“A compra de votos altera o objetivo principal da eleição”
Norte e Nordeste concentram maior número de crimes eleitorais no Brasil. Entenda como vender seu voto prejudica a representação
Publicado em 30 de julho de 2018 às, 12h57.
Um levantamento realizado pelo “O Estado de S. Paulo” mostra que as regiões Norte e Nordeste são as que registraram proporcionalmente o maior número de investigações por crimes eleitorais nos últimos dez anos no Brasil. Roraima, Acre, Rio Grande do Norte, Paraíba, Tocantins e Amapá estão no topo da lista que levou em conta o período entre 2006 e 2016. Em entrevista ao Instituto Millenium, o cientista político Leonardo Pazexplicou como a compra de votos, responsável pela maioria dos inquéritos policiais abertos, afeta negativamente a democracia representativa. Ouça o podcast abaixo!
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Segundo o especialista do Imil, a compra de votos altera completamente o principal objetivo de um processo eleitoral: garantir que a população escolha livremente os seus representantes. Por sua vez, este cenário vai contra um dos pilares básicos da democracia, ou seja, eleições livres e regulares. Na opinião de Leonardo Paz, a dependência de cargos públicos e programas sociais, muito incidentes nas regiões Norte e Nordeste, podem potencializar esses crimes:
“Essas pessoas se encontram em uma situação vulnerável. Se alguém fala, em uma comunidade, que se determinado político não for eleito o benefício vai acabar, sem dúvida vai haver preocupação e ela vai votar nesse indivíduo. Beneficiários de bolsa família, na média, têm menos acesso à educação formal, e maior dificuldade em saber como o sistema funciona, sentindo-se mais desprotegidos. O mesmo acontece com os empregos públicos, já que há o medo da perda do trabalho”.
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Leonardo cita algumas medidas que ajudam a combater os crimes eleitorais, como a criação de ouvidorias e espaços onde as pessoas possam fazer suas denúncias, investigações efetivas, sobretudo nas áreas rurais e no interior do país, além de punições mais duras para os atores envolvidos nessas ações. O acesso à informação também é fundamental, para garantir que a população saiba que seu voto é livre e secreto, e que tais práticas são condenáveis, sobretudo vindas de representantes com o papel de trabalhar de acordo com os interesses da sociedade.