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Especialistas defendem que o foco das políticas públicas seja no estudante

Desafios para melhorar a educação foram debatidos no Millenium Talks desta quinta-feira

(Divulgação/Divulgação)
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institutomillenium

Publicado em 7 de abril de 2022 às 20h54.

“O foco do Brasil na educação nos parece que não é o aluno. A gente sabe que as escolas, o material escolar, os professores... tudo isso é meio para atingir a educação do aluno”, provocou a diretora executiva do Instituto Millenium, Marina Helena, em debate sobre educação, promovido pelo Instituto, nesta quinta-feira (7). Indo por esta linha, a pesquisadora da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Diana Coutinho, lembrou que a troca de apenas 10% dos professores mal-avaliados pode melhorar o aprendizado e incrementar a renda futura de estudantes do ensino básico em 8%. Os dados foram apresentados na mais recente edição do Millenium Talks com o tema “Como Melhorar a Educação no Brasil”, que contou com a participação de dois pesquisadores da Enap e de duas integrantes do Movimento Escolas Abertas, que batalhou pela reabertura de escolas na pandemia. A conversa foi mediada pela diretora-executiva do Millenium, Marina Helena.

Para Diana, o maior desafio da educação brasileira hoje é a falta de aprendizado em um nível satisfatório dos estudantes, o que traz consequências para os alunos ao longo da vida e isso exige medidas que vão além do debate sobre financiamento da Educação. “Observamos escolas que tem gasto menor com desempenho maior e outras escolas com gasto maior e com desempenho menor, então não tem relação direta (com o gasto em educação), acaba passando por outras questões”, explicou Diana.

Ela aproveitou ainda para mencionar que existem bons exemplos no país de políticas que trouxeram bons resultados na educação básica, como a implementação do ensino integral em algumas regiões, e destacou a necessidade de se pensar em iniciativas para o desenvolvimento socioemocional dos alunos também. “Análises das experiências mundiais mostram que programas de desenvolvimento socioemocional afetam mais o aprendizado dos estudantes do que um programa que trabalhe apenas o lado cognitivo” explicou.

Diana e o também pesquisador da Enap, Claudio Shikida lançaram na quarta-feira (6), pelo Instituto Millenium, o paper “Grandes Mestres fazem grandes diferenças?”, no qual avaliam os impactos que bons professores podem ter na formação de alunos. Presente no debate desta quinta, Shikida ressaltou como no Brasil se fazem muitas pesquisas de desempenho dos estudantes, mas que para garantir esse desempenho, é preciso avaliar também os professores, e comentou sobre a dificuldade de se fazer isso. “Ninguém gosta de ser avaliado, a verdade é essa. A gente gosta de se auto avaliar e dar 10, e todo mundo gosta de avaliar os outros e dar nota baixa pros outros. A gente tem que achar soluções pra isso. E o grande desafio é como é que você vai fazer isso com os professores, no estágio probatório. Que passemos a discutir melhor uma avaliação, e que não seja só pró-forma, uma avaliação de fato do professor”, afirmou Shikida.

Ele lembrou ainda que o objetivo da avaliação não é para demitir os professores mal-avaliados, mas sim utilizar os dados para pensar em como melhorar o desempenho destes professores também, com treinamentos e mentorias com os profissionais mais bem-avaliados para se replicar metodologias que dão resultado. “Temos que ter uma base de dados (de avaliação dos professores) legal e, a partir disso, pensamos no estágio probatório, em colocar algum tipo de mensuração de valor agregado do professor, e colocar isso para valer”, disse o pesquisador.

Educação como prioridade. A empresária Lana Romani e a advogada Isabel Lecuyer também participaram do debate, contaram a experiência delas com a criação do Movimento Escolas Abertas e falaram da importância da participação da sociedade civil e da priorização da educação, independente de ideologias. “A Educação no Brasil sempre foi dominada por dois polos, os profissionais da educação e o governo. E a família, que cuida dos interesses do aluno?”, afirmou Isabel, lembrando que no Brasil a Educação não foi tratada como prioridade durante a pandemia. “Pessoas de A a Z estavam confortáveis com seus filhos em casa, ou aprendendo de forma remota, ou não aprendendo”, contou.

Temos que ter educação como algo acima de ideologia e de partidos. Está mais que na hora de a sociedade se unir para que coloquemos a educação em um pacto. Hoje vivemos uma pandemia da educação”, afirmou Lana, lembrando que quando se mobilizaram para reabrir as escolas, os órgãos da prefeitura de São Paulo não apoiaram e os sindicatos de professores as retaliaram. Para as fundadoras do movimento, a experiência foi importante para trazer a discussão sobre educação para o centro dos debates e mostrar que a população não pode esperar que a solução venha do governo.

O documento completo pode ser acessado em https://milleniumpapers.institutomillenium.org.br/

O debate pode ser visto nas redes sociais do instituto:

 

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“O foco do Brasil na educação nos parece que não é o aluno. A gente sabe que as escolas, o material escolar, os professores... tudo isso é meio para atingir a educação do aluno”, provocou a diretora executiva do Instituto Millenium, Marina Helena, em debate sobre educação, promovido pelo Instituto, nesta quinta-feira (7). Indo por esta linha, a pesquisadora da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Diana Coutinho, lembrou que a troca de apenas 10% dos professores mal-avaliados pode melhorar o aprendizado e incrementar a renda futura de estudantes do ensino básico em 8%. Os dados foram apresentados na mais recente edição do Millenium Talks com o tema “Como Melhorar a Educação no Brasil”, que contou com a participação de dois pesquisadores da Enap e de duas integrantes do Movimento Escolas Abertas, que batalhou pela reabertura de escolas na pandemia. A conversa foi mediada pela diretora-executiva do Millenium, Marina Helena.

Para Diana, o maior desafio da educação brasileira hoje é a falta de aprendizado em um nível satisfatório dos estudantes, o que traz consequências para os alunos ao longo da vida e isso exige medidas que vão além do debate sobre financiamento da Educação. “Observamos escolas que tem gasto menor com desempenho maior e outras escolas com gasto maior e com desempenho menor, então não tem relação direta (com o gasto em educação), acaba passando por outras questões”, explicou Diana.

Ela aproveitou ainda para mencionar que existem bons exemplos no país de políticas que trouxeram bons resultados na educação básica, como a implementação do ensino integral em algumas regiões, e destacou a necessidade de se pensar em iniciativas para o desenvolvimento socioemocional dos alunos também. “Análises das experiências mundiais mostram que programas de desenvolvimento socioemocional afetam mais o aprendizado dos estudantes do que um programa que trabalhe apenas o lado cognitivo” explicou.

Diana e o também pesquisador da Enap, Claudio Shikida lançaram na quarta-feira (6), pelo Instituto Millenium, o paper “Grandes Mestres fazem grandes diferenças?”, no qual avaliam os impactos que bons professores podem ter na formação de alunos. Presente no debate desta quinta, Shikida ressaltou como no Brasil se fazem muitas pesquisas de desempenho dos estudantes, mas que para garantir esse desempenho, é preciso avaliar também os professores, e comentou sobre a dificuldade de se fazer isso. “Ninguém gosta de ser avaliado, a verdade é essa. A gente gosta de se auto avaliar e dar 10, e todo mundo gosta de avaliar os outros e dar nota baixa pros outros. A gente tem que achar soluções pra isso. E o grande desafio é como é que você vai fazer isso com os professores, no estágio probatório. Que passemos a discutir melhor uma avaliação, e que não seja só pró-forma, uma avaliação de fato do professor”, afirmou Shikida.

Ele lembrou ainda que o objetivo da avaliação não é para demitir os professores mal-avaliados, mas sim utilizar os dados para pensar em como melhorar o desempenho destes professores também, com treinamentos e mentorias com os profissionais mais bem-avaliados para se replicar metodologias que dão resultado. “Temos que ter uma base de dados (de avaliação dos professores) legal e, a partir disso, pensamos no estágio probatório, em colocar algum tipo de mensuração de valor agregado do professor, e colocar isso para valer”, disse o pesquisador.

Educação como prioridade. A empresária Lana Romani e a advogada Isabel Lecuyer também participaram do debate, contaram a experiência delas com a criação do Movimento Escolas Abertas e falaram da importância da participação da sociedade civil e da priorização da educação, independente de ideologias. “A Educação no Brasil sempre foi dominada por dois polos, os profissionais da educação e o governo. E a família, que cuida dos interesses do aluno?”, afirmou Isabel, lembrando que no Brasil a Educação não foi tratada como prioridade durante a pandemia. “Pessoas de A a Z estavam confortáveis com seus filhos em casa, ou aprendendo de forma remota, ou não aprendendo”, contou.

Temos que ter educação como algo acima de ideologia e de partidos. Está mais que na hora de a sociedade se unir para que coloquemos a educação em um pacto. Hoje vivemos uma pandemia da educação”, afirmou Lana, lembrando que quando se mobilizaram para reabrir as escolas, os órgãos da prefeitura de São Paulo não apoiaram e os sindicatos de professores as retaliaram. Para as fundadoras do movimento, a experiência foi importante para trazer a discussão sobre educação para o centro dos debates e mostrar que a população não pode esperar que a solução venha do governo.

O documento completo pode ser acessado em https://milleniumpapers.institutomillenium.org.br/

O debate pode ser visto nas redes sociais do instituto:

 

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