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A Revolução da Privacidade na Era Digital: O Impacto das Provas de Conhecimento Zero

Imagine um mundo onde você pode provar que uma informação é verdadeira sem revelar a informação em si

O ano de 2023 está se mostrando revolucionário em diversos campos da ciência e tecnologia (Reprodução/Reprodução)
Alexandre Ludolf

Colunista - Instituto Millenium

Publicado em 3 de agosto de 2023 às 11h33.

O ano de 2023 está se mostrando revolucionário em diversos campos da ciência e tecnologia. Desde o acesso generalizado a plataformas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, Midjourney e o Bard do Google, até eventuais descobertas na área da ciência dos materiais, tal como a possível criação de supercondutores que operam à temperatura ambiente. Além disso, discussões mais filosóficas sobre os méritos e os riscos dos " orbes de metal " que estão coletando dados biométricos das íris de milhões de pessoas globalmente no projeto Worldcoin, de Sam Altman, fundador da Open AI, também estão em destaque. Sem dúvida, continuamos avançando a passos largos na era digital, e as tecnologias blockchain estão se consolidando como a infraestrutura que catalisa a evolução da internet, a chamada internet 3.0.

As tecnologias de DLTs ( Distributed Ledger Technology, ou Tecnologia de Registro Distribuído em português) que utilizam blockchains viabilizam aplicações revolucionárias. Elas substituem a necessidade de um órgão centralizador, seja ele um governo ou uma empresa, por uma confiança criptográfica. Isso implica uma confiança nas propriedades matemáticas inalteráveis, resultando, na prática, em um mundo mais justo, transparente, descentralizado e inclusivo.

Apesar de sua transparência absoluta ter permitido a criação de um meio de troca superior - descentralizado, resistente a fraudes e que está sendo adotado pela maioria dos bancos centrais mundiais através das moedas digitais soberanas, os chamados CBDCs - o ethos das blockchains apresenta um problema. A transparência absoluta possui suas vantagens, mas pode ser indesejável em determinadas aplicações.

Por exemplo, em sistemas eleitorais, as blockchains tradicionais não são recomendadas. Embora elas garantam a contabilização dos votos e a integridade dos resultados, a transparência total pode ser problemática. Isso ocorre porque a falta de sigilo necessário comprometeria a imparcialidade das eleições, tornando os resultados vulneráveis à manipulação e, potencialmente, levando a desfechos antidemocráticos.

Outro exemplo vem da evolução dos produtos financeiros no mundo das finanças descentralizadas (DeFi). Se a interação com um produto financeiro em blockchain significa expor suas informações pessoais e financeiras - como salários, pagamentos de tratamentos médicos ou pagamentos a fornecedores - é de se esperar grande  resistência ao uso desses produtos financeiros.

Aqui entram em cena as as Provas de Conhecimento Zero (ZKPs). Imagine um mundo onde você pode provar que uma informação é verdadeira sem revelar a informação em si. Um mundo onde a privacidade é garantida e a segurança dos dados é uma certeza, não uma mera expectativa. Este é o potencial extraordinário das provas de conhecimento zero. Mesmo sendo um domínio enigmático no campo da criptografia, estas técnicas avançadas foram introduzidas pela primeira vez em 1985 por criptógrafos eminentes do MIT.

E não estamos apenas falando de teoria. Os avanços práticos dessas técnicas matemáticas já são realidade em diversas aplicações. Elas permitem transações privadas em blockchains focadas em privacidade como o Zcash, melhoram a escalabilidade e a privacidade na rede Ethereum/Polygon e até mesmo propiciam a possibilidade de votações seguras, transparentes e privadas na blockchain. Um exemplo disso é o caso da recém-anunciada biblioteca pública Cicada, desenvolvida pela a16z, lendário fundo de venture capital de Marc Andreessen.

As provas de conhecimento zero redefinirão como pensamos sobre o gerenciamento de dados. Elas irão permitir que os usuários cumpram requisitos de conformidade e de Conheça Seu Cliente (KYC) sem a necessidade de revelar dados pessoais ou segredos comerciais. Essas melhorias terão amplo impacto em diversas áreas, como redes blockchain, sistemas de votação, Internet das Coisas (IoT), cadeias de suprimentos e muitos outros setores da nossa sociedade. Poderemos assim aprimorar a privacidade e a segurança assim como a eficiência dos sistemas digitais.

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O ano de 2023 está se mostrando revolucionário em diversos campos da ciência e tecnologia. Desde o acesso generalizado a plataformas de inteligência artificial generativa, como o ChatGPT, Midjourney e o Bard do Google, até eventuais descobertas na área da ciência dos materiais, tal como a possível criação de supercondutores que operam à temperatura ambiente. Além disso, discussões mais filosóficas sobre os méritos e os riscos dos " orbes de metal " que estão coletando dados biométricos das íris de milhões de pessoas globalmente no projeto Worldcoin, de Sam Altman, fundador da Open AI, também estão em destaque. Sem dúvida, continuamos avançando a passos largos na era digital, e as tecnologias blockchain estão se consolidando como a infraestrutura que catalisa a evolução da internet, a chamada internet 3.0.

As tecnologias de DLTs ( Distributed Ledger Technology, ou Tecnologia de Registro Distribuído em português) que utilizam blockchains viabilizam aplicações revolucionárias. Elas substituem a necessidade de um órgão centralizador, seja ele um governo ou uma empresa, por uma confiança criptográfica. Isso implica uma confiança nas propriedades matemáticas inalteráveis, resultando, na prática, em um mundo mais justo, transparente, descentralizado e inclusivo.

Apesar de sua transparência absoluta ter permitido a criação de um meio de troca superior - descentralizado, resistente a fraudes e que está sendo adotado pela maioria dos bancos centrais mundiais através das moedas digitais soberanas, os chamados CBDCs - o ethos das blockchains apresenta um problema. A transparência absoluta possui suas vantagens, mas pode ser indesejável em determinadas aplicações.

Por exemplo, em sistemas eleitorais, as blockchains tradicionais não são recomendadas. Embora elas garantam a contabilização dos votos e a integridade dos resultados, a transparência total pode ser problemática. Isso ocorre porque a falta de sigilo necessário comprometeria a imparcialidade das eleições, tornando os resultados vulneráveis à manipulação e, potencialmente, levando a desfechos antidemocráticos.

Outro exemplo vem da evolução dos produtos financeiros no mundo das finanças descentralizadas (DeFi). Se a interação com um produto financeiro em blockchain significa expor suas informações pessoais e financeiras - como salários, pagamentos de tratamentos médicos ou pagamentos a fornecedores - é de se esperar grande  resistência ao uso desses produtos financeiros.

Aqui entram em cena as as Provas de Conhecimento Zero (ZKPs). Imagine um mundo onde você pode provar que uma informação é verdadeira sem revelar a informação em si. Um mundo onde a privacidade é garantida e a segurança dos dados é uma certeza, não uma mera expectativa. Este é o potencial extraordinário das provas de conhecimento zero. Mesmo sendo um domínio enigmático no campo da criptografia, estas técnicas avançadas foram introduzidas pela primeira vez em 1985 por criptógrafos eminentes do MIT.

E não estamos apenas falando de teoria. Os avanços práticos dessas técnicas matemáticas já são realidade em diversas aplicações. Elas permitem transações privadas em blockchains focadas em privacidade como o Zcash, melhoram a escalabilidade e a privacidade na rede Ethereum/Polygon e até mesmo propiciam a possibilidade de votações seguras, transparentes e privadas na blockchain. Um exemplo disso é o caso da recém-anunciada biblioteca pública Cicada, desenvolvida pela a16z, lendário fundo de venture capital de Marc Andreessen.

As provas de conhecimento zero redefinirão como pensamos sobre o gerenciamento de dados. Elas irão permitir que os usuários cumpram requisitos de conformidade e de Conheça Seu Cliente (KYC) sem a necessidade de revelar dados pessoais ou segredos comerciais. Essas melhorias terão amplo impacto em diversas áreas, como redes blockchain, sistemas de votação, Internet das Coisas (IoT), cadeias de suprimentos e muitos outros setores da nossa sociedade. Poderemos assim aprimorar a privacidade e a segurança assim como a eficiência dos sistemas digitais.

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