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Brasil, uma colônia de empreendedores

Altamente recomendável a leitura do livro “História do Brasil com empreendedores” de Jorge Caldeira. O livro propõe uma nova interpretação da economia brasileira no período colonial ao incluir a figura do empreendedor como chave para o crescimento do mercado interno. Mercado este que nem era considerado nas interpretações tradicionais, especialmente a levantada por Caio Prado Júnior, para quem a colônia só fazia enriquecer Portugal, era dominada pelo latifúndio agrário-exportador e […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 18 de janeiro de 2010 às 22h39.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 12h26.

Altamente recomendável a leitura do livro “História do Brasil com empreendedores” de Jorge Caldeira. O livro propõe uma nova interpretação da economia brasileira no período colonial ao incluir a figura do empreendedor como chave para o crescimento do mercado interno. Mercado este que nem era considerado nas interpretações tradicionais, especialmente a levantada por Caio Prado Júnior, para quem a colônia só fazia enriquecer Portugal, era dominada pelo latifúndio agrário-exportador e totalmente polarizada entre escravos e senhores. Acontece que o Brasil se tornou mais rico que Portugal, fortunas foram feitas vendendo para o mercado interno (como nas entradas para o sertão), a maioria das pessoas eram homens livres (56% em 1819).
“No trabalho de homens livres, especialmente da maioria que não era proprietária de escravos, portanto, estava a base do mercado interno do Brasil colonial. Muito longe de ser uma base estamental, base derivada do trabalho escravo, era uma base formada por pessoas muito acostumadas a tomar riscos, empenhar a palavra e cumprir o combinado na divisão dos resultados – pois esses eram os grandes ativos de que dispunham para receber os financiamentos na forma de mercadorias”, escreve Caldeira.
A obra, infelizmente, é totalmente baseada nos conceitos marxistas, o que não é a melhor fonte para entender o empreendedorismo. Mas compreende-se que Caldeira queira mostrar que ataca Caio Prado Júnior por dentro, questionando a própria utilização de categorias marxistas na obra do autor de Evolução Política do Brasil. Jorge Caldeira defende a ideia de que a interpretação de Caio Prado Jr está eivada do pensamento corporativista, fonte dos erros que fazem com que os novos estudos empíricos sobre o Brasil colônia não se enquadrem nas categorias tradicionais.
Sim, o Brasil enriquecia no período colonial, apesar da vontade de Portugal (que queria tudo para o Reino) e das limitações governamentais. Ainda que Caldeira ressalte que não deseja extrapolar a discussão sobre o papel do Estado, não dá para deixar de ver uma continuidade entre esse Brasil que criou grandes empreendedores e fortunas e governos que conspiram contra os negócios independentes.

Altamente recomendável a leitura do livro “História do Brasil com empreendedores” de Jorge Caldeira. O livro propõe uma nova interpretação da economia brasileira no período colonial ao incluir a figura do empreendedor como chave para o crescimento do mercado interno. Mercado este que nem era considerado nas interpretações tradicionais, especialmente a levantada por Caio Prado Júnior, para quem a colônia só fazia enriquecer Portugal, era dominada pelo latifúndio agrário-exportador e totalmente polarizada entre escravos e senhores. Acontece que o Brasil se tornou mais rico que Portugal, fortunas foram feitas vendendo para o mercado interno (como nas entradas para o sertão), a maioria das pessoas eram homens livres (56% em 1819).
“No trabalho de homens livres, especialmente da maioria que não era proprietária de escravos, portanto, estava a base do mercado interno do Brasil colonial. Muito longe de ser uma base estamental, base derivada do trabalho escravo, era uma base formada por pessoas muito acostumadas a tomar riscos, empenhar a palavra e cumprir o combinado na divisão dos resultados – pois esses eram os grandes ativos de que dispunham para receber os financiamentos na forma de mercadorias”, escreve Caldeira.
A obra, infelizmente, é totalmente baseada nos conceitos marxistas, o que não é a melhor fonte para entender o empreendedorismo. Mas compreende-se que Caldeira queira mostrar que ataca Caio Prado Júnior por dentro, questionando a própria utilização de categorias marxistas na obra do autor de Evolução Política do Brasil. Jorge Caldeira defende a ideia de que a interpretação de Caio Prado Jr está eivada do pensamento corporativista, fonte dos erros que fazem com que os novos estudos empíricos sobre o Brasil colônia não se enquadrem nas categorias tradicionais.
Sim, o Brasil enriquecia no período colonial, apesar da vontade de Portugal (que queria tudo para o Reino) e das limitações governamentais. Ainda que Caldeira ressalte que não deseja extrapolar a discussão sobre o papel do Estado, não dá para deixar de ver uma continuidade entre esse Brasil que criou grandes empreendedores e fortunas e governos que conspiram contra os negócios independentes.

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