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Desempenho no Pisa reforça importância da eficiência na Educação

Estudo do Millenium Analisa mostrou que há grande taxa de investimento, mas pouco resultado

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Instituto Millenium

Publicado em 5 de dezembro de 2019 às, 13h22.

Nesta semana, foram divulgados dados do Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes, o Pisa. O exame mostrou um cenário preocupante: o Brasil caiu no ranking de educação em matemática e ciência e está estagnado em leitura. O estudo dá a dimensão dos muitos obstáculos que ainda precisam ser superados para o país alcançar um bom nível educacional. Em outubro, o Millenium Analisa fez um estudo inédito sobre a área no Brasil, utilizando recursos de big data e inteligência artificial. Em entrevista ao Imil, o cientista de dados Wagner Vargas, que participou da elaboração do projeto, analisou o cenário. Ouça!

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Com o tema “Educação e desenvolvimento: a formação do capital humano e a produtividade no Brasil”, a análise chegou à conclusão de que os problemas da Educação no país vão muito além da sala de aula, e acontecem em decorrência de distorções estruturais, que se relacionam diretamente com o rendimento escolar e a capacidade de aprendizagem.

+ Leia o estudo completo aqui

Vargas explicou que, ao contrário do que é propalado, o investimento em Educação no país é alto. “O Brasil investe 6% do PIB com a área, o mesmo que nações de primeiro mundo, e os resultados, na comparação com países que investem tanto ou menos, são preocupantes, como a avaliação do Pisa mostrou. Esse ponto foi motivador para o estudo: se o Brasil investe tanto ou mais que nações ricas, porque o nosso desempenho fica aquém disso?”, explicou.

Ouça também: Naércio Menezes: “Não estamos condenados a uma educação ruim”

O cientista de dados destacou que o desafio é complexo, entre outros fatores, justamente porque o problema não começa na escola, como se imagina, mas dentro de casa: a ineficiência ou a inexistência de serviços básicos, como saneamento básico ou energia elétrica, têm reflexo direto no desempenho dos estudantes. “São questões que precisam ser observadas no decorrer das próximas décadas, porque são pontos que não se resolvem de maneira simples. O saneamento básico, por exemplo, tem uma influência muito forte em termos de desenvolvimento educacional e evasão escolar. Os municípios que têm problemas maiores com essas questões sociais apresentam dificuldades educacionais”, disse.

Outros fatores que pareciam superados eram o acesso ao ensino e a evasão escolar. No entanto, não é isso que mostra o estudo do Millenium Analisa. A educação infantil é um exemplo: apenas 30% das crianças de 0 a 3 anos – etapa importante para o desenvolvimento cognitivo – estão matriculadas em unidades escolares. Além disso, a taxa de acesso escolar entre os alunos do ensino fundamental, apesar de ser alta, voltou a cair nos últimos anos. “Desde a base não se dá acesso total. A gente parte do ponto de vista de que o acesso ao ensino básico está universalizado, e isso não é um fato”, disse Wagner Vargas.

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O Pisa

No estudo, foram analisados os desempenhos dos alunos no Pisa nos últimos anos. Segundo o levantamento, desde 2000, a média dos estudantes brasileiros vai mal quando comparada a outros países. A pesquisa se debruçou sobre a série histórica do Brasil no exame e mostrou que, mesmo tendo melhorado seus resultados entre 2006 e 2009, em todos os anos, nós permanecemos abaixo da média. 

Os últimos dados divulgados concluem que 68% dos estudantes não souberam o básico de matemática; a metade teve baixo desempenho em leitura e 55,3% possuem baixo rendimento em ciências. O Brasil está entre as 20 piores colocações no ranking das três disciplinas, entre 79 países avaliados.

Eficiência deve ser o objetivo

O cientista acredita que a solução passa por aumentar a eficiência dos recursos que são gastos atualmente. “Hoje, nós temos o mesmo investimento que os EUA, por exemplo. Em cerca de 10 anos, até a crise econômica, a Educação foi a área que mais teve crescimento de receita, com aumento de 299% em valores reais. Apesar de tudo isso, o resultado que a gente observa não só é aquém do que é investido, mas preocupa com relação ao desenvolvimento”, declarou.