Os desafios de escalar um projeto de inovação em grandes empresas
Os resultados dos projetos pilotos de inovação normalmente ocorrem quando a empresa consegue escalar a solução.
Felipe Ost Scherer
Publicado em 20 de setembro de 2021 às 14h55.
A utilização da abordagem da experimentação, projetos pilotos, pocs, mvps e outras variações do mesmo tema tem sido bastante adotado pelas empresas. Essa mentalidade traz ganhos que visam o rápido aprendizado sobre incertezas inerentes à projetos de inovação. Além disso, permite ajustar o quase sempre incompleto, e até incorreto, plano em relação ao produto, processo, modelo de negócio ou serviço que se está desenvolvendo.
É bastante usual também, haver uma sequência de experimentos, até que haja um conjunto de evidências suficientemente robustas para a tomada de decisão em relação ao futuro do projeto: seguir ou não seguir (o famoso go / no go)? Talvez um dos erros mais comuns cometidos nessa fase está relacionado com a forma de avaliar os resultados dos pilotos. De forma geral, o resultado financeiro obtido no piloto não deve ser o único fator para decidir escalar ou não.
Em alguns casos, a dimensão financeira nem está entre os principais indicadores, especialmente quando se está trabalhando com tecnologias e modelos de negócios disruptivos. Esse tipo de projeto, normalmente, leva tempo para maturar e começar a gerar resultados financeiros, portanto as métricas de análise não são tão óbvias como o simples lucro da operação. Há diversos casos de empresas que apontam para essa situação como Uber, Airbnb, Google, Amazon e tantas outras. Caso a única métrica de avaliação utilizada fosse a financeira, talvez algumas delas não tivessem obtido a escala e o sucesso que alcançaram.
Cada organização terá o seu conjunto de métricas para avaliar o projeto quanto à sua continuidade. Em alguns casos pode-se utilizar uma matriz que irá posicionar o projeto em quadrantes que irá indicar a continuidade ou não. Essa matriz pode ter eixos como o potencial de retorno, capacidade de execução, nível de confiança sobre o projeto, grau de prioridade em relação ao portfólio existente, tamanho do investimento, funding disponível, etc...
De certa forma, as iniciativas de inovação que através de experimentos mostram-se promissoras, precisam escalar para realmente trazer resultados consistentes. Fazer somente sessões de ideação, workshops, pitchdays ou pilotos sem continuidade contribuem mais para o chamado “teatro da inovação” do que efetivamente a desejada evolução do negócio.
Quais são os desafios de escalar o projeto?
Alguns desafios comuns e recorrentes criam dificuldade na hora de escalar soluções inovadoras nas empresas.
1. Desafios da inovação radical / novos negócios
Quanto mais inovadora a solução, maiores são os problemas normalmente encontrados na hora de escalar. As estruturas existentes nas empresas funcionam bem com projetos incrementais, com riscos previsíveis e controlados. Projetos de maior grau de inovação e ruptura são mais difíceis de serem aceitos na empresa tradicional. Além disso, projetos de inovação de novos modelos de negócios tendem a ser mais desafiadores também, uma vez que o modelo de gestão da estrutura existente pode ser conflitante com o novo.
Para tentar romper esse desafio, é sempre importante lembrar que, ao desenvolver qualquer projeto de inovação, deve haver o chamado alinhamento estratégico. Do ponto de vista prático, cada projeto precisa ser um “veículo” para entregar a visão do futuro estabelecida pela empresa. Caso contrário, dificilmente haverá apoio interno suficiente no rollout do mesmo. O projeto inovador deve ser visto como uma visão da estratégia de ambidestra necessária para construir o futuro, e para tanto, deve permitir seu desenvolvimento. Além disso, sempre há a possibilidade de criar uma estrutura específica para conduzir o crescimento do projeto dentro da organização.
2. Desafio das métricas
Negócios inovadores tendem a levar algum tempo para obter a maturidade. Mesmo na fase de escalar a solução, nem sempre as métricas serão as mesmas. Por exemplo, se o projeto for um novo produto ou serviço, indicadores relacionados ao crescimento, satisfação e efetiva solução do problema existente devem ser levados em consideração.
A melhor forma de vencer esse desafio está na estruturação de métricas adequadas ao contexto de um projeto de inovação ainda em fase scaleup. Essas devem levar em consideração a natureza do projeto e o horizonte de tempo dos objetivos associados.
3. Desafio das competências
As competências do time envolvido em escalar a solução precisam combinar o melhor dos dois mundos da criação e execução. Mesmo o projeto já tendo passado da fase de experimentação haverá uma necessidade grande de criatividade para comunicar e ampliar a adoção, disciplina para executar as atividades, excelente interação entre diferentes áreas envolvidas e gestão dos recursos.
A escolha do time que será envolvido para escalar a solução é muito importante. Assim como na fase de piloto, deixar a liderança e os principais stakeholders próximos ao projeto garante relevância e boas pessoas trabalhando nele.
4. Desafio da gestão da mudança
A chamada inércia organizacional leva muitos projetos de alto potencial ao fracasso. Em muitas empresas é muito difícil implementar qualquer tipo de mudança, por mais promissora que seja. Pode haver também, uma certa perda de interesse na iniciativa conforme o tempo vai passando. Em muitas empresas, as fases iniciais de ideação e mesmo o piloto, recebem muita atenção por parte das pessoas e, até mesmo, da liderança. Conforme o projeto avança pode haver uma desmobilização dos envolvidos.
Um processo organizado de gestão da mudança e sensibilização de todos envolvidos é fundamental para a manutenção das iniciativas. Fomentar a mentalidade de mudança ajuda na mobilização em prol do objetivo. Comunicar propósito e vincular ao que se está fazendo também potencializa a capacidade do time colaborar para escalar o projeto.
5. Desafio da agilidade
Outro desafio bastante comum ao escalar projetos de inovação é manter a mentalidade ágil. De forma geral, os times que trabalham nos pilotos aplicam todo ou parte da visão da agilidade. Não é raro ver os times trabalharem com algum framework ágil, especialmente o Scrum. Quando o projeto passa do piloto e segue para o desafio de escalar, parece que tudo é esquecido e nada mais é importante.
Independente de utilizar algum framework ou ferramenta, empresas que conseguem manter a utilização dos princípios da agilidade mesmo na fase scaleup do projeto. Aceitar a mudança, entrega de valor constante, satisfazer o cliente, colaboração através de inovação aberta, refletir e ajudar, etc... são princípios que continuam muito relevantes nessa fase e devem ser utilizados.
A utilização da abordagem da experimentação, projetos pilotos, pocs, mvps e outras variações do mesmo tema tem sido bastante adotado pelas empresas. Essa mentalidade traz ganhos que visam o rápido aprendizado sobre incertezas inerentes à projetos de inovação. Além disso, permite ajustar o quase sempre incompleto, e até incorreto, plano em relação ao produto, processo, modelo de negócio ou serviço que se está desenvolvendo.
É bastante usual também, haver uma sequência de experimentos, até que haja um conjunto de evidências suficientemente robustas para a tomada de decisão em relação ao futuro do projeto: seguir ou não seguir (o famoso go / no go)? Talvez um dos erros mais comuns cometidos nessa fase está relacionado com a forma de avaliar os resultados dos pilotos. De forma geral, o resultado financeiro obtido no piloto não deve ser o único fator para decidir escalar ou não.
Em alguns casos, a dimensão financeira nem está entre os principais indicadores, especialmente quando se está trabalhando com tecnologias e modelos de negócios disruptivos. Esse tipo de projeto, normalmente, leva tempo para maturar e começar a gerar resultados financeiros, portanto as métricas de análise não são tão óbvias como o simples lucro da operação. Há diversos casos de empresas que apontam para essa situação como Uber, Airbnb, Google, Amazon e tantas outras. Caso a única métrica de avaliação utilizada fosse a financeira, talvez algumas delas não tivessem obtido a escala e o sucesso que alcançaram.
Cada organização terá o seu conjunto de métricas para avaliar o projeto quanto à sua continuidade. Em alguns casos pode-se utilizar uma matriz que irá posicionar o projeto em quadrantes que irá indicar a continuidade ou não. Essa matriz pode ter eixos como o potencial de retorno, capacidade de execução, nível de confiança sobre o projeto, grau de prioridade em relação ao portfólio existente, tamanho do investimento, funding disponível, etc...
De certa forma, as iniciativas de inovação que através de experimentos mostram-se promissoras, precisam escalar para realmente trazer resultados consistentes. Fazer somente sessões de ideação, workshops, pitchdays ou pilotos sem continuidade contribuem mais para o chamado “teatro da inovação” do que efetivamente a desejada evolução do negócio.
Quais são os desafios de escalar o projeto?
Alguns desafios comuns e recorrentes criam dificuldade na hora de escalar soluções inovadoras nas empresas.
1. Desafios da inovação radical / novos negócios
Quanto mais inovadora a solução, maiores são os problemas normalmente encontrados na hora de escalar. As estruturas existentes nas empresas funcionam bem com projetos incrementais, com riscos previsíveis e controlados. Projetos de maior grau de inovação e ruptura são mais difíceis de serem aceitos na empresa tradicional. Além disso, projetos de inovação de novos modelos de negócios tendem a ser mais desafiadores também, uma vez que o modelo de gestão da estrutura existente pode ser conflitante com o novo.
Para tentar romper esse desafio, é sempre importante lembrar que, ao desenvolver qualquer projeto de inovação, deve haver o chamado alinhamento estratégico. Do ponto de vista prático, cada projeto precisa ser um “veículo” para entregar a visão do futuro estabelecida pela empresa. Caso contrário, dificilmente haverá apoio interno suficiente no rollout do mesmo. O projeto inovador deve ser visto como uma visão da estratégia de ambidestra necessária para construir o futuro, e para tanto, deve permitir seu desenvolvimento. Além disso, sempre há a possibilidade de criar uma estrutura específica para conduzir o crescimento do projeto dentro da organização.
2. Desafio das métricas
Negócios inovadores tendem a levar algum tempo para obter a maturidade. Mesmo na fase de escalar a solução, nem sempre as métricas serão as mesmas. Por exemplo, se o projeto for um novo produto ou serviço, indicadores relacionados ao crescimento, satisfação e efetiva solução do problema existente devem ser levados em consideração.
A melhor forma de vencer esse desafio está na estruturação de métricas adequadas ao contexto de um projeto de inovação ainda em fase scaleup. Essas devem levar em consideração a natureza do projeto e o horizonte de tempo dos objetivos associados.
3. Desafio das competências
As competências do time envolvido em escalar a solução precisam combinar o melhor dos dois mundos da criação e execução. Mesmo o projeto já tendo passado da fase de experimentação haverá uma necessidade grande de criatividade para comunicar e ampliar a adoção, disciplina para executar as atividades, excelente interação entre diferentes áreas envolvidas e gestão dos recursos.
A escolha do time que será envolvido para escalar a solução é muito importante. Assim como na fase de piloto, deixar a liderança e os principais stakeholders próximos ao projeto garante relevância e boas pessoas trabalhando nele.
4. Desafio da gestão da mudança
A chamada inércia organizacional leva muitos projetos de alto potencial ao fracasso. Em muitas empresas é muito difícil implementar qualquer tipo de mudança, por mais promissora que seja. Pode haver também, uma certa perda de interesse na iniciativa conforme o tempo vai passando. Em muitas empresas, as fases iniciais de ideação e mesmo o piloto, recebem muita atenção por parte das pessoas e, até mesmo, da liderança. Conforme o projeto avança pode haver uma desmobilização dos envolvidos.
Um processo organizado de gestão da mudança e sensibilização de todos envolvidos é fundamental para a manutenção das iniciativas. Fomentar a mentalidade de mudança ajuda na mobilização em prol do objetivo. Comunicar propósito e vincular ao que se está fazendo também potencializa a capacidade do time colaborar para escalar o projeto.
5. Desafio da agilidade
Outro desafio bastante comum ao escalar projetos de inovação é manter a mentalidade ágil. De forma geral, os times que trabalham nos pilotos aplicam todo ou parte da visão da agilidade. Não é raro ver os times trabalharem com algum framework ágil, especialmente o Scrum. Quando o projeto passa do piloto e segue para o desafio de escalar, parece que tudo é esquecido e nada mais é importante.
Independente de utilizar algum framework ou ferramenta, empresas que conseguem manter a utilização dos princípios da agilidade mesmo na fase scaleup do projeto. Aceitar a mudança, entrega de valor constante, satisfazer o cliente, colaboração através de inovação aberta, refletir e ajudar, etc... são princípios que continuam muito relevantes nessa fase e devem ser utilizados.