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Ciência não é monopólio estatal: setor privado pode contribuir!

CEO da startup Meta Cognitiv, Alexandre Serpa, mostra como as empresas podem ajudar a contribuir para o desenvolvimento científico do Brasil

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Instituto Millenium

Publicado em 2 de outubro de 2020 às, 10h00.

Última atualização em 6 de outubro de 2020 às, 12h55.

O desenvolvimento da ciência no Brasil costuma ser atrelado sempre aos institutos públicos. Mas a contribuição que o governo dá para o setor não significa um “monopólio estatal” para o desenvolvimento da pesquisa e do avanço científico. Pelo contrário! O setor privado pode contribuir e muito para fazer a ciência avançar no Brasil. É o que afirma Alexandre Serpa, CEO da Meta Cognitiv – startup que desenvolve jogos para avaliação e intervenção da saúde mental, atendendo a uma lacuna dos profissionais da área da psicologia. Ouça o podcast!

Segundo Alexandre, é fundamental a participação da iniciativa privada dentro do segmento de startups no Brasil, pois gera dinamismo na economia e emprego de qualidade. Além disso, apesar do pensamento de muitos ainda estar atrelado ao desenvolvimento da ciência única e exclusivamente ao Estado, ele acredita que isso deveria ser mudado. Mas o CEO da Meta Cognitiv alerta: é preciso melhorar o ambiente de negócios para que isso aconteça!

“É fundamental que tenhamos cada vez mais políticas de desburocratização que permitam à iniciativa privada entrar nas universidades por meio desse financiamento de pesquisas. Que retirem esse cunho ideológico que enxergamos hoje na maior parte das pesquisas, e orientem as pesquisas para a demanda real da sociedade, que é capitalizada pela empresa ao servir para o cliente”, enfatiza.

E esse processo de desburocratização, aos poucos, vem ocorrendo. Serpa explica que na cidade de São Paulo, onde sua empresa é situada, nos últimos quatro anos houve uma otimização dos processos de abertura de novas empresas, uma facilitação a partir da retirada de licenças que não têm muito a ver com o formato de uma empresa de tecnologia. “No governo federal, algumas iniciativas têm auxiliado nesse sentido, diminuído as barreiras burocráticas de entrada, de formação de novas empresas”, detalha.

O CEO da Meta Cognitiv explica que, na questão fiscal, existe o Simples. Mesmo assim, há algumas complexidades que, dependendo do ramo de serviço em que a startup é classificada, acabam gerando alta carga tributária. Ele avalia que alguns fundos têm suprido essa lacuna, com linhas de financiamento e de crédito específica para startups. Com isso, frisa Alexandre, há um ecossistema um pouco mais dinâmico e melhor do que anos atrás.

Como surgiu a Meta Cognitiv

Mas como surgiu a ideia da Meta Cognitiv? Alexandre Serpa conta que a ideia da empresa nasceu de um deficit que ele identificou no mercado: os profissionais da área de psicologia não tinham tempo nem capital para investir em testes psicológicos. A startup, que desenvolve jogos para avaliação e intervenção da saúde mental, surgiu a partir do desenvolvimento de pesquisas no segmento.

“Resolvi trabalhar dentro desse segmento de jogos justamente para que esses profissionais possam economizar tempo e dinheiro nesse processo de avaliação pré-intervenção. Os profissionais encaminham os jogos para os pacientes, que jogam em um período curto de tempo e, dentro de algumas horas, eles [os profissionais] já têm essa informação muito mais completa sobre o estado de saúde mental dessas pessoas. A Meta Cognitiv é um produto tanto dessa visão de mercado quanto também de uma visão de pesquisa”, explica o neurocientista e cientista de dados, com ênfase em psicometria.

IFL: um “divisor de águas”

Atualmente como diretor no Instituto de Formação de Líderes (IFL), Alexandre Serpa pontua que sua entrada na instituição foi um “divisor de águas” em sua trajetória. Com formação de base no segmento de saúde, mesmo atuando na iniciativa privada, os temas de educação financeira, liderança e empreendedorismo não foram trabalhados de uma maneira tão profunda quanto no IFL. “Quando entrei, tive acesso a uma literatura dentro do ciclo de formação que para mim era totalmente desconhecida. Autores, modo de enxergar o mundo, outras formas de entender a sociedade, tentar entender os problemas da sociedade, seja na economia, na própria teoria do Estado, em vários outros segmentos, e abriu minha visão, minha cabeça, de que existe uma outra forma de interpretar o mundo”, afirma.

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