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Criptomoedas podem criar um ambiente de novos negócios! Entenda.

Especialista explica como essas moedas digitais ajudam no desenvolvimento econômico e desburocratização do país

 (MEDITERRANEAN)
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Instituto Millenium

Publicado em 26 de maio de 2021 às, 12h33.

Última atualização em 26 de maio de 2021 às, 12h34.

Você provavelmente já deve ter ouvido falar sobre alguns negócios feitos usando moedas digitais como Bitcoin, Ethereum, entre outras. E deve ter se perguntado: o que são, para que servem e quem pode usar essas tais criptomoedas?

Para começar, é importante entender que criptomoeda é o nome dado a moedas virtuais descentralizadas, ou seja, que não possuem um órgão ou governo responsável pelo controle, intermédio e autorização das operações. São criadas em uma rede blockchain [sistema que permite o envio e o recebimento de alguns tipos de informações pela internet] a partir de sistemas avançados de criptografia que protegem as transações, informações e os dados de quem faz as operações.

O advogado e especialista em disputas comerciais Bruno Salama, explica que o Bitcoin, por exemplo, pode ser entendido como um candidato para substituir ou concorrer com o ouro.

“A função monetária do ouro é basicamente servir como reserva de valor, muito mais do que como meio de troca. Você guarda o ouro, mas ninguém faz compras com o ouro. Entendo que o Bitcoin, com o tempo, se torne um mecanismo de reserva de valor similar ao ouro”, explicou.

Nesta analogia, Bruno Salama destaca que, portanto, a moeda digital concorre muito mais com o ouro do que com o cartão de crédito, pois para usar o Bitcoin como meio de pagamento ainda é necessário ultrapassar alguns obstáculos.

“Primeiro, o valor do Bitcoin oscila muito e faz com que ele se pareça mais com algum outro ativo qualquer do que com uma moeda. O segundo problema é que é muito difícil tornar seu uso difuso para os bilhões de pagamentos que acontecem a toda hora, pois o blockchain, onde é registrado o bitcoin, é um pouco lento em comparação com os mecanismos usuais de pagamento, como cartão de crédito e débito”, pontuou.

Ambientes de negócios para os governos

Apesar de ser um assunto aparentemente complexo, alguns governos já estão fazendo uso das moedas digitais e há, inclusive, a expectativa de que o Banco Central do Brasil também adote o formato para transações.

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“Os governos podem fazer negócios com criptomoedas. Como o Banco do Brasil que recentemente se tornou o primeiro banco estatal do mundo a oferecer um ETF (Exchange Traded Funds) de criptomoedas, ou seja, um fundo de investimento gerido de forma que a sua carteira tenha a composição mais próxima possível de um índice qualquer”, apontou.

Assim, para Bruno Salama, as criptomoedas podem ser um tipo de negócio para o governo voltado ao lucro e, em um sentido mais amplo, é possível entender que a emissão de moedas pela Casa da Moeda é também um modo de negócio.

“Quando se fala na geração de novos negócios com criptomoedas para os governos, o que está sendo sugerido é a criação de uma moeda digital de banco central, e essa moeda é a infraestrutura pública de divisão de base monetária. Eu não classificaria a moeda digital de Banco Central como uma criptomoeda, pois nesse caso, seria uma moeda mesmo, ainda que de maneira criptografada e digitalizada”, apontou.

Criptomoedas podem ajudar a reduzir a burocracia

O especialista também explica que existem diversas maneiras de diminuir a burocracia encontrada pelo setor privado na hora de desenvolver seus negócios. No entanto, é preciso saber que existem desafios, como o monitoramento de condutas e depois a prova e execução dessas obrigações em juízo.

“Os smart contracts, os contratos inteligentes ou auto executáveis, podem reduzir esses problemas, justamente porque eles já provêm o mecanismo de monitoramento e prova de forma automática”, afirmou.

Mas ao pensar nas criptomoedas com funções estritamente monetárias, o tema fica um pouco mais complexo, pois essas criptos competem com a capacidade do governo de emitir moedas para realizar suas obrigações.

“É possível antever usos dos Stablecoins (também chamadas de moedas estáveis e podem ser atreladas a uma criptomoeda) bem concretos, nos sistemas de pagamentos, por exemplo. Para dinamizar pagamentos e ajudar as pessoas a economizarem nos custos de transação”, esclareceu.

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Outra forma de uso seria nas operações de remessa internacional, que atualmente são feitas nos bancos e com custos altos.

“Não é, ao meu ver, irrazoável pensar nas Stablecoins ou mesmo nos Bitcoins como substituto do Swift, que é um método para comunicação entre bancos para pagamentos internacionais. Inclusive, já é possível observar usos das criptos como alternativas ao Swift”, concluiu.

O uso das criptomoedas tende a crescer ainda mais no futuro. Há quem diga que essa será a principal forma de transação daqui uns anos, no entanto, ainda é cedo para afirmar. É preciso saber que se trata de um modelo que vai impactar o sistema monetário e que tem tudo para cooperar com a desburocratização, bem como alavancar o desenvolvimento econômico do país.