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Candidata que cutuca

O governo Lula, como se sabe, caminha na base do amor. São 80% empurrando, e vamos em frente. Até porque as quatro dezenas de ministérios estão mergulhadas de cabeça na campanha eleitoral. O amor é bom e ruim, como diria Ângela Rô-Rô. Inclusive porque é cego. Não nota, por exemplo, que há muito tempo não há nenhum homem de confiança de Lula tocando este país. Os que não caíram em […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2010 às 23h12.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h01.

O governo Lula, como se sabe, caminha na base do amor. São 80% empurrando, e vamos em frente. Até porque as quatro dezenas de ministérios estão mergulhadas de cabeça na campanha eleitoral.

O amor é bom e ruim, como diria Ângela Rô-Rô. Inclusive porque é cego. Não nota, por exemplo, que há muito tempo não há nenhum homem de confiança de Lula tocando este país. Os que não caíram em desgraça, como Guido Mantega, sumiram de cena naturalmente.

Mantega, para quem não se lembra, é o ministro da Fazenda. Não se ouve mais a voz dele nem em reunião de condomínio.

O sumiço mais preocupante, porém, é o da ex-ministra Dilma Rousseff.

Depois de fechar seu comitê eleitoral na Casa Civil, ela ficou de mostrar ao Brasil suas idéias para o próximo governo. Se passou oito anos no ministério tratando de política, seria natural que agora, sem cargo, passasse a tratar de administração. Há pessoas que detestam ser convencionais.

Mas não se sabe ao certo de que Dilma está tratando. Depois da primeira turnê em que distribuiu caneladas em Minas Gerais, no Ceará e no Rio de Janeiro – onde abraçou o populismo de Anthony Garotinho e Leonel Brizola, o padrinho das favelas soterradas –, ela submergiu.

Andou dando uns pitacos aqui e ali, mas nada comparável à exuberância dos comícios governamentais ao lado de Lula. Agora tinha uma agenda no Paraná, mas o PT cancelou sua presença no palanque. Mistério.

Concluir que as caneladas e gafes de Dilma Rousseff por aí estão pegando mal seria injusto. Afinal, ela sempre deu caneladas e cometeu gafes. Não é coerência que se costuma cobrar das pessoas públicas?

Na posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, todos estranharam a ausência da ex-ministra, antes tão assídua no doce roteiro das solenidades – onde despontava com suas variações estilísticas, produto da gestão ousada nos salões de beleza e clínicas estéticas. Longe dos flashes do TSE, a herdeira de Lula resumiu sua agenda a um encontro de cúpula com dona Marisa Letícia.

Na TV, a presidenciável foi vista dando uma entrevista à Bandeirantes. Enquanto falava, além do habitual dedo em riste, cutucava sistematicamente o braço do apresentador José Luiz Datena. Parecia temer que ele parasse de prestar atenção a ela.

Não é justo que, depois de tanto investimento de Lula, as pessoas parem de prestar atenção a Dilma só porque ela não tem nada a dizer.

E se o PT insistir em escondê-la por causa das caneladas, daqui a pouco a ex-ministra estará cutucando o Brasil inteiro.

(Publicado no blog de Guilherme Fiuza no site da revista “Época”)

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O governo Lula, como se sabe, caminha na base do amor. São 80% empurrando, e vamos em frente. Até porque as quatro dezenas de ministérios estão mergulhadas de cabeça na campanha eleitoral.

O amor é bom e ruim, como diria Ângela Rô-Rô. Inclusive porque é cego. Não nota, por exemplo, que há muito tempo não há nenhum homem de confiança de Lula tocando este país. Os que não caíram em desgraça, como Guido Mantega, sumiram de cena naturalmente.

Mantega, para quem não se lembra, é o ministro da Fazenda. Não se ouve mais a voz dele nem em reunião de condomínio.

O sumiço mais preocupante, porém, é o da ex-ministra Dilma Rousseff.

Depois de fechar seu comitê eleitoral na Casa Civil, ela ficou de mostrar ao Brasil suas idéias para o próximo governo. Se passou oito anos no ministério tratando de política, seria natural que agora, sem cargo, passasse a tratar de administração. Há pessoas que detestam ser convencionais.

Mas não se sabe ao certo de que Dilma está tratando. Depois da primeira turnê em que distribuiu caneladas em Minas Gerais, no Ceará e no Rio de Janeiro – onde abraçou o populismo de Anthony Garotinho e Leonel Brizola, o padrinho das favelas soterradas –, ela submergiu.

Andou dando uns pitacos aqui e ali, mas nada comparável à exuberância dos comícios governamentais ao lado de Lula. Agora tinha uma agenda no Paraná, mas o PT cancelou sua presença no palanque. Mistério.

Concluir que as caneladas e gafes de Dilma Rousseff por aí estão pegando mal seria injusto. Afinal, ela sempre deu caneladas e cometeu gafes. Não é coerência que se costuma cobrar das pessoas públicas?

Na posse do novo presidente do Tribunal Superior Eleitoral, todos estranharam a ausência da ex-ministra, antes tão assídua no doce roteiro das solenidades – onde despontava com suas variações estilísticas, produto da gestão ousada nos salões de beleza e clínicas estéticas. Longe dos flashes do TSE, a herdeira de Lula resumiu sua agenda a um encontro de cúpula com dona Marisa Letícia.

Na TV, a presidenciável foi vista dando uma entrevista à Bandeirantes. Enquanto falava, além do habitual dedo em riste, cutucava sistematicamente o braço do apresentador José Luiz Datena. Parecia temer que ele parasse de prestar atenção a ela.

Não é justo que, depois de tanto investimento de Lula, as pessoas parem de prestar atenção a Dilma só porque ela não tem nada a dizer.

E se o PT insistir em escondê-la por causa das caneladas, daqui a pouco a ex-ministra estará cutucando o Brasil inteiro.

(Publicado no blog de Guilherme Fiuza no site da revista “Época”)

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