Cotas em pós-graduação: &Objetivo final é formar clientela política para lideranças de raça”
A adoção de cotas raciais para o ingresso em universidades federais brasileiras, obrigatória desde a sanção da Lei de Cotas, em 2012, não se limita aos cursos de graduação. Este ano, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aderiu a essa medida em seleções de mestrado e doutorado. O processo de seleção para a turma de 2014 da pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da universidade já prevê […] Leia mais
Publicado em 18 de outubro de 2013 às, 11h27.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 08h47.
A adoção de cotas raciais para o ingresso em universidades federais brasileiras, obrigatória desde a sanção da Lei de Cotas, em 2012, não se limita aos cursos de graduação. Este ano, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) aderiu a essa medida em seleções de mestrado e doutorado. O processo de seleção para a turma de 2014 da pós-graduação em Antropologia Social do Museu Nacional da universidade já prevê a reserva de parte das vagas para índios e negros (saiba mais no site da instituição). Já na Universidade de Brasília (UnB), uma proposta para a reserva de 20% das vagas de mestrado e doutorado para negros no departamento de Sociologia aguarda o aval do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da universidade para ser aprovada.
O sociólogo Demétrio Magnoli, autor de “Uma gota de sangue – História do pensamento racial” (Contexto, 2009), não se espanta com a adoção de cotas raciais em cursos posteriores à graduação. Para ele, essa decisão só surpreende quem acreditava no argumento de que “as cotas na graduação foram criadas para corrigir um desequilíbrio educacional prévio”. “A pós-graduação é para quem já é graduado e, em tese, não sofre mais desvantagens educacionais”, completa.
Magnoli, que há uma década estuda o tema, observa que a adoção de cotas não passa de uma estratégia política. “A ideia é introduzir o conceito de raça na legislação e na consciência da população, fazendo, com a força da lei, as pessoas se definirem em termos raciais e assumirem identidades raciais. Mas o objetivo final é formar clientela política para lideranças de raça”, pondera.