(NicoElNino/Getty Images)
Ideias renováveis
Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 10h46.
Começo de ano é uma oportunidade para retomar aqueles projetos que ficaram na gaveta ou de pensar em novas ideias e propostas. Para as empresas também é um momento de retomada, em especial quando passamos por dois anos tão desafiadores como foram 2020 e 2021.
Embora ainda estejamos sob uma pandemia e seus impactos, algumas questões ganharam espaço na agenda - questões climáticas, diversidade, entre outras. É importante aproveitarmos esse aquecimento e o momento para endereçar pautas fundamentais de promoção de mudança da sociedade.
Todas as vezes que vemos um assunto “estourar” na mídia tradicional e nas mídias sociais temos um efeito colateral: um pouco de confusão sobre o que aquilo tudo de fato significa. Com a agenda ESG não é diferente. As três letrinhas estão por todos os lados e com isso muita dúvida sobre como endereçar as questões sociais, ambientais e de governança dentro das organizações.
Embora com origens distintas, a sustentabilidade e o ESG caminham na mesma direção. Sem se aprofundar em conceitos, a primeira tem origem no CSR (Corporate Social Responsibility - Responsabilidade Social Corporativa) que, ainda no início da década de 1970, nos EUA, através de publicações do CED (Committee for Economic Development - Comitê para Desenvolvimento Econômico) enfatizava que os negócios (e empresas) estavam sendo chamados a comprometer-se com a sociedade sob outros vieses, inclusive aquele do bem estar social. Já a origem da segunda, ESG, está conectada ao SRI (Socially Responsible Investing ou Sustainable & Responsible Investing), que, também na década de 1970, tornou-se pauta de uma reivindicação contra a gigante General Motors e inaugurou na SEC (Securities Exchange Commission, a CVM dos Estados Unidos) a instalação de aspectos sociais (e posteriormente ambientais também) em suas análises.
Embora tenha ganhado espaço na mídia tradicional mais recentemente, a primeira menção ao termo ESG, como tal, é de 2004, em uma publicação do Pacto Global que se chama “Who Cares Wins - Connecting Financial Markets to a Changing World”, e apesar de não trazer novidades no cerne da questão, o ESG é um modelo de integração dos aspectos ambientais, sociais e de governança às decisões de investimento do setor financeiro e mercado de capitais.
A recente pesquisa “Retrato da Sustentabilidade no Mercado de Capitais”, feita pela Anbima (a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) com mais de 200 gestoras de recursos brasileiras classificou cinco padrões de comportamento, de desconfiado a engajado, ou seja, desde enxergar a pauta ESG como uma ameaça até aqueles que olham para isso como estratégia de ação, como um compromisso a seguir e manter (nas duas categorias mais avançadas no tema são quase 30% das gestoras respondentes).
Adicionalmente, importa dizer que a agenda ESG tem modificado o panorama dos investimentos financeiros. De acordo com o Global Sustainable Investment Alliance (GSIA) – e sua publicação Global Sustainable Investment Review 2020 (GSIR) - no início de 2020, o investimento sustentável global atingiu um valor de US$ 35,3 trilhões, nos cinco principais mercados cobertos pelo relatório (Europa, Estados Unidos, Canadá, Japão e Austrália + Nova Zelândia), um aumento de 15% considerando um período de dois anos (2018-2020) e 55% em um período de quatro anos (2016-2020).
Se há mais investidores com a intenção de investir em empresas com prática mais avançadas, qual é o caminho para as empresas que desejam incorporar a agenda ESG em seus negócios e estar apta a receber esses investimentos? Sem a intenção de esgotar a discussão, aqui são sugeridos seis primeiros passos para que uma empresa, de qualquer tamanho e qualquer setor, possa começar:
O ESG como entendemos hoje já se tornou tendência nos mercados e distintos setores, e existem ferramentas e empresas capacitadas para auxiliar. Se ainda não começou sua jornada, a hora é agora. Não dá para deixar para depois!
* Felipe Nestrovsky é Head de Consultoria ESG para Empresas e Melissa Rizzo Battistella é especialista ESG da SITAWI Finanças do Bem