Eleitorado feminino afina o tom da campanha nos EUA
"Com direito ao voto há apenas 100 anos, as mulheres são maioria e a parte do eleitorado que mais comparece às urnas nos Estados Unidos"
Fabiane Stefano
Publicado em 26 de outubro de 2020 às 10h55.
Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 10h57.
Não teve pra ninguém: a vitória do último debate das eleições americanas, no dia 22 de outubro, não foi nem de Joe Biden nem de Donald Trump e sim da moderadora, a jornalista Kristen Welker. A correspondente da NBC na Casa Branca comandou os 90 minutos do programa com firmeza e preparo, resistindo a disparates como o do atual presidente de que ele seria “a pessoa menos racista deste recinto”. Kristen foi a única pessoa negra deste ano (e a segunda mulher negra da história) a moderar um debate nas eleições norte-americanas, numa disputa em que a questão racial é tema central para a reeleição do republicano. O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor.
A afirmação de Trump ganha equivalência na forma e na provocação ao que o ele próprio disse no debate final de 2016 com Hillary Clinton sobre as mulheres: “ ninguém respeita mais as mulheres do que eu”. Trump venceu aquela eleição mas o comportamento sexista lhe custou a oposição contínua das mulheres durante o mandato, a começar pela grande marcha delas em Washington DC já no dia seguinte à sua posse. De forma objetiva, a consequência veio nas eleições do meio do termo, com um recorde de 100 candidatas mulheres eleitas para o Congresso.
Com direito ao voto há apenas 100 anos, as mulheres são maioria e a parte do eleitorado que mais comparece às urnas nos Estados Unidos, num sistema não obrigatório (em 2016, 4% a mais de mulheres do que os homens votaram, segundo estudos públicos). Preocupado com este eleitorado e com o seu futuro, Trump mudou o tom durante debate inclusive com relação à moderadora, a quem havia criticado na véspera pelo Twitter.
Em vez de atacar e interromper mais uma mulher, preferiu tentar pautar a questão da corrupção, buscando colar o tema no adversário através de seu filho, Hunter Biden. O que se viu depois foram acusações de ambos os lados em torno de quem seria o mais corrupto. A estratégia de Trump, neste caso, incluiu tentar se colocar novamente como o outsider, mesmo sendo o incumbente.
O tema da corrupção é um fantasma que ronda candidaturas no mundo todo. A ideia de que todos os políticos são iguais e que, portanto, todos são corruptos, é um clássico. Aqui no Brasil, o assunto volta à tona depois de dois anos de governo mas não chega a macular a imagem do presidente. Pesquisa EXAME/IDEIA realizada entre os dias 19 a 22 de outubro, com 1.200 pessoas, por telefone, mostra uma divisão da opinião pública sobre a corrupção no Brasil sob a gestão Jair Bolsonaro. Para 37% não aumentou nem diminuiu, para 34% aumentou e para 25% diminuiu.
A perspectiva sobre a evolução da corrupção também traz divisões: para 29% vai aumentar, para 35% vai ficar igual e para 27% deve diminuir. Entre as mulheres, o cenário é mais brando (33% dos homens acredita que vai aumentar x 26% das mulheres). A avaliação e a aprovação do governo (positiva ou negativa) são as principais variáveis que definem o otimismo ou o pessimismo sobre a corrupção. Entre os que souberam do dinheiro encontrado com o senador Chico Rodrigues (52%), 74% não mudaram sua avaliação sobre o presidente. O que mais mudaram de opinião foram os pesquisados com ensino superior (26%) e classe A/B (31%).
As eleições municipais que se aproximam aqui no Brasil ainda estão indefinidas, até porque com a pandemia e com a desilusão com a política , muitos eleitores já declararam que não pretendem comparecer à votação, mesmo sendo obrigatória. O que se sabe é que com direito a votar desde 1932, as mulheres também são a maioria dos eleitores no Brasil.
Aqui elas são a maior parte do eleitorado em 3.386 dos 5.568 municípios onde haverá eleições municipais neste ano. Farão elas uma diferença, inclusive elegendo candidatos que combatem a corrupção e a desigualde econômica, racial e de gênero? Estas são perguntas que só poderão ser respondidas nos dias 15 e 29 de novembro, datas do primeiro e do segundo turno. Até lá, muita água vai rolar por baixo dessas pontes.
Não teve pra ninguém: a vitória do último debate das eleições americanas, no dia 22 de outubro, não foi nem de Joe Biden nem de Donald Trump e sim da moderadora, a jornalista Kristen Welker. A correspondente da NBC na Casa Branca comandou os 90 minutos do programa com firmeza e preparo, resistindo a disparates como o do atual presidente de que ele seria “a pessoa menos racista deste recinto”. Kristen foi a única pessoa negra deste ano (e a segunda mulher negra da história) a moderar um debate nas eleições norte-americanas, numa disputa em que a questão racial é tema central para a reeleição do republicano. O mundo está mais complexo, mas dá para começar com o básico. Veja como, no Manual do Investidor.
A afirmação de Trump ganha equivalência na forma e na provocação ao que o ele próprio disse no debate final de 2016 com Hillary Clinton sobre as mulheres: “ ninguém respeita mais as mulheres do que eu”. Trump venceu aquela eleição mas o comportamento sexista lhe custou a oposição contínua das mulheres durante o mandato, a começar pela grande marcha delas em Washington DC já no dia seguinte à sua posse. De forma objetiva, a consequência veio nas eleições do meio do termo, com um recorde de 100 candidatas mulheres eleitas para o Congresso.
Com direito ao voto há apenas 100 anos, as mulheres são maioria e a parte do eleitorado que mais comparece às urnas nos Estados Unidos, num sistema não obrigatório (em 2016, 4% a mais de mulheres do que os homens votaram, segundo estudos públicos). Preocupado com este eleitorado e com o seu futuro, Trump mudou o tom durante debate inclusive com relação à moderadora, a quem havia criticado na véspera pelo Twitter.
Em vez de atacar e interromper mais uma mulher, preferiu tentar pautar a questão da corrupção, buscando colar o tema no adversário através de seu filho, Hunter Biden. O que se viu depois foram acusações de ambos os lados em torno de quem seria o mais corrupto. A estratégia de Trump, neste caso, incluiu tentar se colocar novamente como o outsider, mesmo sendo o incumbente.
O tema da corrupção é um fantasma que ronda candidaturas no mundo todo. A ideia de que todos os políticos são iguais e que, portanto, todos são corruptos, é um clássico. Aqui no Brasil, o assunto volta à tona depois de dois anos de governo mas não chega a macular a imagem do presidente. Pesquisa EXAME/IDEIA realizada entre os dias 19 a 22 de outubro, com 1.200 pessoas, por telefone, mostra uma divisão da opinião pública sobre a corrupção no Brasil sob a gestão Jair Bolsonaro. Para 37% não aumentou nem diminuiu, para 34% aumentou e para 25% diminuiu.
A perspectiva sobre a evolução da corrupção também traz divisões: para 29% vai aumentar, para 35% vai ficar igual e para 27% deve diminuir. Entre as mulheres, o cenário é mais brando (33% dos homens acredita que vai aumentar x 26% das mulheres). A avaliação e a aprovação do governo (positiva ou negativa) são as principais variáveis que definem o otimismo ou o pessimismo sobre a corrupção. Entre os que souberam do dinheiro encontrado com o senador Chico Rodrigues (52%), 74% não mudaram sua avaliação sobre o presidente. O que mais mudaram de opinião foram os pesquisados com ensino superior (26%) e classe A/B (31%).
As eleições municipais que se aproximam aqui no Brasil ainda estão indefinidas, até porque com a pandemia e com a desilusão com a política , muitos eleitores já declararam que não pretendem comparecer à votação, mesmo sendo obrigatória. O que se sabe é que com direito a votar desde 1932, as mulheres também são a maioria dos eleitores no Brasil.
Aqui elas são a maior parte do eleitorado em 3.386 dos 5.568 municípios onde haverá eleições municipais neste ano. Farão elas uma diferença, inclusive elegendo candidatos que combatem a corrupção e a desigualde econômica, racial e de gênero? Estas são perguntas que só poderão ser respondidas nos dias 15 e 29 de novembro, datas do primeiro e do segundo turno. Até lá, muita água vai rolar por baixo dessas pontes.