Colóquio Millenium no Jornal do Brasil de 30/05/2009
Reproduzo abaixo matéria de Gabriel Costa do Jornal do Brasil, que fez uma ótima cobertura do Colóquio Millenium realizado no dia 29 de maio de 2009 no Hotel Marina Palace do Leblon. As fotos foram feitas por nossa equipe durante o evento: União Europeia e China: as próximas crises no horizonte Gabriel Costa, Jornal do Brasil RIO – À medida que começa a se delinear o novo panorama político e […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2009 às 01h27.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 13h33.
Reproduzo abaixo matéria de Gabriel Costa do Jornal do Brasil, que fez uma ótima cobertura do Colóquio Millenium realizado no dia 29 de maio de 2009 no Hotel Marina Palace do Leblon. As fotos foram feitas por nossa equipe durante o evento:
União Europeia e China: as próximas crises no horizonte
Gabriel Costa, Jornal do Brasil
RIO – À medida que começa a se delinear o novo panorama político e econômico mundial, em virtude da reestruturação decorrente da crise financeira, especialistas já conseguem ver indícios das próximas turbulências na União Europeia e na China. O bloco europeu, advertem, caminha para um período de “esquizofrenia” movido pela busca de governança supranacional à custa da soberania dos governos nacionais. Ao mesmo tempo, a China, um dos motores da recuperação global, deverá enfrentar, nos próximos anos, o desafio do endividamento da população. Causado pela expansão do consumo interno, o problema vai representar um desafio à eficiência da estrutura capitalista autoritária do país.
Essas foram algumas das conclusões a que chegaram economistas como o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o vice-presidente do Instituto Liberal, Roberto Fendt, no seminário Efeitos do novo panorama mundial sobre os valores da democracia, da economia de mercado e da liberdade, promovido sexta-feira pelo Instituto Millenium, no Rio de Janeiro.
– A Europa tornou-se difícil de compreender. A crise está sacudindo muito a organização institucional financeira europeia – avaliou Franco, que duvida da capacidade do G-20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes) em encontrar caminhos efetivos para fora da turbulência.
Segundo o economista, grupos como o G-8, que reúne os países mais ricos do mundo e a Rússia, ou mesmo o G-10, que, segundo Franco, concentra “quem tem o dinheiro”, mantêm mais relevância no período atual de crise. O ex-presidente do BC ressaltou ainda que raramente há uma convergência dos “G”, que costumam trabalhar com objetivos definidos, com instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), que trabalham de forma contínua.
Endividamento chinês
Roberto Fendt afirmou que a valorização do mercado interno chinês, um processo praticamente inédito, provoca a expansão do crédito no país que pode trazer preocupações com o endividamento mais para a frente.
Já o professor de Relações Internacionais Eduardo Viola, da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a crise colocou a China em uma posição “mais responsável”, e que o país desempenha uma posição importante na correção de um suposto déficit de governança global. Viola destacou ainda que o pacote chinês de estímulo anticrise é o segundo no mundo em preocupações ambientais, com referências à densidade de carbono.
O cientista político Amaury de Souza disse que não vê na crise motivos para uma reestruturação efetiva no papel do Estado nas economias, exceto em países onde este processo já estava em configuração, como a Rússia e a China, ou em caráter emergencial.
– Um dos temas mundiais mais valiosos não tem nada a ver com governança global: a proteção das rotas comerciais marítimas, que sempre foi garantida pela hegemonia dos EUA e agora, talvez, também dependa da China – disse Souza.
Já Franco expressou preocupação com o que chamou de “exaltação” da China, e traçou um paralelo entre o país e o Brasil na época da ditadura militar.
– Estamos participando de um processo ao qual deveríamos nos opor – disse.
Segundo painel
Na segunda parte do seminário, o sociólogo Demétrio Magnoli, o advogado Modesto Carvalhosa e o economista Paulo Guedes, fundador e sócio majoritário da BR Investimentos, afirmaram que a crise não chega a representar o fechamento de um ciclo, como a Grande Depressão da década de 1930. Magnoli enfatizou que a turbulência é parte de um ciclo maior: a globalização.
Reproduzo abaixo matéria de Gabriel Costa do Jornal do Brasil, que fez uma ótima cobertura do Colóquio Millenium realizado no dia 29 de maio de 2009 no Hotel Marina Palace do Leblon. As fotos foram feitas por nossa equipe durante o evento:
União Europeia e China: as próximas crises no horizonte
Gabriel Costa, Jornal do Brasil
RIO – À medida que começa a se delinear o novo panorama político e econômico mundial, em virtude da reestruturação decorrente da crise financeira, especialistas já conseguem ver indícios das próximas turbulências na União Europeia e na China. O bloco europeu, advertem, caminha para um período de “esquizofrenia” movido pela busca de governança supranacional à custa da soberania dos governos nacionais. Ao mesmo tempo, a China, um dos motores da recuperação global, deverá enfrentar, nos próximos anos, o desafio do endividamento da população. Causado pela expansão do consumo interno, o problema vai representar um desafio à eficiência da estrutura capitalista autoritária do país.
Essas foram algumas das conclusões a que chegaram economistas como o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco e o vice-presidente do Instituto Liberal, Roberto Fendt, no seminário Efeitos do novo panorama mundial sobre os valores da democracia, da economia de mercado e da liberdade, promovido sexta-feira pelo Instituto Millenium, no Rio de Janeiro.
– A Europa tornou-se difícil de compreender. A crise está sacudindo muito a organização institucional financeira europeia – avaliou Franco, que duvida da capacidade do G-20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes) em encontrar caminhos efetivos para fora da turbulência.
Segundo o economista, grupos como o G-8, que reúne os países mais ricos do mundo e a Rússia, ou mesmo o G-10, que, segundo Franco, concentra “quem tem o dinheiro”, mantêm mais relevância no período atual de crise. O ex-presidente do BC ressaltou ainda que raramente há uma convergência dos “G”, que costumam trabalhar com objetivos definidos, com instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) ou a Organização Mundial do Comércio (OMC), que trabalham de forma contínua.
Endividamento chinês
Roberto Fendt afirmou que a valorização do mercado interno chinês, um processo praticamente inédito, provoca a expansão do crédito no país que pode trazer preocupações com o endividamento mais para a frente.
Já o professor de Relações Internacionais Eduardo Viola, da Universidade de Brasília (UnB), acredita que a crise colocou a China em uma posição “mais responsável”, e que o país desempenha uma posição importante na correção de um suposto déficit de governança global. Viola destacou ainda que o pacote chinês de estímulo anticrise é o segundo no mundo em preocupações ambientais, com referências à densidade de carbono.
O cientista político Amaury de Souza disse que não vê na crise motivos para uma reestruturação efetiva no papel do Estado nas economias, exceto em países onde este processo já estava em configuração, como a Rússia e a China, ou em caráter emergencial.
– Um dos temas mundiais mais valiosos não tem nada a ver com governança global: a proteção das rotas comerciais marítimas, que sempre foi garantida pela hegemonia dos EUA e agora, talvez, também dependa da China – disse Souza.
Já Franco expressou preocupação com o que chamou de “exaltação” da China, e traçou um paralelo entre o país e o Brasil na época da ditadura militar.
– Estamos participando de um processo ao qual deveríamos nos opor – disse.
Segundo painel
Na segunda parte do seminário, o sociólogo Demétrio Magnoli, o advogado Modesto Carvalhosa e o economista Paulo Guedes, fundador e sócio majoritário da BR Investimentos, afirmaram que a crise não chega a representar o fechamento de um ciclo, como a Grande Depressão da década de 1930. Magnoli enfatizou que a turbulência é parte de um ciclo maior: a globalização.