Crédito imobiliário reflete confusão da política econômica
O vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa Econômica Federal anunciou, no último dia 29, que o banco pretende conceder R$ 126 bilhões em crédito imobiliário em 2013. O valor representa uma alta de 20% a 25 % em relação ao último ano. Do total de R$ 36,1 bilhões em financiamentos fechados pela Caixa até o dia 20 de abril, 66% destinavam-se a compra de imóveis novos. Até aquela data, […] Leia mais
Publicado em 7 de maio de 2013 às, 19h56.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 09h02.
O vice-presidente de Governo e Habitação da Caixa Econômica Federal anunciou, no último dia 29, que o banco pretende conceder R$ 126 bilhões em crédito imobiliário em 2013. O valor representa uma alta de 20% a 25 % em relação ao último ano. Do total de R$ 36,1 bilhões em financiamentos fechados pela Caixa até o dia 20 de abril, 66% destinavam-se a compra de imóveis novos. Até aquela data, foram registrados 409 mil contratos de financiamento, um avanço de 39% em relação ao mesmo período do ano passado.
Consultado pelo Instituto Millenium, o economista Nelson Barrizzelli, explica que a demanda por imóveis, a supervalorização dos preços e a manutenção dos créditos são consequências da adoção de “remendos” e da falta de visão de longo prazo do atual governo. “Entre 7 de abril de 2011 e 25 de outubro de 2012, foram tomadas 14 medidas tópicas, sem nenhum efeito macroeconômico relevante. No primeiro momento, houve o aumento de 100% do IOF para as pessoas físicas, depois a prorrogação do fim do IPI para os automóveis”.
O economista explica que a elevação no preço dos imóveis foi uma consequência do crédito farto e dos juros baixos que resultaram em uma “corrida às compras desproporcional à oferta”. Barrizzelli lembra que, de acordo com lei da oferta e da procura, esse era o cenário esperado.
Ele explica que o desafio é tornar os imóveis mais atrativos para a população de baixa-renda que engrossam o déficit habitacional do país. “O Brasil tem um déficit habitacional estimado em cerca de 10 milhões de residências minimamente condignas”, alerta. Para ele, o governo precisa ajustar a demanda para a oferta existente.
O professor de Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Roberto Luis Troster, observa que, assim como acontece em todo o mercado, o setor imobiliário cria expectativas artificialmente. No entanto, ele afirma que o problema consiste em medir a relação custo/beneficio da decisão. Segundo ele, é preciso testar outras alternativas além da concessão de crédito imobiliário.
Questionado sobre a relação da medida com os rumos da política econômica nacional, Troster disse que o governo tem uma postura expansionista.
As facilidades do Feirão da Casa Própria
Para alcançar a projeção anunciada, a Caixa está realizando desde o dia 3 de maio, a nona edição do Feirão da Casa Própria. A expectativa é que as negociações aumentem de 20% a 25% em relação a 2012. Naquele ano, foram movimentados R$12,2 bilhões. O evento passará em 13 cidades brasileiras. Nesta edição, 1.400 construtoras colocaram à venda cerca de 400 mil imóveis.
Para atrair compradores, os financiadores oferecem diversas facilidades. O pagamento da primeira parcela do financiamento deverá ser efetuado só em janeiro de 2014. As principais capitais do país receberam o evento.
Barrizzelli acredita que os feirões são uma tendência do mercado imobiliário. “Atualmente há um certo esgotamento da demanda em função dos preços elevados, razão pela qual esses preços tendem a cair. Os primeiros sinais são os feirões de imóveis que estão se espalhando pelo país”, conclui.