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Demétrio Magnoli analisa a concentração de poder no “Capitalismo de Estado”

No 2o Fórum Liberdade e Democracia, o sociólogo Demétrio Magnoli contextualizou o mundo político atual e o Brasil sob a ótica do conceito de “capitalismo de Estado”. O capitalismo de Estado, segundo Magnoli se originou no processo de reorganização ideológica da esquerda após a queda do Muro de Berlim: “A  antiga esquerda renunciou aos ideais antigos, mas não renunciou a um dos cernes mais cruciais que é a ideia de […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 3 de maio de 2011 às, 15h58.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 10h13.

No 2o Fórum Liberdade e Democracia, o sociólogo Demétrio Magnoli contextualizou o mundo político atual e o Brasil sob a ótica do conceito de “capitalismo de Estado”.

O capitalismo de Estado, segundo Magnoli se originou no processo de reorganização ideológica da esquerda após a queda do Muro de Berlim: “A  antiga esquerda renunciou aos ideais antigos, mas não renunciou a um dos cernes mais cruciais que é a ideia de que o Estado, uma elite política dirigente, deve promover uma engenharia social que conduza as pessoas ao progresso. Não é algo novo: há exemplos no México do partido revolucionário, no Brasil de Getúlio Vargas, na China atual, ou na Rússia atual – depois da implosão e fracasso de uma economia estatizada. Não é novo no ponto de vista conceitual. O que diferencia da mera ideia social democrata? Qual é o traço conceitual que nos permite falar?”

Magnoli define: “A estatização é a eliminação da esfera da economia, que deixa de existir e se transforma em política. Os meios se estatizam, desaparece a economia, a propriedade, a capacidade de empreender e o Estado assume as tarefas econômicas. Já no capitalismo de Estado não se elimina a esfera da economia nem a classe de empreendedores, o que se faz é borrar a fronteira que separa o espaço público e o privado, o que separa a elite dirigente política da elite econômica.  É a subordinação dos empreendedores à elite política, sem eliminar direitos  econômicos básicos. A consequência, do ponto de vista político, é a concentração extraordinária de poder nas mãos do Estado”.

Magnoli criticou o atual relacionamento da elite econômica brasileira com o governo do PTA: “A elite dirigente passa a estabelecer um poder arbitrário, passa a ter uma possibilidade de agir por meio da corrupção. E as elites econômicas tornam-se financiadoras compulsórias da política dirigente, que passa a suprimir a oposição porque ganhou o poder de comprar consciências, de pagar opiniões”.

Para o sociólogo, o grande marco do governo Fernando Henrique Cardoso foi fazer o Brasil romper com o capitalismo de Estado:“O Lulopetismo se reorganizou como reação à queda do Muro de Berlim e ao governo FHC”, analisou.