Monetização de impacto: como escolher entre as diversas abordagens?
Jorge Ikawa e Octavio Augusto de Barros comentam sobre as abordagens de monetização de impacto utilizadas com frequência
Publicado em 8 de setembro de 2022 às, 09h00.
Por Jorge Ikawa* e Octavio Augusto de Barros**
Nos últimos artigos, discutimos algumas das abordagens de monetização de impacto utilizadas com frequência, tais como as análises de Custo-Efetividade (CE), de Custo-Benefício (CB), SROI e Impact-Weighted Accounts. Esta publicação tem por objetivo trazer uma discussão sobre pontos fortes e fracos de cada uma delas, provendo uma análise comparativa em seis dimensões: grau de desenvolvimento, precisão das métricas utilizadas, capacidade de atribuição de causalidade, comparabilidade entre projetos, incorporação de stakeholders ao processo avaliativo e custos de implementação. Uma discussão mais aprofundada sobre a monetização de impacto pode ser encontrada aqui, em documento elaborado pelo Insper Metricis, em parceria com a GK Ventures.
Embora as quatro abordagens apresentadas auxiliem no processo de monetização de impacto, a escolha por uma metodologia em detrimento das demais depende de quais atributos o avaliador considere mais importantes. Dessa forma, a recomendação pelo uso de determinada abordagem poderá variar de caso a caso. Por exemplo, se o foco for a comparação entre projetos de áreas distintas, CB, SROI e Impact-Weighted Accounts levam vantagem sobre CE, uma vez que, ao quantificarem projetos de setores e atividades distintos em uma métrica comum (neste caso, valores monetários), oferecem ao avaliador uma medida única para a avaliação. Por outro lado, se o objetivo for ter métricas precisas, a análise CE tenderia a ser mais apropriada, uma vez que não demanda a transformação em valores monetários dos resultados gerados.
Com relação às outras quatro dimensões, tanto a análise de CE quanto a de CB são abordagens consolidadas, que geralmente partem de estimativas causais de resultado, mas são menos focadas na incorporação de múltiplos stakeholders à avaliação. Já SROI tem como vantagem a incorporação de múltiplos stakeholders às análises, mas vale-se de métricas e estimativas causais menos precisas. O envolvimento maior de stakeholders, no entanto, eleva os custos de implementação, tornando-os os maiores dentre as abordagens.
Finalmente, por seu estágio menos avançado de desenvolvimento, a abordagem de Impact-Weighted Accounts exibe menor desempenho na maior parte dos atributos. Apesar disso, trata-se de uma abordagem apropriada para comparações entre organizações distintas e pode, em desenvolvimentos futuros, incorporar efeitos em um número maior de stakeholders.
A figura abaixo traz um comparativo entre as quatro abordagens. Dado que Impact-Weighted Accounts é uma metodologia ainda em desenvolvimento, não é possível estabelecer ainda seus custos. Além disso, a tabela abaixo, retirada do guia de monetização de impacto socioambiental, apresenta de maneira mais detalhada as seis dimensões consideradas.
*Jorge Ikawa é doutor em Economia dos Negócios pelo Insper, bacharel em Economia pela FEARP-USP e formado em Jornalismo pela ECA-USP.
**Octavio Augusto de Barros é doutorando em Economia dos Negócios pelo Insper. É graduado em Economia pela FGV-SP e mestre em Estratégia Empresarial pela mesma instituição. Atua como pesquisador nas áreas de Avaliação de Impacto Socioambiental e Estratégia Organizacional.