A grande muralha da censura

Quer saber como os internautas chineses conseguem burlar as restrições à internet na China? Leia essa matéria publicada no caderno “Link” do “Estado do SP”.

“O YouTube é bloqueado na China, mas quase todo o conteúdo do site pode ser visto no Youtubecn.com, versão pirata chinesa. A cópia acaba sendo uma forma, ainda que parcial, de burlar a censura. Na quinta (04/02/2010), os vídeos ali eram muitos dos que apareciam na versão original.

Mas uma busca com a palavra “Tibet” mostrava que a censura não pode ser totalmente contornada. Os resultados levavam a vídeos gravados nos conflitos que aconteceram lá em março de 2008 e que levaram ao bloqueio do YouTube. Mas nenhum deles podia ser aberto.

Antes de concretizar sua ameaça de deixar o país, o Google também ganhou um “concorrente” local, o goojje.com.

O YouTube.cn estava no ar na semana passada, mas todos acham que ele será, muito em breve, “harmonizado”, expressão irônica para se referir ao bloqueio de sites, inspirada na “sociedade harmônica” propagada pelo presidente da China, Hu Jintao.

Alguns chineses usam proxies para driblar a censura (maquiando o IP de origem), outros compram serviços de VPN (Virtual Private Network, redes fechadas), que cortam a muralha da censura por US$ 60 ao ano.

Muitos usam táticas de guerrilha para postar informações proibidas: há quem tenha mais de um blog e atualize todos ao mesmo tempo, na esperança de que no mínimo um deles fique no ar; há quem poste a mesma coisa sucessivamente em diferentes lugares, na medida em que cada postagem vai sendo deletada.

Outro método é disfarçar palavras com siglas ou digitação invertida. Como a censura funciona com palavras chaves, é possível disfarçar termos. Governo (zheng fu, em chinês) vira apenas “zf”. Mas assim que uma tática é descoberta, a expressão passa a ser bloqueada.”