Duas declarações importantes
Em 06 de agosto tivemos declarações muito importantes sobre o setor de energia no Brasil. A primeira foi do presidente da VALE respondendo se a empresa teria interesse em investir na produção de nitrogenados. A resposta não poderia ser mais clara: “Para produzir nitrogenados é preciso usar gás natural. E a Petrobras se acha dona do gás. Então, ela que invista”. O presidente da VALE tem toda a razão e […] Leia mais
Publicado em 10 de agosto de 2010 às, 01h11.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 11h27.
Em 06 de agosto tivemos declarações muito importantes sobre o setor de energia no Brasil. A primeira foi do presidente da VALE respondendo se a empresa teria interesse em investir na produção de nitrogenados. A resposta não poderia ser mais clara: “Para produzir nitrogenados é preciso usar gás natural. E a Petrobras se acha dona do gás. Então, ela que invista”. O presidente da VALE tem toda a razão e além de ser a dona do gás também é a dona de todas a rede de transporte, é a única importadora, tem participação na maioria das distribuidoras e é monopolista na produção de todos os derivados de petróleo substitutos do gás natural. Ou seja, no gás natural a Petrobras é um monopólio desregulado. E como monopólio desregulado decide para quem e como vai vender o gás natural. Isso acaba inviabilizando o aumento da participação do gás na matriz energética e ao mesmo tempo a Petrobras queima uma enorme quantidade de gás natural que poderia estar sendo entregue ao mercado. Com o pré-sal, é preciso mudar essa política e criar incentivos a uma maior demanda, caso contrário a própria produção de petróleo no pré-sal pode ser prejudicada.
A outra declaração foi de um executivo da Votorantin sobre a tarifa de energia elétrica. O executivo chamou à atenção para o fato de que a tarifa no Brasil é mais elevada do que na Europa e na China. Segundo o executivo, a razão são os impostos e os encargos setoriais que incidem na tarifa final. O preço da energia é mais barato no Brasil, porém quando são acrescentados os impostos e os encargos tornam a tarifa brasileira mais cara do que na Europa e na China. Isso, evidentemente, tira competitividade da indústria brasileira e faz com que o investidor desloque seus projetos para países que tem menores tarifas.
Ambas as declarações deveriam merecer um posicionamento dos candidatos a presidência da república. Pois a persistir essas políticas o Brasil está indo na direção de um país exportador de matérias primas, ou seja, virando uma economia extrativista.
(Publicado no blog de Adriano Pires)