Entenda a diferença entre deflação e desinflação
Fez confusão com os termos? Entenda melhor os dois fenômenos da economia
Publicado em 10 de julho de 2017 às, 13h50.
Última atualização em 11 de julho de 2017 às, 13h54.
Na última sexta-feira (7), o IBGE divulgou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de 0,23% em junho, resultando na diminuição de preços de vários produtos. Mas o que isso significa? Que consequências pode acarretar para o cenário econômico do país? Para esclarecer essas questões, o Instituto Millenium entrevistou o economista Gustavo Grisa.
Grisa explica que a deflação consiste na inflação negativa, ou seja, há uma queda nos preços do mercado em relação ao período analisado até então. Esse processo costuma ser confundido com outro de nome parecido, a desinflação, que, de acordo com o economista, trata-se da redução da projeção anual de inflação, movimento que tem sido observado na economia brasileira no presente momento. “Enquanto na desinflação espera-se que, cada vez mais, os preços irão se valorizar, na deflação há a expectativa de que o preço de aquisição de determinado bem ou serviço será inferior ao praticado hoje, e isso pode agravar a recessão econômica no momento em que deixa-se de comprar hoje na expectativa de, logo adiante, conseguir um preço ainda melhor. Como consequência, movimenta-se menos a economia.”
Deflação x desinflação: entenda em 5 pontos com Gustavo Grisa
1) Qual é a diferença entre deflação e desinflação?
“A deflação é a inflação negativa, quando o índice de preços é negativo, ou seja, quando os preços praticados pelo mercado são inferiores aos preços do período anterior. O inverso da inflação. A desinflação é o processo da redução da inflação. Quando a projeção da inflação anual, por exemplo, cai de 6% para 4% ao ano.”
2) E o que estamos vivendo no Brasil?
“Uma recessão prolongada em um processo de desinflação, ou seja, redução da projeção anual da inflação. A deflação está batendo à nossa porta. Precisamos de serenidade para acompanhar o comportamento da economia brasileira para evitar o prolongamento da recessão, mas não adianta as políticas econômicas tradicionais serem realizadas sem a estabilidade política.”
3) E qual o impacto disso na economia?
“Se a desinflação seguir de maneira contínua até chegarmos em uma projeção de deflação o quadro ficará complicado. Essa direção significa uma expectativa de que os preços de determinado bem ou serviço serão menores que os praticados hoje, e, se as pessoas deixam de comprar hoje porque poderão comprar mais barato em breve, isso afeta a economia, salários, preços relativos etc. O caso clássico de deflação é a grande depressão nos EUA. De uma maneira geral, a deflação deve ser evitada.”
4) Então a deflação é sempre ruim?
“Os monetaristas e o pessoal da Escola de Chicago têm uma visão mais contemporânea sobre a deflação. Uma deflação pontual pode inclusive levar à reativação da economia, já que pessoas com baixo grau de poder aquisitivo têm o poder de compra aumentado.”
5) Qual é o quadro ideal?
“Uma inflação de pequeno padrão, dentro das metas monetárias. No Brasil, algo entre 3% e 4%. A aceleração inflacionária é um quadro ruim, mas a deflação prolongada também é. Nós estamos em um momento no qual devemos trabalhar as reformas e a projeção de país para os próximos anos.”