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A necessidade de maior investimento privado na economia

Em debate da série “O Futuro do Brasil”, promovido em 14 de setembro pela BBC Brasil e pela rádio CBN em São Paulo, Gustavo Franco, Antônio Corrêa de Lacerda e Fábio Giambiagi defenderam a necessidade de maior investimento do setor privado na economia, mas discordaram sobre o papel do Estado. A matéria é da BBC: “Na opinião do economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, os impostos arrecadados […] Leia mais

DR

Da Redação

Publicado em 15 de setembro de 2010 às 15h13.

Última atualização em 24 de fevereiro de 2017 às 11h15.

Em debate da série “O Futuro do Brasil”, promovido em 14 de setembro pela BBC Brasil e pela rádio CBN em São Paulo, Gustavo Franco, Antônio Corrêa de Lacerda e Fábio Giambiagi defenderam a necessidade de maior investimento do setor privado na economia, mas discordaram sobre o papel do Estado. A matéria é da BBC:

“Na opinião do economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, os impostos arrecadados no Brasil não são suficientes para cobrir ao mesmo tempo os gastos sociais – em saúde e educação, por exemplo – e o financiamento do crescimento. “Não dá para ser um pais europeu do ponto de vista do gasto social e ao mesmo tempo querer que o Estado assuma todos os encargos de investimento da infraestrutura. A conta não fecha”, afirmou.

Franco se mostrou crítico ao processo de capitalização da Petrobras, iniciado pelo governo federal nesta semana. “Esse dinheiro que a gente tira do bolso pra dar ao Estado deixa de ir para o mercado de capitais. A gente está financiando o governo. Se fizesse isso com recursos privados, não teria essa necessidade”, disse.

Por sua vez, o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Antônio Corrêa de Lacerda, defendeu a oferta de ações da Petrobras. “Eu respondi ao chamado da primeira capitalização e estou muito satisfeito com a rentabilidade, e vou exercer o meu direito de recapitalizar”, disse.

No entanto, o economista concordou com a necessidade de ampliar a capacidade de investimento do setor privado. “O Brasil pode contar com os bancos públicos no combate à crise, nas políticas anticíclicas, mas a sustentabilidade desse processo de elevação da taxa de investimento evidentemente vai precisar incorporar as alternativas do mercado de capitais”, afirmou Lacerda.

Quanto à exploração do petróleo na camada pré-sal, Lacerda afirma que o governo deve agir com inteligência para utilizar estes recursos no sentido de agregar valor ao longo da cadeia produtiva, sem gerar privilégios para setores específicos e evitando grandes custos para a sociedade.

O economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fábio Giambiagi disse que, além da atuação em situações de crise – como ocorreu em 2008 e 2009 -, o papel do Estado no financiamento e na infraestrutura é “absolutamente crucial” – embora veja a necessidade do fortalecimento do setor privado no investimento.

Além disto, ele afirmou que a atuações dos governos nos programas de assistência, desde o regime militar até a criação do Bolsa Família, foram bem-sucedidos e “absolutamente definitivos” em termos do que se espera do Estado em termos de políticas sociais.

Estado

Para Giambiagi, o entendimento sobre a atuação estatal sobre a economia varia com o tempo. Ele citou o Banco do Brasil como exemplo de como um órgão estatal pode mudar de status e assumir funções características de instituições privadas.

O mesmo, segundo o economista do BNDES, ocorreu na siderurgia, um setor que antes era visto como estratégico para o Estado e que acabou sendo alvo de privatizações.

“Hoje, ninguém, nem o mais fanático dos estatistas, se aventura a dizer que o setor siderúrgico deveria pertencer ao Estado”, disse.

O diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, defendeu a atuação do governo no sentido de reduzir a taxa de juros e a carga tributária sobre o setor produtivo.

“Não estou defendendo a proteção de setores da indústria, mas é muito chato competir quando se carrega 30 kg nas costas por fatores externos aos muros da fábrica”, afirmou.”

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Em debate da série “O Futuro do Brasil”, promovido em 14 de setembro pela BBC Brasil e pela rádio CBN em São Paulo, Gustavo Franco, Antônio Corrêa de Lacerda e Fábio Giambiagi defenderam a necessidade de maior investimento do setor privado na economia, mas discordaram sobre o papel do Estado. A matéria é da BBC:

“Na opinião do economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco, os impostos arrecadados no Brasil não são suficientes para cobrir ao mesmo tempo os gastos sociais – em saúde e educação, por exemplo – e o financiamento do crescimento. “Não dá para ser um pais europeu do ponto de vista do gasto social e ao mesmo tempo querer que o Estado assuma todos os encargos de investimento da infraestrutura. A conta não fecha”, afirmou.

Franco se mostrou crítico ao processo de capitalização da Petrobras, iniciado pelo governo federal nesta semana. “Esse dinheiro que a gente tira do bolso pra dar ao Estado deixa de ir para o mercado de capitais. A gente está financiando o governo. Se fizesse isso com recursos privados, não teria essa necessidade”, disse.

Por sua vez, o economista e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Antônio Corrêa de Lacerda, defendeu a oferta de ações da Petrobras. “Eu respondi ao chamado da primeira capitalização e estou muito satisfeito com a rentabilidade, e vou exercer o meu direito de recapitalizar”, disse.

No entanto, o economista concordou com a necessidade de ampliar a capacidade de investimento do setor privado. “O Brasil pode contar com os bancos públicos no combate à crise, nas políticas anticíclicas, mas a sustentabilidade desse processo de elevação da taxa de investimento evidentemente vai precisar incorporar as alternativas do mercado de capitais”, afirmou Lacerda.

Quanto à exploração do petróleo na camada pré-sal, Lacerda afirma que o governo deve agir com inteligência para utilizar estes recursos no sentido de agregar valor ao longo da cadeia produtiva, sem gerar privilégios para setores específicos e evitando grandes custos para a sociedade.

O economista do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Fábio Giambiagi disse que, além da atuação em situações de crise – como ocorreu em 2008 e 2009 -, o papel do Estado no financiamento e na infraestrutura é “absolutamente crucial” – embora veja a necessidade do fortalecimento do setor privado no investimento.

Além disto, ele afirmou que a atuações dos governos nos programas de assistência, desde o regime militar até a criação do Bolsa Família, foram bem-sucedidos e “absolutamente definitivos” em termos do que se espera do Estado em termos de políticas sociais.

Estado

Para Giambiagi, o entendimento sobre a atuação estatal sobre a economia varia com o tempo. Ele citou o Banco do Brasil como exemplo de como um órgão estatal pode mudar de status e assumir funções características de instituições privadas.

O mesmo, segundo o economista do BNDES, ocorreu na siderurgia, um setor que antes era visto como estratégico para o Estado e que acabou sendo alvo de privatizações.

“Hoje, ninguém, nem o mais fanático dos estatistas, se aventura a dizer que o setor siderúrgico deveria pertencer ao Estado”, disse.

O diretor do Departamento de Pesquisa e Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Francini, defendeu a atuação do governo no sentido de reduzir a taxa de juros e a carga tributária sobre o setor produtivo.

“Não estou defendendo a proteção de setores da indústria, mas é muito chato competir quando se carrega 30 kg nas costas por fatores externos aos muros da fábrica”, afirmou.”

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