouca compatibilidade entre as velhas peças soviéticas e os novos aparelhos russos trouxe ruidos horripilantes ao subir e baixar, além de constantes quebras. Supõe-se que a montagem já terminou; no plano da empresa que os colocou deve estar escrito “cumprido” e prontamente os mecânicos irão para outro edifício. Com certeza, nós continuaremos subindo na maioria das vezes pelas escadas, e ficamos como palhaços ante os amigos que pensam que nossa festa foi uma brincadeira de mau gosto, para inaugurar uns elevadores que não se movem.