Cadê os abaixo-assinados dos intelectuais de esquerda?
Texto de Fernando de Barros e SIlva na “Folha de SP” de 12/03/2010 faz uma pergunta bastante pertinente para os dias atuais, em que Cuba voltou ao debate: “Até quando a esquerda nativa (com exceções honrosas) vai encarar a crítica à tirania cubana como uma pauta da direita?”. Leia abaixo na íntegra: ??? SÃO PAULO – Os intelectuais de esquerda adoram um abaixo-assinado. Na luta pela redemocratização, ele foi um […] Leia mais
Da Redação
Publicado em 15 de março de 2010 às 18h48.
Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h09.
Texto de Fernando de Barros e SIlva na “Folha de SP” de 12/03/2010 faz uma pergunta bastante pertinente para os dias atuais, em que Cuba voltou ao debate: “Até quando a esquerda nativa (com exceções honrosas) vai encarar a crítica à tirania cubana como uma pauta da direita?”. Leia abaixo na íntegra:
???
SÃO PAULO – Os intelectuais de esquerda adoram um abaixo-assinado. Na luta pela redemocratização, ele foi um instrumento importante de mobilização da sociedade civil. Hoje, não se sabe ao certo o que seja (nem se existe) “a sociedade civil”. E os intelectuais, sobretudo de esquerda, perderam em boa medida o protagonismo público.
Ainda assim, vira e mexe há abaixo-assinados por aí. Alguns em torno de causas abrangentes e justas, outros que parecem só um cacoete de antigamente. Diante de tudo isso, devemos nos perguntar agora: onde está o abaixo-assinado?
Sim. Ou os intelectuais de esquerda não estão incomodados com a fala bestial de Lula sobre Cuba? O assunto não comove a ponto de solicitar um repúdio coletivo?
Seria demais exigir a retratação pública do presidente por igualar as vítimas de uma ditadura que liquidou seus opositores aos presos comuns de um país democrático?
Seria demais pressionar o governo brasileiro para que interceda em favor de dissidentes presos arbitrariamente e/ou a caminho da morte? Seria demais reafirmar (ou assumir, no caso de alguns) a defesa da democracia e dos direitos humanos como valores universais?
O silêncio de certa intelligentsia, que insiste em tratar Cuba como um caso à parte, uma ilha da fantasia rodeada de piratas, é tão cúmplice das atrocidades de Fidel e seu asseclas quanto a fala boçal de Lula.
Até quando a esquerda nativa (com exceções honrosas) vai encarar a crítica à tirania cubana como uma pauta da direita? Até quando irá confundir o justo apelo dos dissidentes com a “máfia de Miami”?
Até quando irão invocar avanços sociais hoje mais do que duvidosos como pretexto -aí, sim- para justificar os horrores do regime? O dissidente Guillermo Fariñas precisará morrer -ou nem isso bastará para romper a omissão criminosa?
A Paquetá vermelha que incendiou bons corações nos anos 60 não existe, não passa de uma quimera mumificada. Então, apesar do atraso: cadê, cadê o abaixo-assinado?
Texto de Fernando de Barros e SIlva na “Folha de SP” de 12/03/2010 faz uma pergunta bastante pertinente para os dias atuais, em que Cuba voltou ao debate: “Até quando a esquerda nativa (com exceções honrosas) vai encarar a crítica à tirania cubana como uma pauta da direita?”. Leia abaixo na íntegra:
???
SÃO PAULO – Os intelectuais de esquerda adoram um abaixo-assinado. Na luta pela redemocratização, ele foi um instrumento importante de mobilização da sociedade civil. Hoje, não se sabe ao certo o que seja (nem se existe) “a sociedade civil”. E os intelectuais, sobretudo de esquerda, perderam em boa medida o protagonismo público.
Ainda assim, vira e mexe há abaixo-assinados por aí. Alguns em torno de causas abrangentes e justas, outros que parecem só um cacoete de antigamente. Diante de tudo isso, devemos nos perguntar agora: onde está o abaixo-assinado?
Sim. Ou os intelectuais de esquerda não estão incomodados com a fala bestial de Lula sobre Cuba? O assunto não comove a ponto de solicitar um repúdio coletivo?
Seria demais exigir a retratação pública do presidente por igualar as vítimas de uma ditadura que liquidou seus opositores aos presos comuns de um país democrático?
Seria demais pressionar o governo brasileiro para que interceda em favor de dissidentes presos arbitrariamente e/ou a caminho da morte? Seria demais reafirmar (ou assumir, no caso de alguns) a defesa da democracia e dos direitos humanos como valores universais?
O silêncio de certa intelligentsia, que insiste em tratar Cuba como um caso à parte, uma ilha da fantasia rodeada de piratas, é tão cúmplice das atrocidades de Fidel e seu asseclas quanto a fala boçal de Lula.
Até quando a esquerda nativa (com exceções honrosas) vai encarar a crítica à tirania cubana como uma pauta da direita? Até quando irá confundir o justo apelo dos dissidentes com a “máfia de Miami”?
Até quando irão invocar avanços sociais hoje mais do que duvidosos como pretexto -aí, sim- para justificar os horrores do regime? O dissidente Guillermo Fariñas precisará morrer -ou nem isso bastará para romper a omissão criminosa?
A Paquetá vermelha que incendiou bons corações nos anos 60 não existe, não passa de uma quimera mumificada. Então, apesar do atraso: cadê, cadê o abaixo-assinado?