Capitalismo em debate no primeiro painel do Fórum da Liberdade
A preocupação com os rumos que o Estado brasileiro pode tomar pautou o primeiro painel do Fórum da Liberdade, voltado a discutir o capitalismo. Ao comparar o Brasil atormentado pela hiperinflação do início dos anos 90 com a situação atual do país, todos os debatedores concordaram que houve imensos avanços econômicos trazidos pelo processo de abertura econômica, privatizações e proteção ao investidor. Se as decisões econômicas do passado trouxeram estabilidade […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2010 às 10h30.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h05.
A preocupação com os rumos que o Estado brasileiro pode tomar pautou o primeiro painel do Fórum da Liberdade, voltado a discutir o capitalismo. Ao comparar o Brasil atormentado pela hiperinflação do início dos anos 90 com a situação atual do país, todos os debatedores concordaram que houve imensos avanços econômicos trazidos pelo processo de abertura econômica, privatizações e proteção ao investidor. Se as decisões econômicas do passado trouxeram estabilidade e crescimento, decisões políticas e administrativas podem engessar o desenvolvimento:
– Um estado capturado por interesses ideológicos de poucos grupos é trágico para a sociedade. A perspectiva de um estado “balofo” é preocupante – disse o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
As reformas liberalizantes foram um importante passo para a ascensão de uma grande parcela da população à classe média, colocando o Brasil na posição de líder regional. Vizinhos como a Venezuela e a Argentina que optaram por seguir caminhos diferentes, hoje amargam crises de investimento e ainda não superaram o fantasma da inflação, destacou o presidente do conselho de administração do Unibanco Itaú, Pedro Moreira Salles. Mas o empresário destacou que ainda há gargalos que podem frear a competitividade nacional:
– O Brasil tem uma enorme falta de capital humano. Sem investimentos focados em educação será difícil termos uma sociedade competitiva.
Outro país latino posto em evidência foi o Chile, reconhecido por ter alcançado a estabilidade após fazer a opção pela economia de mercado. Eliodoro Matte Larrain, empresário, destacou que o país passou por sérias dificuldades financeiras durante o governo socialista de Allende, brutalmente interrompido por um golpe militar, em 1973. A cruel e repressora ditadura de Pinochet buscou, no plano econômico, fazer o oposto do que fizera o antecessor, dando espaço para os chamados Chicago Boys, grupo de economistas chilenos que encabeçaram a reforma chilena. O fato dessas mudanças terem acontecido sob regime ditatorial é até hoje um ponto nevrálgico entre os seguidores do economista Milton Friedman, mentor dos famosos garotos de Chicago. Matte Larrein, entretanto, diz que foi o liberalismo econômico que abriu as portas para a democracia e a liberdade política, reconquistada em 1988.
O papel do Estado no período pós-crise também foi tema de debate. Sem nenhuma posição incisiva a respeito de como deve ser feita (e se deve ser feita) uma maior regulação dos mercados, o painel terminou com afirmações dos três palestrantes de que o colapso do sistema financeiro em 2008 não foi um “muro de Berlim” capitalista. O capitalismo, naturalmente cíclico, persistiu:
– Não vejo uma recaída em curto ou médio prazo, mas, a longo prazo, pode haver outras crises – disse Armínio Fraga.
A preocupação com os rumos que o Estado brasileiro pode tomar pautou o primeiro painel do Fórum da Liberdade, voltado a discutir o capitalismo. Ao comparar o Brasil atormentado pela hiperinflação do início dos anos 90 com a situação atual do país, todos os debatedores concordaram que houve imensos avanços econômicos trazidos pelo processo de abertura econômica, privatizações e proteção ao investidor. Se as decisões econômicas do passado trouxeram estabilidade e crescimento, decisões políticas e administrativas podem engessar o desenvolvimento:
– Um estado capturado por interesses ideológicos de poucos grupos é trágico para a sociedade. A perspectiva de um estado “balofo” é preocupante – disse o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
As reformas liberalizantes foram um importante passo para a ascensão de uma grande parcela da população à classe média, colocando o Brasil na posição de líder regional. Vizinhos como a Venezuela e a Argentina que optaram por seguir caminhos diferentes, hoje amargam crises de investimento e ainda não superaram o fantasma da inflação, destacou o presidente do conselho de administração do Unibanco Itaú, Pedro Moreira Salles. Mas o empresário destacou que ainda há gargalos que podem frear a competitividade nacional:
– O Brasil tem uma enorme falta de capital humano. Sem investimentos focados em educação será difícil termos uma sociedade competitiva.
Outro país latino posto em evidência foi o Chile, reconhecido por ter alcançado a estabilidade após fazer a opção pela economia de mercado. Eliodoro Matte Larrain, empresário, destacou que o país passou por sérias dificuldades financeiras durante o governo socialista de Allende, brutalmente interrompido por um golpe militar, em 1973. A cruel e repressora ditadura de Pinochet buscou, no plano econômico, fazer o oposto do que fizera o antecessor, dando espaço para os chamados Chicago Boys, grupo de economistas chilenos que encabeçaram a reforma chilena. O fato dessas mudanças terem acontecido sob regime ditatorial é até hoje um ponto nevrálgico entre os seguidores do economista Milton Friedman, mentor dos famosos garotos de Chicago. Matte Larrein, entretanto, diz que foi o liberalismo econômico que abriu as portas para a democracia e a liberdade política, reconquistada em 1988.
O papel do Estado no período pós-crise também foi tema de debate. Sem nenhuma posição incisiva a respeito de como deve ser feita (e se deve ser feita) uma maior regulação dos mercados, o painel terminou com afirmações dos três palestrantes de que o colapso do sistema financeiro em 2008 não foi um “muro de Berlim” capitalista. O capitalismo, naturalmente cíclico, persistiu:
– Não vejo uma recaída em curto ou médio prazo, mas, a longo prazo, pode haver outras crises – disse Armínio Fraga.