Exame.com
Continua após a publicidade

"A mãe de todas as reformas é a reforma política"

Economista analisa manobras do governo para "fidelizar" parlamentares

I
Instituto Millenium

Publicado em 2 de agosto de 2017 às, 12h59.

Última atualização em 7 de agosto de 2017 às, 13h07.

Para garantir sua permanência no cargo de presidente da República e impedir que a denúncia de corrupção passiva que pesa contra seu mandato siga para o Supremo Tribunal Federal (STF), Michel Temer realizou nas últimas semanas uma série de manobras políticas questionáveis, como a criação de cargos comissionados, a liberação de bilhões de reais para emendas parlamentares e o atendimento de demandas do Congresso. Tudo para garantir vitória na votação que acontece na Câmara nesta quarta-feira. O pior: as medidas acontecem no momento em que o governo aumenta impostos e prevê um rombo nas contas públicas da União.

Para o economista e especialista do Instituto Millenium Julio Hegedus, as decisões de Temer já comprometem grande parte das emendas parlamentares disponíveis para serem liberadas neste ano: “Ele usou todos os mecanismos que lhe eram acessados para fugir dessa acusação. Em paralelo, teve que fazer um ajuste fiscal elevando o Pis/Cofins, que está sendo contestado na justiça. Possivelmente, Temer terá que anunciar também uma revisão da meta fiscal de 2017 até o final de agosto. Isso aconteceu em função da crise política e do quadro econômico, que vem retomando de forma muito lenda. Dessa forma, temos uma instabilidade que gera incerteza em todos os agentes da economia”.

Roberto Troster: “É possível fazer mais na crise, sim”

Hegedus acredita que a solução para o país seria uma grande reforma, começando pelo setor político. “Em primeiro lugar precisamos simplificar a estrutura do congresso, acabar com as barganhas, com os benefícios, com os pequenos partidos… Depois precisamos de outras reformas, como a tributária e a previdenciária, que é urgente. Daqui a pouco, ao invés de pagarmos 11%, teremos que contribuir com 20% para o INSS. É mais do Estado ineficiente comendo uma fatia da renda do setor privado”.

Ouça!