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Chuva e cacerolazo no primeiro dia de maio em Cuba

Do Blog Generación Y de 02 de maio. Yoani Sánchez fala do 01° de maio em Havana. Ontem foi um dia intenso. Houve desfile pela manhã, aguaceiro ao entardecer e alguns impertinentes fizemos um panelaço as oito e trinta da noite. A concentração na Praça da Revolução se parecia a de todos os anos, a chuva era igual de molhada e o toque de frigideira soou como a peculiar sinfonia […] Leia mais

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Instituto Millenium

Publicado em 4 de maio de 2009 às, 12h24.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às, 13h45.

Do Blog Generación Y de 02 de maio. Yoani Sánchez fala do 01° de maio em Havana.

Ontem foi um dia intenso. Houve desfile pela manhã, aguaceiro ao entardecer e alguns impertinentes fizemos um panelaço as oito e trinta da noite. A concentração na Praça da Revolução se parecia a de todos os anos, a chuva era igual de molhada e o toque de frigideira soou como a peculiar sinfonia de uns poucos. Trago-lhes alguns fragmentos de som e imagem, para que vivam o primeiro de maio tal e qual eu o senti…com toda sua intensidade e loucura.

Do meu terraço escutou-se pouca reação ante as primeiras batidas de caçarola, porém nos fica a alegria de que os nossos foram ouvidos bem longe. Através de uma rápida pesquisa telefônica soube que na cidade de Pinar del Río tambem se percebeu o som dos metais, enquanto que varios bairros de Havana guardaram silêncio. O limitado repique foi feito da pequenez do indivíduo que se atreve e não com o automatismo massivo dos que desfilaram na manhã. Essa vem a ser a diferença entre o piu-piu espontâneo e o cacarejo orientado.

Toda fagulha é pequena, disse à alguem que me perguntou pela magnitude do que ocorreu a noite, e quando se estréia uma ferramenta de expressão faz-se tímidamente. Ao inteirar-me da convocação que circulava pela Internet, concordei com vários amigos que seria mais factivel o simple gesto de apagar a luz. O panelaço implica expor-se demasiado e há muitas pessoas que ainda temem as represálias. Escurecer uma casa é algo que se faz sem ficar em evidência e é o tipo de gesto que é apropriado a fazer nossa cidadania, sem mais.

Apesar das pouca notas escutadas, creio que algo mudou na rotina do dia dos trabalhadores. Foi apenas um ligeiro toque de vasilhas e colheres, que veio depois do primeiro aguaceiro de maio.