Dilma e o vôo do jabuti
As investigações sobre o vazamento de dados da Receita Federal sobre o tucano Eduardo Jorge Caldas não fazem o menor sentido. São absolutamente desnecessárias, pois todos já sabem quais serão as conclusões. Em primeiro lugar, mais uma vez, o PT não tem culpa. O pessoal da campanha de Dilma Rousseff não sabia. E a própria candidata não tem a menor idéia nem do que seja vazamento de dados. O único fato […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 10 de julho de 2010 às 15h18.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h37.
As investigações sobre o vazamento de dados da Receita Federal sobre o tucano Eduardo Jorge Caldas não fazem o menor sentido. São absolutamente desnecessárias, pois todos já sabem quais serão as conclusões.
Em primeiro lugar, mais uma vez, o PT não tem culpa. O pessoal da campanha de Dilma Rousseff não sabia. E a própria candidata não tem a menor idéia nem do que seja vazamento de dados.
O único fato realmente intrigante nessa história é como esses dossiês e pré-dossiês aparecem no comitê de Dilma, sem que ninguém os leve para lá.
Isso, sim, merece investigação – em nome da própria segurança da candidata. E se em vez de papéis de bisbilhotagem, colocarem uma bomba no local? Todo cuidado é pouco.
Quanto à possibilidade de Dilma e seus asseclas terem usado a máquina do governo para fuxicar a vida dos adversários, melhor esquecer. A montagem do dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso, por exemplo – o famoso “banco de dados” –, como se sabe, foi um fenômeno da natureza.
Tudo indicava que tinha sido obra de Dilma, operada por sua chefe de gabinete na Casa Civil. Mas a chefe de gabinete virou ministra – então não pode ter sido ela.
O dossiê sobre a filha de José Serra, que por coincidência também foi parar dentro do comitê do PT – e, por mais coincidência ainda, foi preparado por um araponga contratado pela assessoria de comunicação da candidata – também não tinha nada a ver com Dilma. Tanto que ninguém foi punido, nem será.
Era só mais um jabuti em cima de uma árvore, dos tantos jabutis que habitam as árvores da capital federal. Tudo normal.
Como se vê, suspeitar de Dilma e sua turma no caso da criminosa quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge é perda de tempo. Claro que eles não sabiam de nada.
Talvez a candidata de Lula nem se lembre para que serve a Receita Federal. Já faz muito tempo que ela interveio lá para dar uma mãozinha ao filho encrenqueiro de Sarney. Mas disso ela também não se lembra.
Pelo visto, a blindagem da área econômica, feita no governo anterior contra a politicagem dos partidos, continua intacta. O vazamento de dados veio dos quadros da própria Receita, mas no final vai-se descobrir que o PT não tem nada com isso. Provavelmente foi só mais um desastre natural.
O diabo é que o jabuti cismou de aparecer de novo em cima da árvore do comitê de Dilma. Deve ser a evolução da espécie.
Se vierem mais quatro anos de governo petista, talvez os jabutis terminem o mandato de Dilma voando como pássaros.
(Publicado no blog de Guilherme Fiuza no portal da revista “Época”)
As investigações sobre o vazamento de dados da Receita Federal sobre o tucano Eduardo Jorge Caldas não fazem o menor sentido. São absolutamente desnecessárias, pois todos já sabem quais serão as conclusões.
Em primeiro lugar, mais uma vez, o PT não tem culpa. O pessoal da campanha de Dilma Rousseff não sabia. E a própria candidata não tem a menor idéia nem do que seja vazamento de dados.
O único fato realmente intrigante nessa história é como esses dossiês e pré-dossiês aparecem no comitê de Dilma, sem que ninguém os leve para lá.
Isso, sim, merece investigação – em nome da própria segurança da candidata. E se em vez de papéis de bisbilhotagem, colocarem uma bomba no local? Todo cuidado é pouco.
Quanto à possibilidade de Dilma e seus asseclas terem usado a máquina do governo para fuxicar a vida dos adversários, melhor esquecer. A montagem do dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso, por exemplo – o famoso “banco de dados” –, como se sabe, foi um fenômeno da natureza.
Tudo indicava que tinha sido obra de Dilma, operada por sua chefe de gabinete na Casa Civil. Mas a chefe de gabinete virou ministra – então não pode ter sido ela.
O dossiê sobre a filha de José Serra, que por coincidência também foi parar dentro do comitê do PT – e, por mais coincidência ainda, foi preparado por um araponga contratado pela assessoria de comunicação da candidata – também não tinha nada a ver com Dilma. Tanto que ninguém foi punido, nem será.
Era só mais um jabuti em cima de uma árvore, dos tantos jabutis que habitam as árvores da capital federal. Tudo normal.
Como se vê, suspeitar de Dilma e sua turma no caso da criminosa quebra do sigilo fiscal de Eduardo Jorge é perda de tempo. Claro que eles não sabiam de nada.
Talvez a candidata de Lula nem se lembre para que serve a Receita Federal. Já faz muito tempo que ela interveio lá para dar uma mãozinha ao filho encrenqueiro de Sarney. Mas disso ela também não se lembra.
Pelo visto, a blindagem da área econômica, feita no governo anterior contra a politicagem dos partidos, continua intacta. O vazamento de dados veio dos quadros da própria Receita, mas no final vai-se descobrir que o PT não tem nada com isso. Provavelmente foi só mais um desastre natural.
O diabo é que o jabuti cismou de aparecer de novo em cima da árvore do comitê de Dilma. Deve ser a evolução da espécie.
Se vierem mais quatro anos de governo petista, talvez os jabutis terminem o mandato de Dilma voando como pássaros.
(Publicado no blog de Guilherme Fiuza no portal da revista “Época”)